Miguel não conseguia desviar os olhos da jovem. Desde o primeiro dia, sempre a achara muito bonita, mas também sempre a vira como uma adolescente. Nunca assim, tão bela, tão feminina, tão mulher.
Depois do jantar, Mariana tomou a iniciativa. Escolheu um CD de música romântica, e quando se ouviram os primeiros acordes, estendeu-lhe a mão dizendo:
-Vem, apetece-me dançar.
Ele enlaçou-a, e ela passou os braços à volta do pescoço masculino, fechou os olhos e deixou-se levar. Dançaram largo tempo, em silêncio, embalados mais pelas emoções, do que pela música, cada um sentindo no seu, o desejo pelo corpo do outro. Para ela, que cedo descobrira o seu amor por Miguel, e o fora alimentando de sonhos para o futuro, a noite era a concretização de um desses sonhos. Para ele que começou por ter pena da jovem, que se foi afeiçoando a ela, sempre olhando-a como uma miúda, que se sentira um pouco pai da jovem, confundindo sentimentos, o que estava sentindo agora, era como um pesadelo, não fazia sentido, era uma aberração e um sacrilégio. Por isso, quando sentiu os dedos femininos na sua nuca, movendo-se numa suave carícia, empurrou-a com firmeza.
-Basta! Já chega!
Passou a mão pela testa, e deixou-se cair no sofá.
Ela não desistiu. Sentou-se no braço do sofá, e inclinou-se para ele.
Porquê Miguel? Não gostas de dançar? – Perguntou baixinho, provocando, com aparente ingenuidade.
O perfume dela, envolvia-o, inebriava-o. Tinha vontade de abraçá-la e beijá-la até à exaustão.
Em vez disso cerrou os punhos, apelando a toda a sua força interior.
- Não brinques, comigo.
- Não estou a brincar, Miguel. Não percebes que te amo? Que estar nos teus braços me faz a mulher mais feliz da terra?
Levantou-se de um salto, todos os músculos retraídos.
- Não sabes o que dizes. Não devias ter bebido…
Levantando-se, aproximou-se dele:
-Não é o álcool que me dá a volta à cabeça. São os teus olhos, a tua presença, o teu cheiro. Tu é que me dás a volta à cabeça, me inebrias e me pões tonta. Porque resistes?
Miguel travava uma dura batalha consigo mesmo. Por um lado, as palavras de Mariana, soavam aos seus ouvidos como um canto de sereia, e iam ao encontro dos seus instintos masculinos. E se o desejo de se deixar ir, de a apertar nos seus braços e mostrar-lhe como ele era capaz de amar, era grande, por outro lado, o seu código de honra, o facto de saber que ela não tinha mais ninguém no mundo, e a promessa que a si mesmo fizera de a proteger impediam-no de tomar outra atitude que não fosse a rejeição.
Esforçando-se por se controlar, disse com voz rouca:
- É muito tarde.Vai dormir. Amanhã conversamos.
E voltando-lhe as costas, encerrou-se no quarto.
Recordo que amanhã não haverá esta história.
10 comentários:
Pois é Elvira...tenho de ler os episódios anteriores mas gosto do momento vivido!
Bj
Pode sempre, publicar a de amanhã hoje ehehehehehe
Boa noite
À figura feminina,
Miguel não resiste
aquela linda menina
que no mundo existe!
Tenha uma boa noite de Domingo amiga Elvira.
Um abraço.
As coisas começam a aquecer! Estou a gostar muito da estória! :)
Beijos- Boa noite
Bah! Que situação para os dois! Ela louca de amor e ele tendo medo de se entregar! bjs, chica
Bom dia
Um final de capitulo que nos deixa ainda mais ansiosos.
JAFR
O Amor não escolhe idades.....
Eu acredito que vão ficar juntinhos :))
Beijinhos
Boa noite Elvira,
Não sei o que aconteceu que não tinha lido este episódio.
Aqui está Miguel, como eu previa, embora apaixonado a evitar a relação.
Vamos ver o que se seguirá.
Beijinhos
Ailime
Cabe a ela mostrar ao Miguel que o quer como homem e não como um pai.
Abraços,
Furtado
Estou sempre lendo os capítulos anteriores,Elvira
Perdoe-me nao poder acompanhar dia a dia_ nem sempre posso abrir aqui.
Que bom que vejo que o amor vai vencer ! o amor nao tem idade.
Sigo acompanhando.Beijos
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