Anabela acordou sobressaltada. Sonhou que depois de muitos
meses de luta constante com o doente, sem notar quaisquer melhoras, estava
prestes a desistir.
Recusando-se a acreditar que o sonho podia ser um aviso do
que ia acontecer, olhou o relógio e viu que eram apenas sete horas. Saltou da cama, calçou os chinelos, vestiu o
robe e foi abrir a persiana. O dia amanhecera de novo com bom tempo. Apesar do
sol ainda demorar quase uma hora para aparecer no horizonte, a escuridão ia
desaparecendo rapidamente e o céu até onde a serra deixava ver, mostrava um
belo tom de azul. Abriu um pouco a janela e logo a fechou arrepiada com a
lufada de ar gelado que entrou no quarto.
Decidida a começar a nova fase da sua vida, tomou banho,
secou e prendeu os cabelos num rabo-de-cavalo, vestiu-se, arrumou o quarto, pôs
em cima da cama a sua bata branca e desceu ao piso inferior, sentindo o
delicioso cheiro a café que impregnava o ambiente. Na cozinha Isilda preparava
o pequeno-almoço.
- Bom dia, Isilda.
- Bom dia, Menina.
- Anabela, por favor. Nada de Menina. O doutor já acordou?
-Não sei. O Joaquim foi agora para o quarto, - disse pondo
na mesa um prato com torradas. Não sei se gosta das torradas com manteiga ou
doce, no jarro tem sumo natural, feito com as nossas laranjas, e há café na
cafeteira. Ontem esqueci-me de lhe perguntar o que queria para o pequeno-almoço,
mas se me disser o que costuma comer, amanhã já o farei. Agora estou à espera de
que o meu homem me dê sinal de que o doutor já foi para o banho, para lhe ir
limpar o quarto.
-Está tudo bem, não se preocupe. Na verdade, nunca como
muito de manhã. Penso que temos de ver a dieta do doente. Se ele não tem
apetite, se não come o suficiente, terá de tomar alguns suplementos
vitamínicos.
- Bom dia, Menina. Apressa-te mulher que o doutor já está
no banho, -disse Joaquim ao entrar na cozinha.
-Bom dia, Joaquim.
Por favor, trate-me por Anabela. Como está o doente hoje, muito
rabugento? – perguntou, enquanto Isilda se apressava em direção ao quarto do
doente e o marido se sentava à mesa para iniciar o pequeno-almoço.
- Não sei que lhe diga. Pela primeira vez não disse nada
quando abri a persiana e puxei os cortinados para entrar a luz. Aliás não disse
nada de nada. Nem sequer respondeu quando lhe disse bom dia.
- Bom, vou apanhar um pouco de ar. Pode levar-me o doente
para a sala de tratamentos às dez horas?
- Claro. Mas e se o doutor não quiser ir?
- Estarei lá a essa hora. Se ele se negar a ir, avise-me.
E CHEGOU A PRIMAVERA
8 comentários:
Fico à espera da bira e da discussão.
Boa semana
A temperatura ainda está abaixo dos valores de referência, as árvores ainda não dão sinal de abrolhar ou seja, não cheira ainda a primavera. Mas ela há-de aparecer, mais tarde ou mais cedo.
Uma boa semana e muita inspiração para ir desenvolvendo a nossa novela!
Bom dia
No seguimento da história .
Que a primavera traga tudo isso e a paz que é bem precisa .
JR
Com a história a tomar contornos que me agradam e a Primavera a chegar, tímida, mas também determinada, hoje, até eu me sinto de alma lavada.
Rimou, mas não era para rimar, calhou.
Boa semana e um abraço, Elvira.
Pouco adiantou a história, mas eu volto na quarta-feira.
Por aqui a Primavera chegou cinzenta e fresca.
Beijo Elvira, boa semana e Feliz Primavera.
Ora muito bem :))
.
Mas o mar, é sempre a fonte da ilusão.
.
Beijo e uma excelente semana.
Curiosa para ver onde isto vai dar!
Bjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram | Youtube
Boa noite Elvira,
Ficámos num impasse,
Mas gostei.
Não tardará a haver novidades.
Beijinhos e saude.
Ailike
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