Nessa tarde, depois de ter ajudado o doente a deitar-se, Anabela deu início aos tratamentos isométricos, entregando-lhe dois pequenos pesos e dizendo-lhe:
- Faça duas séries de dez levantamentos. Atenção se sentir dor nas costas
ou no braço esquerdo pare imediatamente.
-Deve estar a brincar, fazia cinco vezes esse peso.
-Acredito que sim. Mas o que me interessa não é o que fazia, no passado,
mas o que terá de fazer agora. Como médico, o senhor sabe melhor que ninguém o
estado em que se encontra, e que qualquer tipo de dor que sinta, vai agravar e
não melhorar o seu estado. Por isso faça o que lhe digo e não esqueça de parar à
mínima dor. Não é hora de se armar em herói.
-Tudo bem, sargento, - resmungou o doente, enquanto Anabela lhe voltava as
costas, para que ele não notasse o seu sorriso.
Ela sabia por experiência própria como eram renitentes os doentes que
trabalhavam na saúde, médicos ou enfermeiros. Eles sempre achavam que não
precisavam de ajuda, que o que eles pensavam é que estava certo.
Tiago deu-se imediatamente conta de como os seus músculos estavam fracos ao
iniciar o tratamento e verificar como era difícil levantar aqueles pesos, quando
antes do acidente levantava pesos superiores, apenas com o dedo mínimo. Quando
terminou as duas séries grossas gotas de suar perlavam-se a testa.
Anabela retirou-lhe os pesos e sem comentar o esforço evidente que ele
fizera durante o tratamento, mandou que durante um minuto apenas inspirasse e
expirasse lentamente. Ela sabia que não podia continuar com os exercícios sem
que o doente descansasse e restabelecesse o ritmo cardíaco.
Com essa atitude, ganhou da parte de Tiago, que esperava uma observação
jocosa sobre o seu cansaço evidente e o que afirmara anteriormente, uma nova
atitude de respeito.
Depois de uns minutos, Anabela voltou a aproximar-se desta vez com uns
pequenos elásticos.
Agora vamos fazer mais duas séries de dez exercícios com este elástico. Vai
estica-lo enquanto se sentir confortável. À mais pequena dor, pare. Quando
acabar irei fazer mobilização às suas pernas. Enquanto não fortalecer
suficientemente o corpo não poderá usar os elásticos para exercitar com eles as
pernas.
Mais tarde enquanto fazia a mobilização às pernas do doente, informou.
-Já dei à Isilda a lista dos ingredientes a incluir na sua alimentação. E
quando terminar, vou à cidade comprar vitaminas e proteínas que considero
necessárias para o ajudarem a ganhar força que o ajude a restabelecer-se mais
depressa.
Ele não respondeu e pouco depois ela dava os exercícios por terminados e
ajudava-o a ir para a cadeira de rodas e para a cama.
10 comentários:
Esses choques iniciais costumam converter-se em romances tórridos...
Está tudo a correr melhor do que se esperava! Ou a Anabela é uma grande terapeuta ou a escritora gosta de nos dourar a pílula!
Boa quarta !!!
E, com a enfermeira Anabela a exercer, com brio e todo o seu profissionalismo, em voz de comando, não tarda nada temos o doente a correr pela casa...e ela, a correr para os braços dele, quem sabe?
Um abraço, Elvira.
Ela ,na certa, conseguirá colocá-lo em pé , mas caidinho por ela,rs...
Vamos acompanhando!
beijos, chica
Também acho, Amigos, daqui vai sair um lindo romance. Beijinho, Elvira e saúde! Já nos basta este doente dificil!!! Estou a gostar muito!
Emilia
Ainda é cedo para que o doente deixe cair a espessa cortina que teceu
para se abrigar de qualquer tipo de humanos afectos. Está ainda demasiado centrado em si mesmo e na sua própria dor, mas quando os tratamentos começarem a produzir efeitos visíveis, o casulo abrir-se-á.
Um abraço, minha amiga!
Gostando de ler.
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Saudações cordiais e poéticas
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Aproxima-se uma boa química entre ambos :))
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Sinto um calafrio, uma angustia talvez
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Beijo e uma excelente tarde.
Ela muito empenhada no tratamento, ele cumprindo todas as ordens.
Tudo muito pacífico, para já.
Beijo.
Boa tarde Elvira,
Um episódio tão real a que a Elvira dá o seu cunho, tal o empenhamento que coloca na construção do mesmo.
Gostei muito.
Assim vamos ter doutor;))!!
Beijinhos e saúde.
Ailime
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