Depois do almoço, e de ajudar a mãe a arrumar a cozinha, Francisca foi deitar os filhos para dormirem a sesta. As crianças não tardaram a adormecer. Ela sabia que o pai sempre ficava a cochilar àquela hora e a mãe não perdia a novela. Assim deixou-se ficar no quarto pensando. Mas por mais que tentasse pensar noutras coisas, o pensamento sempre ia parar na proposta da amiga. Era uma maluquice. Mas e se desse resultado? Não conhecia Afonso. Como seria ele? Era mais velho que a irmã. Mas seriam muitos anos? Não se lembrava de ter ouvido a idade. Mas também que importava isso. Ela não pensava aceitar. Ou aceitaria? Que estupidez, aquilo eram coisas da Graça, o irmão ia lá querer casar com alguém só por causa das filhas. Metia-as num bom colégio interno e pronto. Ficava tudo resolvido. Mas a amiga dissera que o irmão queria alguém que lhe cuidasse das filhas como se fosse a mãe. Bom para ela, isso não era entrave. Adorava crianças. E então meninas. Quando estava grávida sonhava tanta vez com meninas, vestidos e lacinhos. Mas o destino brindara-a com dois meninos.
Cansada acabou por adormecer. Acordou sobressaltada com a
mãozinha de Simão acariciando-lhe a cara. Soergueu-se e olhou para o filho mais novo. Dormia profundamente. Pôs um dedo sobre os lábios indicando ao filho que
não fizesse barulho, para não acordar o irmão, sentou-o na cama e calçou-lhe os
ténis. Verificou que um estava roto. Estremeceu. Mais uma despesa! Devagarinho,
saíram do quarto fechando a porta com todo o cuidado para não acordar João.
- Mãe, tenho sede, -disse o menino mal saíram do quarto.
Dirigiram-se à cozinha. Francisca encheu um copo de água
e estendeu ao filho. A criança bebeu um pouco, e perguntou de súbito:
- Quando é que o pai volta?
- Não sei.
- Não vai voltar nunca mais, pois não, mãe?
Francisca sentiu um aperto no peito. Abraçou o filho:
- Porque dizes isso?
O filho respondeu com outra pergunta:
- É verdade que o pai morreu?
- Quem te disse isso?
- Ouvi uma conversa da avó com a vizinha. Não chores. Eu
não choro, vês?
- És um menino muito corajoso, Simão. É verdade, filho. O
teu pai agora é uma estrelinha no céu. Mas não contes ao teu irmão. Ele é muito
pequenino, vai sofrer muito e não queremos isso pois não?
- Claro, mãe. É um segredo só nosso. E não quero que
chores, - disse abraçando a mãe com toda a força dos seus quase cinco anos.
15 comentários:
A proposta da amiga Graça, dá que pensar a Francisca, aceita ou não aceita. Só poderá ter a certeza se aceita ou não aceita, depois de conhecer o Afonso?
Até lá fico esperando, pelo desenrolar dos acontecimentos dos próximos capítulos!
Boa noite amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.
Está lindo o desenrolar e tocante a parte do menino...bjs,chica
Eu sei que há crianças fortes (olá se as há)
mas tens de criar um ambiente mais verossímil...
o mais acertado (e humano) seria depois dessa tentativa
(não chores...)
chorarem os dois
A passar por cá para acompanhar a história.
Tenha um ótimo dia.
Isabel Sá
Brilhos da Moda
Bom dia!
Passando para acompanhar a história.
Há situações que podem ser dramáticas, estou a gostar da história.
Um abraço e boa semana.
Andarilhar
¡Hola, Elvira!
Es un relato muy interesante bien pudiera ser realidad, se desarrolla entre la tristeza y también la picaresca, me ha gustado leerte, tienes un gran talento para relatar historias, vivencias. Te felicito.
Te dejo mi gratitud y mi gran estima.
Un abrazo y, se muy feliz.
Bom. O futuro próximo, a sua decisão, já nós sabemos ! :)
A minha expectativa é se o casamento, como tal e não como contrato irá resultar ! ... Cá para mim, é fatal que sim ! ... Aposto ! rsrsrs
Abraço
Estou gostando desses últimos acontecimentos... Penso que terminará bem, a vida tem dessas coisas surpreendentes...
Hoje, feriado por aqui/Dia de Finados...
Bjs
Não esperei por sexta feira, passei hoje para lhe deixar o meu abraço!É uma honra receber tão ilustre convite, OBRIGADO, quem sabe um café no fim de almoço???
Oi Elvira
Da uma tristeza danada contar para os filhos. Meu marido morreu e meu filho tinha 2 anos. Foi uma barra. Aos nove anos arrumei outro pai pra ele. E vivemos felizes a 24 anos
Acompanhando....
Beijos
Lua Singular
Estou ansiosa para saber mais. Abraço Elvira
Acho que o filho mais novo já deveria saber a verdade sobre o pai. Acredito que sendo mais novo, menor será a dor.
Abraços,
Furtado
Acompanhando e adorando.
Beijos!
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