A caminho de casa, Isabel interrogava-se. Que raio se passava com ela? Seria o aproximar dos quarenta anos? Um problema hormonal?
Entrou no prédio e dirigiu-se ao elevador
- Boa tarde menina, - saudou a porteira que se dirigia para a porta da rua com um balde e uma esfregona.
- Boa tarde dona Rosa. Desculpe não a tinha visto. E dizendo isto abriu a porta do elevador.
- Não faz mal menina. Tenha cuidado ao sair do elevador, o chão pode não estar seco ainda.
- Terei cuidado. Até logo e obrigada pelo aviso
- Até logo menina. Vá com Deus.
A conversa com a porteira tivera o condão de a desviar dos seus pensamentos e sentia-se agora mais calma.
Quando dez anos antes, ela fora morar para aquele prédio, já a dona Rosa lá estava. Era uma mulher sozinha. O marido morrera há anos e o único filho que tivera emigrara para França. Queria fugir dum futuro sem esperanças. Lá casou e lá foi pai por duas vezes. A princípio vinha sempre a Portugal, todos os anos em Agosto. Depois os filhos começaram a crescer, foram para a escola, arranjaram amigos e foram-se desinteressando das férias em Portugal. Afinal lá é que era a sua terra e lá estava o seu futuro. Se a nora fosse portuguesa, decerto faria pressão para vir ver a família. Mas não era. Aos poucos as visitas foram rareando. A última vez que viu o filho e os netos foi no funeral do marido. Nessa altura o filho insistiu em levá-la, tinha lá boa vida, boa casa que comprara há poucos meses, e até tinha um quartinho para a mãe. Mas ela não quis. Costumava dizer “Vivi aqui toda a vida, quero morrer aqui". E depois eles têm lá a sua vida, os seus costumes e eu ia para lá servir de estorvo. São outras terras, outras modas."E burro velho não aprende línguas". "Aqui, tenho a sorte de ter este trabalho, tenho a casa, não pago renda, os inquilinos são como amigos, tratam-me com carinho que mais hei-de querer?”
Um dia Isabel perguntou-lhe: - Mas não tem saudades deles?
-Ai menina, se tenho. É uma mágoa sem tamanho. Mas sabe a minha avó sempre dizia. Quando casamos uma filha, ganhamos um filho, quando casamos um filho perde-mo-lo.
- Nem sempre dona Rosa, nem sempre.
- Claro, menina há excepções. Mas do mesmo modo que uma filha puxa o marido para nós, a nora também puxa o marido para a família dela. É a ordem natural das coisas, não há como fugir dela.
Isabel tinha um carinho especial pela porteira. Talvez fosse a solidão das duas que as aproximava, ou porque de certo modo a senhora lhe fazia lembrar da sua falecida mãe.
Tomou um duche rápido, envolveu-se num roupão de seda e dirigiu-se à cozinha.
Na dispensa havia sempre uma lata de milho. Decidida fez uma salada de frango.
15 comentários:
UI, mas os dois moram no mesmo prédio? ai destino, ai destino eheheheh
Boa noite, Elvira
Este jantar tem sobremesa???
A passar por cá para acompanhar a história e desejar um ótimo feriado!
Isabel Sá
Brilhos da Moda
Aí está o tipo de jantar que também me calha na rifa, de vez em quando, e que odeio do fundo do coração. Mas nem vale a pena reclamar, pois seria mais uma razão para chatices.
Bom feriado!!!
:) Aqui, o destino tem um nome; Elvira Carvalho.
Parece que o destino acaba de aproximar os dois protagonistas desta história :)
Forte abraço, amiga!
Olá minha querida Elvira
Cada vezmais intrigante esta narrativa
Viva Portugal!
E vamos nós acompanhando ,gostanto e esperando! beijos, chica, ótimo dia!
Bom dia:- Está a ficar uma Estória muito interessante de acompanhar
.
Um dia (feriado ou não) feliz
Cumprimentos
Acompanhando....
desejosa de ler mais :(
bom feriado!
beijinhos
:)
Boa tarde Elvira,
Um bom diálogo entre as duas e "cheira-me" que daqui vai nascer qualquer coisa. Talvez Isabel ainda venha ser neta da porteira amiga.
Um beijinho e bom feriado, com saúde.
Ailime
Desejo que tenhas um bom dia da RAÇA e que esta capacidade tua tão criativa não esmoreça jamais.
Beijinhos nossos.
O destino a orientar a história!!!
Bj
Neste epísódio de hoje nada de surpresas. Mas acredito que Isabel irá ter uma agradável surpresa não tarda muito!
Tenha, amiga Elvira, um bom dia de Camões, de portugal e das comunidades portuguesas. Um abraço.
Muito bom! Como este mundo é pequenino!! :)
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Deambulando na frescura das manhãs...
Beijos e uma excelente noite! :)
Acompanhando mais um capítulo legal!
Beijos!
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