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12.11.16

ESTRANHO CONTRATO -PARTE XXII





Eram duas horas. Ana acabara de adormecer e Francisca dispunha-se a ler um livro quando a campainha tocou.
Pouco depois Graça entrava na sala.
-Que surpresa – disse a dona da casa pousando o livro e pondo-se de pé para abraçar a cunhada.- Não disseste que vinhas…
- A intenção era mesmo surpreender-te. E sabia que a esta hora estarias disponível para conversar um pouco. Suponho que a minha sobrinha esteja a dormir.
- Está. Mas senta-te. Já almoçaste?
- Já, não te preocupes. Conta-me. Como vai o casamento?
Inclinou-se para a frente
-Que casamento?
- O teu, mulher. Não me digas que vocês levam a sério aquele estúpido contrato?
- E não era para levar? Tu melhor que ninguém sabes que não há nenhum casamento.
- Por esta não esperava. Queres que te seja sincera. Quando aconselhei o Afonso a casar-se, e ele me disse que só o faria com as condições que te impôs, eu pensei que tu não as aceitarias.
Quando aceitaste, eu pensei, “bom não é mau de todo. Vão ser obrigados a conviver, vão conhecer-se melhor, e fatalmente vão apaixonar-se." Caramba, eu conheço-vos e sinceramente penso que foram feitos um para o outro. Propositadamente, deixei passar estes seis meses, tempo mais que suficiente para o acender da faísca entre vós.
Afinal toda a vida ouvi dizer que “o lume ao pé da estopa, o diabo lhe assopra” E agora dizes-me que não há nada entre vocês? Nem um beijo?
- Não costumo beijar os meus patrões.
- É isso que o meu irmão é para ti? Um patrão?
- É o que se deduz do contrato.
- Não foi isso que te perguntei. Quero lá saber desse malfadado contrato. Quero saber dos teus sentimentos.
Sem responder, levantou-se e foi até à janela.
A cunhada seguiu-a. Pôs-lhe a mão no ombro:
-Bem me parecia que não era isso. Escusas de negar. Os teus olhos traíram-te. E ele? Percebeste algum sentimento da sua parte?
Fez um sinal negativo com a cabeça.
- Não percebo o meu irmão. É certo que foi muito apaixonado pela mulher. Mas, ela já morreu há quase dois anos. E depois parece-me impossível que não dê conta da tua beleza. Será que ele não anda a precisar de uma visita ao oftalmologista?
Francisca não pode deixar de sorrir:
-És impossível.