Depois do lanche, percorreram o centro, admiraram a fachada do Palácio Nacional de Sintra, e a paisagem envolvente, de onde se destacava no cimo da serra, o Palácio da Pena e o Castelo dos Mouros.
Já ao findar do dia, encaminharam-se para o carro.
Já ao findar do dia, encaminharam-se para o carro.
Como a jovem continuava calada, Miguel disse:
- Estás muito calada hoje. Que se passa? Estás zangada?
Foi como quem ateia fogo ao rastilho. A ira, a deceção, a dor da rejeição, explodiram-lhe no peito fazendo-a levantar a voz
- O que se passa, Miguel? És tu que me perguntas, o que se passa? Tu a quem ontem, confessei o meu amor, abrindo-te o meu coração? Tu que fizeste com que me sentisse a mulher mais reles do mundo, quando me rejeitaste?
Ele sentiu como se lhe tivessem dado um murro no estômago. Doía-lhe profundamente a mágoa dela. Sentindo-se penalizado, respondeu sincero.
- Não te rejeitei. Sabe Deus como queria aceitar a generosa dádiva do teu amor. Mas não é possível. Não posso, - murmurou com amargura.
- Porquê Miguel? Porque não podes? O que te impede? Não me amas? Tens alguém? É isso?
- Não. Não, tenho ninguém.
- Então, não te entendo. Que pode impedir-nos de ser felizes?
Ele parou. Pôs-lhe as mãos nos ombros, obrigando-a a olhar para ele.
- Olha para mim. Olha com atenção. Vês as rugas à volta dos meus olhos? Os fios brancos no meu cabelo? Tenho quase quarenta e sete anos. Tens vinte anos, Mariana. Vinte. Podias ser minha filha…
- Mas não sou! E a diferença de idade não me interessa. O que me importa é o teu amor.
- Hoje, talvez não. Mas, serás capaz de dizer o mesmo daqui a vinte anos, quando estiveres na plenitude da vida, e eu na curva descendente? - Perguntou com amargura.
Tinham entrado no carro, mas continuavam no mesmo sítio.
-Ó Miguel! Quanto sofrimento! – Levantou a mão, e acariciou a face masculina - A vida é para ser vivida, hoje, neste momento. Daqui a vinte anos, até posso já ter morrido. Aliás, neste mesmo momento, eu podia já ter morrido. No acidente de carro ou naquele dia na falésia. Ninguém sabe o que será o dia de amanhã. É o presente que interessa. Repara na palavra. Presente. É o hoje que temos para viver como uma dádiva divina, um presente da vida. Vamos vivê-lo e ser feliz. Por favor Miguel. Não nos condenes ao sofrimento.
-Não posso, Mariana. Nem sabes, quanto o desejo. Mas não posso! Conheço-me bem. Se hoje nos amassemos, eu não suportaria perder-te depois.
Amargurado, pôs o carro a trabalhar e arrancou velozmente.
Amargurado, pôs o carro a trabalhar e arrancou velozmente.
13 comentários:
Depois, as mulheres é que são complicadas :)
Boa noite
Boa noite, querida amiga Elvira!
Ele agiu pela razão somente... não sei se está certo. Eu, seria como a moça, claro! Não sei se estaria viva daqui a 20 anos...
O amo precisa ser amado no presente... se é amor...
Tenha dias felizes e abençoados!
Bjm fraterno e carinhoso de paz e bem
Muito inseguro para o meu gosto.
Abraço
Bom dia
Depois de umas horas de relaxamento , voltou a insegurança nomeadamente da parte do Miguel .
Mas o filme ainda não acabou !!
JAFR
A passar por cá para acompanhar a história!
Isabel Sá
Brilhos da Moda
ETA!!!... que está difícil!!!bj
Vamos lá a ver como é que acaba este "conflito" com a idade.
Continuação de uma boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Bom dia Elvira,
Grande Mariana. Será que Miguel vai ceder?
Ela está cheia de razão.
Beijinhos e ótimo dia.
Ailime
Ele não confia no seu taco... Ela está certa! Muito legal o modo como nos envolves! beijos, chica
Que complicação. O amor deles é grande. Dou-lhe alguma razão ao Miguel:))
Hoje... O teu sussurro.
Bjos
Votos de uma óptima Quinta-Feira
As inseguranças desestabilizam tudo! Creio que mudará de ideias, o Miguel.
Intempéries
Beijos e um excelente dia!
E agora Elvira aqui estão os seus leitores a pensar porque não vivem o presente e enquanto durar usufruam do Amor que sentem um pelo outro ( digo eu )
eijinhos
Ela tem razão e sabe-o!
Bjxxx
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