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10.12.20

CILADAS DA VIDA - PARTE LXXI




Cinco dias depois, Teresa e os bebés deixavam o hospital, acompanhados pelo pai, que amparava a esposa e carregava um dos bebés no ovo, seguidos  pela enfermeira Sandra, que passara os dias anteriores, sempre junto de Teresa no quarto da maternidade hospitalar e por uma ama, cada uma carregando um ovo com um bebé .

 Por sua vez, João  embora tivesse que ir todos os dias à empresa despachar os assuntos mais urgentes, e entrevistar as possíveis amas, também passara com ela grande parte dos dias, e aos poucos foi perdendo o medo que inicialmente tinha de pegar nos filhos, aprendeu a mudar as fraldas, e até a dar o biberão ao terceiro bebé.

Teresa, tinha a sensação de que não fazia mais nada senão dar de mamar. Os bebés mamavam oito vezes ao dia, e a meio de cada mamada tinha que utilizar a bomba para extrair leite, (colostro) naqueles primeiros dias, para o terceiro. Para facilitar a rotina amamentava sempre dois ao mesmo tempo e João ou Sandra, quando o empresário não estava, dava o biberão ao terceiro.

E foi incentivada por Sandra e pelas enfermeiras de serviço a tentar dormir todo o tempo que podia a fim de poder descansar.

Entretanto os bebés, já saíram do hospital registados. Parecia impossível, mas os dois tinham deixado a escolha dos nomes dos bebés para depois do nascimento, pelo que na hora do registo, João lembrara as palavras da médica no momento em que a menina nascera e dissera que ela se devia chamar Vitória, mas Teresa dissera que o nascimento dos três tinha sido uma vitória por igual e que ela tinha pensado em Maria, por ser devota da Virgem e por a Ela ter rogado muita vez para que os meninos nascessem saudáveis e não precisassem ficar na incubadora quando ela tivesse alta.

Quanto aos meninos, o pai gostaria de que um deles se chamasse David, numa homenagem ao irmão que conhecera há tão pouco tempo e com quem descobrira uma ligação que nunca julgara possível. Até estava a pensar convidá-lo para padrinho. Por seu lado, a mãe desejava que um deles tivesse o nome do pai, pelo que acabaram por ser registados João e David como o pai e o tio. E não era difícil distingui-los, pois apesar de parecidos, não eram gémeos idênticos, mas fraternos.

Em casa, esperava-os Olga, com a outra ama que João já contratara. Tal como ele decidira, havia um quarto preparado para as amas, ao lado do quarto dos bebés e a cama que estivera no quarto de casal, onde dormira a enfermeira Gabriela durante a gravidez  de Teresa, fora levada para o quarto deles, onde a enfermeira passaria a dormir.  Ela chamaria as amas sempre que precisasse de ajuda para os levar a mamar, para os mudar, ou para os acalmar.

Depois que os bebés foram deitados nas suas caminhas, e Teresa se encontrava deitada e sozinha no quarto com o marido, este notou que ela se mostrava apreensiva, pelo que perguntou o que a preocupava.

- Disseste que ficavas aqui, mas levaram a cama para o quarto dos bebés, para a Gabriela. Onde é que tu dormes? – perguntou.

- Contigo. Afinal somos casados há quase cinco meses, Teresa.

- Mas…

- Sei o que estás a pensar. Mas pensa no seguinte. Nós não somos um casal normal. Não namorámos, não noivámos, não tivemos qualquer intimidade, a não ser um ou outro beijo e uma carícia dirigida aos bebés na tua barriga de grávida. 

Não sei se o que sentes por mim, mas posso dizer que desde o início senti uma grande atração por ti, que o meu primeiro pensamento no dia em que te conheci, foi de desejo e que ao longo destes quase nove meses essa atração não só cresceu, como se tornou num sentimento muito mais forte e íntimo que penso seja  aquilo a que chamam de amor.

