Bemdito Sejas
Bemdito sejas,
Meu verdadeiro conforto
E meu verdadeiro amigo!
Quando a sombra, quando a noite
Dos altos céus vem descendo,
A minha dôr,
Estremecendo, acórda…
A minha dôr é um leão
Que lentamente mordendo
Me devora o coração.
Canto e chóro amargamente;
Mas a dôr, indiferente,
Continúa…
Então,
Febríl, quase louco,
Corro a ti, vinho louvado!
– E a minha dôr adormece,
E o leão é socegado.
Quanto mais bêbo mais dórme:
Vinho adorado,
O teu poder é enorme!
E eu vos digo, almas em chaga,
Ó almas tristes sangrando:
Andarei sempre
Em constante bebedeira!
Grande vida!
– Ter o vinho por amante
E a morte por companheira!
ANTÓNIO BOTTO
8 comentários:
Porque é que eu não consigo gostar de vinho???
Olá, querida amiga Elvira!
Meu pai gostava de tomar um vinho suave e herdei dele tal paladar.
Uma tacinha esporadicamente faz bem.
Hoje mesmo estive pensando que se pode fazer poema do que nos apetece.
Tenha dias abençoados!
Beijinhos
E logo com a pinga do Dão, a minha preferida!
Estou contigo, Botto!
Bom dia
Não conhecia, mas confesso que gostei assim como também gosto de um bom tinto do Dão .
JR
Obrigada, Elvira, por este belo poema cheio de uma magoada ironia, embora esta expressão possa soar a paradoxo...
Um grande abraço, minha amiga!
Gostei do poema e de um bom tinto do Dão, embora só beba um copo ao almoço.
Abraço e saúde
António Botto, que tão perseguido foi pela sua orientação sexual...
Abraço, amiga
Boa tarde Elvira,
Não conhecia e gostei imenso deste poema!
Obrigada pela bela partilha.
Um beijinho e saúde.
Ailime
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