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12.12.20

CILADAS DA VIDA - PARTE LXXIII

 


O mês de Setembro aproximava-se do fim, os bebés tinham feito sete meses há dias, estavam grandes e tão desenvolvidos que ninguém diria terem sido prematuros. Os três já se sentavam sozinhos, e interagiam tanto com os pais como com as enfermeiras e as amas.

Aproveitando o bom tempo de Verão, iam todos os dias à rua. Umas vezes com a mãe,  Sandra e uma das amas, outras com as amas e a enfermeira. E até já tinham ido alguns dias à praia, nessas alturas também com o pai, que procurava passar o máximo de tempo em casa com eles, mas que muitas vezes tinha que descer porque os negócios não se compadeciam com o abandono, e ele tinha muitos empregados, gente que dependia daquele emprego para viver.

Quando os bebés tinham cinco meses e meio, Teresa começou o desmame, sempre orientada pelas enfermeiras que continuavam lá em casa. Sandra de dia,  Rosa aos fins de semana, e Gabriela de noite. Reduzindo uma mamada de cada vez a cada quatro dias dias e tirando leite apenas três vezes por dia, compensando com o leite congelado anteriormente, de forma a que o corpo se fosse habituando a produzir consoante as novas necessidades, e evitando assim possíveis complicações como ingurgitamento, obstrução dos ductos, ou mesmo uma mastite. O processo durara quarenta e cinco dias, mas finalmente terminara na totalidade sem problemas de maior.

Pouco depois dos bebés completarem seis meses, marcara uma consulta com a doutora Laura, e conversara com ela sobre a sua vida sexual que ainda não iniciara, apesar de estar agora cada dia mais recetiva às carícias do marido. Contou-lhe que João não sabia se ainda podia ou não ser pai, devido ao tal tratamento agressivo que o fizera recorrer à clínica de PMA para guardar o seu sémen e pediu aconselhamento sobre contracetivos.

A médica disse-lhe que se estivesse no lugar dela, poria um dispositivo intrauterino, (DIU) Ela não poderia engravidar nos próximos anos e embora a eficácia da pílula fosse praticamente total, sempre podia ver o seu efeito anulado com alguns medicamentos. O DIU seria ideal, pelo que depois de um exame, ela mesma lho poderia implantar.

E fora o que acontecera.

Mas ainda não houvera uma noite de amor entre eles, apesar das carícias serem cada dia mais prazerosas, em parte porque João lhe queria proporcionar uma noite especial, fora do ambiente da casa, com as crianças amas e enfermeira.

Naquela Sexta feira, fazia um ano que após a consulta das doze semanas, os dois tinham decidido casar. João pensou que Tinha chegado a hora de iniciarem a vida conjugal, antes que ele perdesse de vez o controlo e acabasse por se esquecer da mini lua de mel que lhe queria proporcionar.

Assim falou com o irmão, que imediatamente se prontificou a falar com a mulher e a  irem ficar na sua casa a partir dessa noite e até domingo à tarde, de modo a que o casal pudesse ter um fim de semana só para eles.  Depois disso telefonou para um hotel nos arredores e marcou uma suite para recém casados,  para essa mesma noite. Marcou uma mesa para jantar num dos melhores restaurantes da cidade e foi a uma ourivesaria onde comprou um fio de ouro com um rubi em forma de coração. Só então voltou para casa.

Teresa esperava que a levasse a jantar fora nesse dia, porque na véspera tinham falado na data, mas não esperava que o marido chegasse a casa e lhe pedisse que colocasse numa mala, roupas para os dois dias que iam passar fora.

-Mas e os bebés? – perguntou.

- Não te preocupes. O David e a Helena estão a chegar, vão ficar aqui até ao nosso regresso. E as amas. E a enfermeira Gabriela de noite e a enfermeira Rosa no fim de semana. Vão estar bem cuidados e nós vamos ter um tempo só nosso. Como se tivéssemos acabado de casar agora. E se a saudade apertar, fazemos uma vídeo chamada. Vou tomar um duche. Mas antes quero dar-te uma coisa. 

Meteu a mão no bolso e entregou-lhe a caixinha que ela abriu com mãos trémulas.

- Meu Deus é tão lindo! – exclamou

- A medalha, - explicou João enquanto lho punha no pescoço– simboliza o meu coração, que é teu há muito tempo. Então, porque choras? - perguntou apertando-a contra o seu peito.

- Choro porque estou feliz, não te preocupes. Anda, vai lá tomar o teu duche, enquanto faço a mala.

 

 

10 comentários:

teresadias disse...

A vida continua e NADA escapa a uma atenta cronista.
Venha o DIU, pois três pimpolhos basta. Digo eu!
E venha o próximo capítulo repleto de pormenores, tá?!
Beijo Elvira, cronista de mão cheia.
Bom fim-de-semana... em casa.

chica disse...

Que delicia ler e ver cada detalhe da bem tramada história! E vamos seguindo,gostando! beijos, lindo fds! chica

Edum@nes disse...

Há quem chore por ser infeliz. Teresa chora porque está feliz.

Bom fim de semana, com saúde, amiga Elvira. Um abraço.

Isa Sá disse...

A passar para acompanhar a história.

Tintinaine disse...

Hoje de manhã, escapou-me esta leitura por não estar habituado a vê-la aparecer. Tenho uma rotina muita certinha, começo com a bolsa, passo para as notícias e os jornais, depois os blogs e, por fim, o Facebook. Às vezes metem-se outras coisas pelo meio e perco-me, hoje foi um desses dias.
Mas está tudo a correr dentro dos planos do João, por isso não há que afligir. E acho muito bem que ele tenha optado pelo DIU, pois outros 3 gémeos seria o fim da macacada!!!!
Bom domingo (que já aí vem)!!!

aluap disse...

Que seja um bom fim de semana para o casal e para todos nós.
Um abraço.

Cidália Ferreira disse...

Está com um rumo muito bonito!! :))
--
Nos labirintos da minha alma.
-
Beijo e um excelente fim de semana.

Janita disse...

Ai, ai, o Amor é lindo!
Finalmente, sós!

Abraço e bom Domingo, Elvira.

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
Um episódio magnífico e muito bem detalhado.
Tudo se conjuga para que o casal possa finalmente desfrutar do casamento.
Beijinhos e bom fim de semana.
Ailime

João Santana Pinto disse...

Este romance está a oferecer as suas últimas páginas. Tem sido alvo de inúmeras emoções fortes e muitos desafios por ultrapassar,

vidas aparentemente destinadas as não conhecer o amor, o milagre do nascimento, família que se desconhecia ter, um amor em construção, uma família de casa cheia.