Assim pensei que pudemos começar a criar laços de intimidade desde agora, aproveitando o tempo de resguardo da melhor maneira. Alem disso gostaria de estar contigo sempre que tenhas de amamentar de noite, gostaria de ser eu a dar o biberão a um dos bebés. Mas se não estás preparada, posso ficar num dos outros quartos. Penso que devia ter-te dito isto no hospital, mas estavas sempre acompanhada.

- Tens razão João, desculpa a minha timidez, afinal, nunca dormi com um homem.

- Sou o teu marido, querida. E de momento vou ficar feliz por partilhar a tua cama.  Por ora será apenas isso, um dia no futuro partilharemos a cama, os sentimentos e tudo o que a vida nos permitir que partilhemos.

- Mas e a Gabriela, e as amas?

- O que é que tem?

- Não vão ficar intimidadas para trazerem os bebés ao quarto, contigo aqui?

- Não te preocupes. Olha, temos aqui um radio transmissor, que nos avisará quando eles acordarem. Então levanto-me, e aguardo levantado que elas venham trazê-los. Não me encontrando deitado, ninguém se vai sentir intimidado.




15 comentários:

Pedro Coimbra disse...

O gajo pensa em tudo antecipadamente.

chica disse...

Tudo bem planejado, surpresa pra ela compartilhar a cama...João cheio de boas intenções. A coisa vai, pouco a pouco, rolar! beijos, chica

" R y k @ r d o " disse...

Foto que me emocionou. Ponto

Cumprimentos

Tintinaine disse...

Vejo que o fim se aproxima a passos de gigante, pouco mais falta do que escrever: - e foram felizes para sempre!

silvioafonso disse...

João, abra o olho, meu rapaz.
Elvira, se você não tiver o
melhor Natal de sua vida o meu
também não será. Estimo que
tenhamos boas festas, um ótimo
ano novo e que a pandemia não
nos faça seu prisioneiro.
Um beijo, boas festas e até
já.

Cidália Ferreira disse...

Três Crianças é muito cansativo cuidar, inicialmente e nem só. Lindo capitulo! :)
~~
Quero sentir que pertenço à liberdade.
-
Beijo e um dia feliz!

Jaime Portela disse...

Se um filho já dá muito trabalho, o que serão três...?
Só para escolher os nomes já foi uma trabalheira. E para lhes dar de mar...
Será que esta união vai resultar? Veremos o que a escritora nos reserva.
Continuação de boa semana, querida amiga Elvira.
Beijo.

Isabel disse...

Parece-me que esta história ainda vai dar mais uma voltas...
Grata Elvira pela partilha e pela dedicação

Janita disse...

Que cresçam os bebés,
que lhes nasçam os dentes,
que comam pão com côdea
a ver se isto avança,
e vemos marido e lulher
a fazer uma festança...

Um abraço e saudinha da boa, Elvira.

Alexandra disse...

Mais uma vez, li tudo.

Vou ver o que faz a Elvira com o pobre rapaz a levantar-se cada vez que entra uma das amas vem trazer uma criança...

Abraço e saúde. :)

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
Só a Elvira com a sua genial capacidade de descrever momentos e emoções nos poderia oferecer um capitulo lindo como este.
Adorei.
Um beijinho.
Ailime

teresadias disse...

MARIA, JOÃO, DAVID...
Capítulo de pura emoção.
Beijo.

Edum@nes disse...

Ontem não passei por aqui. Estou passando hoje para ver como é que vai indo a moenga de João, Teresa e seus três filhos.

Boa noite amiga Elvira. Um abraço.

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Nomes lindos para os bebês e ele, sempre, muito paciente e com boas intenções.
Abraços carinhosos!

João Santana Pinto disse...

A escolha dos nomes é sempre um desafio, o mesmo se pode dizer da vida de um casal, para mais um que tem tudo por explorar.

Vamos ver o próximo texto.