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19.7.22

POESIA ÀS TERÇAS - OS ARGONAUTAS - FRANCISCA JÚLIA DA SILVA

 


Os Argonautas

Mar fora, ei-los que vão, cheios de ardor insano;

Os astros e o luar — amigas sentinelas —

Lançam bênçãos de cima às largas caravelas

Que rasgam fortemente a vastidão do oceano.

Ei-los que vão buscar noutras paragens belas

Infindos cabedais de algum tesouro arcano…

E o vento austral que passa, em cóleras, ufano,

Faz palpitar o bojo às retesadas velas.

Novos céus querem ver, miríficas belezas,

Querem também possuir tesouros e riquezas

Como essas naus, que têm galhardetes e mastros…

Ateiam-lhes a febre essas minas supostas…

E, olhos fitos no vácuo, imploram, de mãos postas,

A áurea bênção dos céus e a proteção dos astros…

Francisca Júlia da Silva



Francisca Júlia da Silva nasceu na capital paulistana em 1871 e era conhecida como a “musa impassível”. Além de colaborar como jornalista para diversos veículos da época, publicava poemas e acreditava na necessidade do desenvolvimento da literatura destinada às crianças. João Ribeiro, crítico literário da época, duvidava que seus versos pudessem ser creditados a uma mulher. Quando descobriu a verdadeira autoria, impulsionou a publicação do primeiro livro de Francisca Júlia, Mármores (1895). Seu estilo literário voltava-se para um eu-lírico objetivo, rigoroso e, ao mesmo tempo, simbolista e místico. Victor Brecheret a homenageou após seu falecimento com a estátua Musa Impassível que hoje encontra-se na Pinacoteca de São Paulo.