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29.3.23

CICATRIZES DA ALMA - PARTE XXXIV

 




Nessa tarde, depois de ter ajudado o doente a deitar-se, Anabela deu início aos tratamentos isométricos, entregando-lhe dois pequenos pesos e dizendo-lhe:

- Faça duas séries de dez levantamentos. Atenção se sentir dor nas costas ou no braço esquerdo pare imediatamente.

-Deve estar a brincar, fazia cinco vezes esse peso.

-Acredito que sim. Mas o que me interessa não é o que fazia, no passado, mas o que terá de fazer agora. Como médico, o senhor sabe melhor que ninguém o estado em que se encontra, e que qualquer tipo de dor que sinta, vai agravar e não melhorar o seu estado. Por isso faça o que lhe digo e não esqueça de parar à mínima dor. Não é hora de se armar em herói.

-Tudo bem, sargento, - resmungou o doente, enquanto Anabela lhe voltava as costas, para que ele não notasse o seu sorriso.

Ela sabia por experiência própria como eram renitentes os doentes que trabalhavam na saúde, médicos ou enfermeiros. Eles sempre achavam que não precisavam de ajuda, que o que eles pensavam é que estava certo.

Tiago deu-se imediatamente conta de como os seus músculos estavam fracos ao iniciar o tratamento e verificar como era difícil levantar aqueles pesos, quando antes do acidente levantava pesos superiores, apenas com o dedo mínimo. Quando terminou as duas séries grossas gotas de suar perlavam-se a testa.

Anabela retirou-lhe os pesos e sem comentar o esforço evidente que ele fizera durante o tratamento, mandou que durante um minuto apenas inspirasse e expirasse lentamente. Ela sabia que não podia continuar com os exercícios sem que o doente descansasse e restabelecesse o ritmo cardíaco.

Com essa atitude, ganhou da parte de Tiago, que esperava uma observação jocosa sobre o seu cansaço evidente e o que afirmara anteriormente, uma nova atitude de respeito.

Depois de uns minutos, Anabela voltou a aproximar-se desta vez com uns pequenos elásticos.

Agora vamos fazer mais duas séries de dez exercícios com este elástico. Vai estica-lo enquanto se sentir confortável. À mais pequena dor, pare. Quando acabar irei fazer mobilização às suas pernas. Enquanto não fortalecer suficientemente o corpo não poderá usar os elásticos para exercitar com eles as pernas.

Mais tarde enquanto fazia a mobilização às pernas do doente, informou.

-Já dei à Isilda a lista dos ingredientes a incluir na sua alimentação. E quando terminar, vou à cidade comprar vitaminas e proteínas que considero necessárias para o ajudarem a ganhar força que o ajude a restabelecer-se mais depressa.

Ele não respondeu e pouco depois ela dava os exercícios por terminados e ajudava-o a ir para a cadeira de rodas e para a cama.

10 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Esses choques iniciais costumam converter-se em romances tórridos...

Tintinaine disse...

Está tudo a correr melhor do que se esperava! Ou a Anabela é uma grande terapeuta ou a escritora gosta de nos dourar a pílula!
Boa quarta !!!

Janita disse...

E, com a enfermeira Anabela a exercer, com brio e todo o seu profissionalismo, em voz de comando, não tarda nada temos o doente a correr pela casa...e ela, a correr para os braços dele, quem sabe?

Um abraço, Elvira.

chica disse...

Ela ,na certa, conseguirá colocá-lo em pé , mas caidinho por ela,rs...
Vamos acompanhando!
beijos, chica

Emília Pinto disse...

Também acho, Amigos, daqui vai sair um lindo romance. Beijinho, Elvira e saúde! Já nos basta este doente dificil!!! Estou a gostar muito!
Emilia

Maria João Brito de Sousa disse...

Ainda é cedo para que o doente deixe cair a espessa cortina que teceu
para se abrigar de qualquer tipo de humanos afectos. Está ainda demasiado centrado em si mesmo e na sua própria dor, mas quando os tratamentos começarem a produzir efeitos visíveis, o casulo abrir-se-á.

Um abraço, minha amiga!

- R y k @ r d o - disse...

Gostando de ler.
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Saudações cordiais e poéticas
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Cidália Ferreira disse...

Aproxima-se uma boa química entre ambos :))
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Sinto um calafrio, uma angustia talvez
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Beijo e uma excelente tarde.

teresadias disse...

Ela muito empenhada no tratamento, ele cumprindo todas as ordens.
Tudo muito pacífico, para já.
Beijo.

Emília Simões disse...

Boa tarde Elvira,
Um episódio tão real a que a Elvira dá o seu cunho, tal o empenhamento que coloca na construção do mesmo.
Gostei muito.
Assim vamos ter doutor;))!!
Beijinhos e saúde.
Ailime