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17.12.20

A LENDA DO MADEIRO DE NATAL

 




Os Madeiros, ou fogueiras do natal, fazem parte das tradições natalícias de algumas aldeias de Portugal, sobretudo da região das Beiras e consistem em grandes fogueiras que se acendem no centro da aldeia, na praça principal ou no adro da igreja na véspera de Natal.
 
Curiosamente a sua origem é pagã, ligada às celebrações celtiberas do Solstício de Inverno, em que se acendiam enormes fogueiras ao ar livre durante o mês de Dezembro. Este foi um dos poucos costumes pagãos que a igreja católica não conseguiu extinguir, optando, ao invés, assimilar o costume, passando a ideia de que são fogueiras para “aquecer o menino Jesus” e unir as pessoas para as celebrações natalícias.
 
A tradição do Madeiro começa logo com a recolha da lenha. Esta é feita pelos homens que a devem ir cortar às serras e bosques, durante a noite, algures durante o início de Dezembro. No dia seguinte, usa-se um carro de bois a que a tradição manda que seja roubado (embora, claro, se faz com o conhecimento do dono), para ir recolher a lenha cortada à serra. Antes do carro dos bois ser carregado com a lenha é decorado com flores e rama da época pelas mulheres. Depois de carregada a madeira é a população conjunta que puxa o carro até ao centro da aldeia.

 No dia 24, ao final da tarde, a população volta a juntar-se para acender “O Madeiro” e na noite de Natal, depois da Missa do Galo, os habitantes da aldeia reúnem-se à volta da fogueira para cantar cânticos de natal e festejar. Em muitas aldeias, estas fogueiras são mantidas acesas ininterruptamente até ao Dia de Reis. Sobre as fogueiras do Natal conta-se na região das Beiras uma lenda que procura integrar este costume com a história da Natividade. 

Eis a lenda: 

Naquela noite de 24 dezembro alguns pastores da região de Belém dirigiam-se para casa, depois de um dia passado a apascentar o gado, quando o anjo da anunciação lhes apareceu. Os pastores quando viram o anjo assustaram-se. O anjo, porém, disse-lhes: — Não se assustem, pois eu trago-vos Boas Novas, que são de grande alegria. Hoje na cidade de David nasceu o Messias. Para que o reconheçam procurem por uma criança envolta em panos e deitada numa manjedoura. 

O Anjo queria dizer que o menino Jesus encontrava-se num estábulo e os pastores, compreendendo as suas palavras, partiram à procura de um estábulo, por toda a povoação de Belém onde estivesse uma criança recém-nascida. Encontrado o sítio os pastores reconheceram estarem perante o Messias e Rei do povo judeu, pelo que se ajoelham em devoção. Depois ficaram muito admirados com a pobreza do local e as simples vestes do menino, insuficientes para o proteger do frio. 

Perante isto trataram logo de arranjar maneira de resolver a situação, indo procurar galhos e acendendo uma fogueira à frente do humilde estábulo para iluminar o local e aquecer o menino Jesus. De seguida foram espalhar a notícia do nascimento de Cristo pelas povoações vizinhas, estabelecendo postos de vigília e de sinalização com fogueiras para indicar o caminho e para aquecer todos os peregrinos que quisessem ir visitar o menino Jesus. Assim nasceram as fogueiras de Natal.

da tradição oral portuguesa, no livro "Contos de Natal Portugueses" da Luso-livros

15 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

Toda a tradição
me entra no coração
embora meu coração
não fique preso à tradição

Pedro Coimbra disse...

Esta lenda conhecia dos tempos do Colégio de Jesuítas.

chica disse...

Linda lenda!Gosto de ler! beijos, chica

Roselia Bezerra disse...

Olá, querida amiga Elvira!
Não me lembro de ter lido o conto do qual gostei muito.
Gosto de lendas e do sentido que elas têm.
Além do mais, o madeiro do estábulo e o da cruz tem esteira relação.
Tenha dias abençoados!
Bjm carinhoso e fraterno

Ailime disse...

Bom dia Elvira,
Uma tradição muito bonita que se tem mantido ao longo dos anos.
Um beijinho,
Ailime

Teresa Isabel Silva disse...

Já tinha ouvido falar desta história mas com algumas alterações...

Bjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram | Youtube

Manu disse...

Ainda hoje, em aldeias mais remotas se acende a fogueira.

Gostei da lenda!

Abraço Elvira

Jaime Portela disse...

Uma tradição quase em desuso, mas que ainda persiste nalgumas aldeias.
Continuação de boa semana, querida amiga Elvira.
E Feliz Natal, extensivo à família.
Beijo.

" R y k @ r d o " disse...

Sendo uma lenda muito antiga será que neste Natal de Pandemia e ausências familiares, vão as lareiras de rua, acontecer?
.
Cumprimentos

Cidália Ferreira disse...

É uma tristeza tudo mudar! :/
**
Se, o outro lado for a distância que nos separa
*
Beijo e um excelente dia

Os olhares da Gracinha! disse...

A lenda é linda!
Na nossa aldeia, os jovens mantêm a tradição! Bj

Fatyly disse...

Desconhecia e como adoro lendas ficará na minha memória.

Beijos

teresadias disse...

Lamentavelmente, este ano não arderá o Madeiro nas aldeias portuguesas.
Gostei muito de ler.
Beijo

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Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Amei conhecer esta linda tradição do seu país!
Abraços fraternos!