- Desculpe doutor, mas parece-me que esqueceu algumas coisas que deve ter
aprendido no curso. Ou não lhe ensinaram que a diminuição da gravidade sobre as
estruturas ósseas e articulares facilita a mobilidade além de provocar o
relaxamento muscular e redução das contraturas?
-Para doenças reumatológicas e artrites. Não é o meu caso.
- Pois, suponho que não, afinal ainda é um homem jovem, para tais doenças,
mas talvez o doutor não saiba que cada vez mais se estão a usar os tratamentos
em piscinas para outras patologias do aparelho locomotor, nomeadamente para
lesões traumáticas e pós-operatório ortopédico, o que já é o seu caso.
Terminou o tratamento, limpou com cuidado o gel, voltou a tapar as costas
do doente, guardou a mesa do ultrassons e retirou do hidrocolector uma placa de
calores húmidos que enrolou em toalhas e colocou nas costas do doente
- Se aquecer demais avise, - disse antes de se afastar para registar na
ficha os tratamentos anteriores. Pouco depois perguntou:
-Está bem? Não está demasiado quente?
-Eu não me queixei, pois não?
-Muito bem, só não quero que por orgulho ou teimosia, não diga nada e se
esteja a prejudicar.
Quinze minutos depois, Anabela retirou a placa de calor húmido e
preparou-se para a massagem.
-Agora vou fazer-lhe uma massagem. E depois terminamos esta série com as
botas de pressoterapia. Como lhe disse faremos sempre de manhã, tratamentos de
fisioterapia elétrica alternados, consoante indicado pelo doutor Azevedo, de
tarde diversos exercícios de fisioterapia mecânica de reabilitação, também
alternados.
Se esperava que o doente fizesse alguma pergunta ou contestasse o
tratamento enganou-se pois Tiago mantinha a mudez que só quebrava quando
absolutamente necessário.
Anabela, espalhou uma generosa camada de óleo nas mãos e esfregou-as a fim
de as aquecer e iniciou a massagem, tendo o cuidado de não tocar na zona das
vertebras, mas trabalhando os músculos e ligamentos que as apoiavam, subindo
depois para a zona dos ombros e pescoço até sentir que os músculos tensos
do doente relaxavam.
Durante toda a massagem, manteve-se atenta a quaisquer sinais de dores, mas
nem o doente se queixou, nem ela sentiu qualquer retraimento dele que
sinalizasse dor.
-Pronto, acabou, consegue voltar-se sozinho, para lhe por as botas?
Tiago não respondeu. Soergueu o tronco apoiado nos cotovelos e virou-se. A
jovem pôs-lhe as botas, e cobriu-lhe o peito nu com uma toalha.
Dez minutos depois o aparelho desligou-se, Anabela retirou-lhe as botas e guardou-as. Foi buscar a cadeira para junto da marquesa e estendeu-lhe o
robe, que ele vestiu.
-Ponha um braço sobre os meus ombros e faça força com o outro na maca.
Deixe cair o corpo devagar sem medo, eu seguro-o pela cintura. Isso, muito bem.
Agora é só rodar o corpo e sentar-se.
7 comentários:
O que é que aí vem???
Boa semana
É tal a minúcia que até parece que estamos lá a assistir!
Boa semana!
Detalhes bem mostrados tornam encantadores teus contos,Elvira!
beijos, ótima semana,chica
Boa tarde Elvira,
Gostei imenso deste capítulo, bem detalhado, onde parece que estava a ver todos os exercícios que eram feitos.
O doutor deve ser muito teimoso;))!!
Beijinhos e saúde.
Boa semana.
Ailime
Um episódio com detalhes muito fortes!
.
As flores, que no silencio, me olham
.
Beijo e uma excelente semana.
À hora que chego já o Dr. está a dormir sob o efeito do soporífero e a enfermeira dorme a sono solto sob o efeito do trabalhão que requer cuidar do enfermo.
Mas vim, e li, e continuo esta dupla leitura dos escritos da Elvira...:)
Um abraço e boa semana.
Tudo calmo e a correr bem.
Um rico episódio, Elvira.
Beijo.
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