Por sua vez, João embora tivesse que ir todos os dias à empresa despachar os assuntos mais urgentes, e entrevistar as possíveis amas, também passara com ela grande parte dos dias, e aos poucos foi perdendo o medo que inicialmente tinha de pegar nos filhos, aprendeu a mudar as fraldas, e até a dar o biberão ao terceiro bebé.
Teresa, tinha a sensação de que não fazia mais nada senão dar de mamar. Os bebés mamavam oito vezes ao dia, e a meio de cada mamada tinha que utilizar a bomba para extrair leite, (colostro) naqueles primeiros dias, para o terceiro. Para facilitar a rotina amamentava sempre dois ao mesmo tempo e João ou Sandra, quando o empresário não estava, dava o biberão ao terceiro.
E foi incentivada por Sandra e pelas enfermeiras de serviço a tentar dormir todo o tempo que podia a fim de poder descansar.
Entretanto os bebés, já saíram do hospital registados. Parecia impossível, mas os dois tinham deixado a escolha dos nomes dos bebés para depois do nascimento, pelo que na hora do registo, João lembrara as palavras da médica no momento em que a menina nascera e dissera que ela se devia chamar Vitória, mas Teresa dissera que o nascimento dos três tinha sido uma vitória por igual e que ela tinha pensado em Maria, por ser devota da Virgem e por a Ela ter rogado muita vez para que os meninos nascessem saudáveis e não precisassem ficar na incubadora quando ela tivesse alta.
Quanto aos meninos, o pai gostaria de que um deles se
chamasse David, numa homenagem ao irmão que conhecera há tão pouco tempo e com
quem descobrira uma ligação que nunca julgara possível. Até estava a pensar convidá-lo para padrinho. Por seu lado, a mãe desejava que um
deles tivesse o nome do pai, pelo que acabaram por ser registados João e David como o pai
e o tio. E não era difícil distingui-los, pois apesar de parecidos, não eram
gémeos idênticos, mas fraternos.
Em casa, esperava-os Olga, com a outra ama que João já contratara.
Tal como ele decidira, havia um quarto preparado para as amas, ao lado do
quarto dos bebés e a cama que estivera no quarto de casal, onde dormira a enfermeira Gabriela durante a gravidez de Teresa, fora levada para o quarto deles, onde a enfermeira passaria a dormir. Ela chamaria as amas sempre que precisasse de ajuda para os levar a mamar, para os mudar, ou para os acalmar.
Depois que os bebés foram deitados nas suas caminhas, e
Teresa se encontrava deitada e sozinha no quarto com o marido, este notou que ela
se mostrava apreensiva, pelo que perguntou o que a preocupava.
- Disseste que ficavas aqui, mas levaram a cama para o quarto dos bebés, para a Gabriela. Onde é que tu dormes? – perguntou.
- Contigo. Afinal somos casados há quase cinco meses,
Teresa.
- Mas…
- Sei o que estás a pensar. Mas pensa no seguinte. Nós não
somos um casal normal. Não namorámos, não noivámos, não tivemos qualquer
intimidade, a não ser um ou outro beijo e uma carícia dirigida aos bebés na tua
barriga de grávida.
Não sei se o que sentes por mim, mas posso dizer que desde
o início senti uma grande atração por ti, que o meu primeiro pensamento no dia
em que te conheci, foi de desejo e que ao longo destes quase nove meses essa
atração não só cresceu, como se tornou num sentimento muito mais forte e íntimo
que penso seja aquilo a que chamam de amor.
Assim pensei que pudemos começar a criar laços de
intimidade desde agora, aproveitando o tempo de resguardo da melhor maneira. Alem
disso gostaria de estar contigo sempre que tenhas de amamentar de noite, gostaria de ser eu a dar o biberão a um dos bebés. Mas se
não estás preparada, posso ficar num dos outros quartos. Penso que devia ter-te
dito isto no hospital, mas estavas sempre acompanhada.
- Tens razão João, desculpa a minha timidez, afinal, nunca
dormi com um homem.
- Sou o teu marido, querida. E de momento vou ficar feliz
por partilhar a tua cama. Por ora será
apenas isso, um dia no futuro partilharemos a cama, os sentimentos e tudo o que a vida nos permitir que partilhemos.
- Mas e a Gabriela, e as amas?
- O que é que tem?
- Não vão ficar intimidadas para trazerem os bebés ao quarto, contigo aqui?
- Não te preocupes. Olha, temos aqui um radio transmissor, que nos avisará quando eles acordarem. Então levanto-me, e aguardo levantado que elas venham trazê-los. Não me encontrando deitado, ninguém se vai sentir intimidado.
15 comentários:
O gajo pensa em tudo antecipadamente.
Tudo bem planejado, surpresa pra ela compartilhar a cama...João cheio de boas intenções. A coisa vai, pouco a pouco, rolar! beijos, chica
Foto que me emocionou. Ponto
Cumprimentos
Vejo que o fim se aproxima a passos de gigante, pouco mais falta do que escrever: - e foram felizes para sempre!
João, abra o olho, meu rapaz.
Elvira, se você não tiver o
melhor Natal de sua vida o meu
também não será. Estimo que
tenhamos boas festas, um ótimo
ano novo e que a pandemia não
nos faça seu prisioneiro.
Um beijo, boas festas e até
já.
Três Crianças é muito cansativo cuidar, inicialmente e nem só. Lindo capitulo! :)
~~
Quero sentir que pertenço à liberdade.
-
Beijo e um dia feliz!
Se um filho já dá muito trabalho, o que serão três...?
Só para escolher os nomes já foi uma trabalheira. E para lhes dar de mar...
Será que esta união vai resultar? Veremos o que a escritora nos reserva.
Continuação de boa semana, querida amiga Elvira.
Beijo.
Parece-me que esta história ainda vai dar mais uma voltas...
Grata Elvira pela partilha e pela dedicação
Que cresçam os bebés,
que lhes nasçam os dentes,
que comam pão com côdea
a ver se isto avança,
e vemos marido e lulher
a fazer uma festança...
Um abraço e saudinha da boa, Elvira.
Mais uma vez, li tudo.
Vou ver o que faz a Elvira com o pobre rapaz a levantar-se cada vez que entra uma das amas vem trazer uma criança...
Abraço e saúde. :)
Boa noite Elvira,
Só a Elvira com a sua genial capacidade de descrever momentos e emoções nos poderia oferecer um capitulo lindo como este.
Adorei.
Um beijinho.
Ailime
MARIA, JOÃO, DAVID...
Capítulo de pura emoção.
Beijo.
Ontem não passei por aqui. Estou passando hoje para ver como é que vai indo a moenga de João, Teresa e seus três filhos.
Boa noite amiga Elvira. Um abraço.
Nomes lindos para os bebês e ele, sempre, muito paciente e com boas intenções.
Abraços carinhosos!
A escolha dos nomes é sempre um desafio, o mesmo se pode dizer da vida de um casal, para mais um que tem tudo por explorar.
Vamos ver o próximo texto.
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