O homem não respondeu. Pegou nas chaves, dirigiu-se para a porta, abriu-a e colocou-se de lado para ela entrar. Depois fez o mesmo e fechou a porta atrás de si. Então a sua mão agarrou-lhe o braço como se fosse uma tenaz, ao mesmo tempo que dizia com voz rude.
- Vamos lá, mocinha, vai levar-me para a sala, que precisamos ter uma conversa séria.
Qualquer coisa na voz dele, levou-a a obedecer, encaminhando-se para a sala. Aí chegados, ele empurrou-a sem muita delicadeza para o sofá, onde ela se deixou cair, pálida de medo e raiva. A tensão entre os dois era enorme.
Então ele rompeu o silêncio.
-Não sei como era o teu casamento, - disse tuteando-a – todavia a julgar pelo teu marido e pelo vício que o dominava, não devia ser muito feliz. Eu chamo-me André Ferreira Angeloni. Meio português, meio italiano, tenho trinta e três anos, e sou jogador profissional. Acredites ou não, nunca nos dez anos que percorro os casinos, em todo o mundo, tinha encontrado um indivíduo tão agarrado ao vício quanto o teu marido. Naquele dia ele tinha gasto todo o seu dinheiro, mas queria a todo o custo continuar a jogar. A banca não lhe cedeu mais fichas, provavelmente conheciam-no e sabiam que ele não poderia pagar. Então ele começou a percorrer as mesas abordando os jogadores, oferecendo-lhes a casa em troca de quem lhe desse meios para continuar a jogar. Eu estou cá há pouco tempo. Não conhecia o teu marido, mas não sei que diabo me passou pela cabeça, que me prontifiquei a trocar o que me oferecia pelo que desejava. Uma avultada quantia que ele trocou por fichas, para continuar a jogar. E claro, voltou a perder. E antes que fiques a pensar, em coisas escusas, eu nunca joguei com ele. No dia seguinte, ele não foi ao casino e dois dias depois, ouvi comentários sobre o seu suicídio. Nem sequer sabia que ele tinha feito um testamento a meu favor, nem que tinha incluído a cláusula de teres que viver comigo seis meses. Ainda não entendo porque o fez. Só o soube hoje no advogado.
A única coisa que tenho comigo, é o documento da dívida e a oferta da sua residência, e de todo o seu conteúdo, como penhora dela.
A única coisa que tenho comigo, é o documento da dívida e a oferta da sua residência, e de todo o seu conteúdo, como penhora dela.
Meteu a mão no bolso e tirou o documento, que lhe jogou para o regaço.
-Aí está. Podes verificar a data e as assinaturas. Dirás que a casa vale muito mais. De acordo. Mas de qualquer modo, depois do testamento que o teu marido fez, isso já não conta. Ele o fez, de livre e espontânea vontade, e em pleno uso das suas faculdades.
Além de jogador, eu sou um cidadão do mundo, cheguei há pouco tempo a Portugal, não sei quanto tempo vou ficar. Estou num hotel. Suponho que esta casa terá um quarto de hóspedes. Vou deixar-te só para que leias a carta do teu marido e prepares um quarto. Amanhã ao fim do dia, trago as minhas coisas. Não precisas ter medo de mim, não te digo que pudemos ser amigos, porque não creio que o desejes, mas posso garantir que não te farei qualquer mal. Juro.
Além de jogador, eu sou um cidadão do mundo, cheguei há pouco tempo a Portugal, não sei quanto tempo vou ficar. Estou num hotel. Suponho que esta casa terá um quarto de hóspedes. Vou deixar-te só para que leias a carta do teu marido e prepares um quarto. Amanhã ao fim do dia, trago as minhas coisas. Não precisas ter medo de mim, não te digo que pudemos ser amigos, porque não creio que o desejes, mas posso garantir que não te farei qualquer mal. Juro.
16 comentários:
Boa noite Elvira,
Grande momento de tensão.
Vamos ver como se desenrolarão os próximos capítulos.
Um beijinho,
Ailime
O jogo às vezes dá bons resultados :)))
Caramba! Não me arrependo nada de sempre ter sentido esta espécie de repulsa instintiva por todos os jogos de sorte. Todos!
Abraço, Elvira.
Está a ficar interessante.
Um abraço e boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
História que faz pulsar! Instigante! bjs, lindo dia! chica
Arranjes um quarto? Mas é que nem morta. Empregada dele, ou quê?
Hummm, mau maria...
Bom dia, Elvira
A passar por cá para acompanhar a história!
Isabel Sá
Brilhos da Moda
Bom dia:- Por vezes ainda existe quem faça da dureza um ato de nobreza. Decerto que vão acabar por se apaixonar. É tão certo como 2 + 2 serem quatro.
.
Cumprimentos poéticos
.
^^^Minha Velhinha Mãe ^^^
Porra, lá para o bruto...ainda por cima jogador profissional...!!
A cláusula de viver com o meio italiano carcamano, era de partilhar a casa, não de lhe fazer a cama...quem lhe fazia a cama era eu..eheheheh
Às tantas, foi para poupar o meu coração destas violências, que não li esta história, Elvira!! :)
Abraço e veja lá não me mate do coração.
Acho que perdi alguns detalhes... Vou ver se me faltou algum capítulo!
Bjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram | Youtube
Achei muito interessante atualmente esta sua postagens. Parabéns!
Escolha um numero de 1 a 10
O jogo continua. Só no fim se será o resultado, se positivo ou negativo. Continuo a acompanhar.
Tenha uma boa noite amiga Elvira. Um abraço.
O que o jogo faz! Está complicado! :)
-
Transparências ...
-
Beijo e uma excelente noite!
Complicado mesmo... Bj
Cada vez mais interessante esta história!
Beijos carinhosos!
Um momento de texto provocador, no sentido que a ideia dele a mandar preparar um quarto, seria previsível ouvir "vozes" nos comentários… eu gosto muito deste tipo de provocações nos textos, o de fazer o leitor sentir algo, mesmo que seja de desagrado, até porque a vida é tudo isso...
Enviar um comentário