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7.3.23

POESIA ÀS TERÇAS - VASCO GRAÇA MOURA - INSINCERIDADE

 


 

insinceridade

quis-nos aos dois enlaçados
meu amor ao lusco-fusco
mas sem saber o que busco:
há poentes desolados
e o vento às vezes é brusco

nem o cheiro a maresia
a rebate nas marés
na costa de lés a lés
mais tempo nos duraria
do que a espuma a nossos pés

a vida no sol-poente
fica assim num triste enleio
entre melindre e receio
de que a sombra se acrescente
e nós perdidos no meio

sem perdão e sem disfarce,
sem deixar uma pegada
por sobre a areia molhada,
a ver o dia apagar-se
e a noite feita de nada

por isso afinal não quero
ir contigo ao lusco-fusco,
meu amor, nem é sincero
fingir eu que assim te espero,
sem saber bem o que busco.

6 comentários:

Majo Dutra disse...

Não conheço a sua obra, mas este poema é escrito num estilo muito pessoal e interessante.

Convido a participar na comemoração do aniversário do Toninho...
https://reinodascorujinhas.blogspot.com/
o meu abraço
~~~~~~~~~~~~~~

Pedro Coimbra disse...

Homem de grande cultura, de grande talento, com um timbre de voz invejável.

- R y k @ r d o - disse...

Poema lindo que muito gostei de ler
.
Uma semana feliz. Cumprimentos poéticos.
.

Caderrno de San disse...

Que bela dicção a do Vasco Graça Moura neste poema. Quanta musicalidade!
Um abraço, Elvira!

Maria João Brito de Sousa disse...

Que magníficas quintilhas!

Obrigada por esta bela partilha, amiga Elvira

Um abraço!

Ailime disse...

Boa tarde Elvira,
Um poema magnífico que não conhecia.
Obrigada por tê-lo partilhado.
Beijinhos,
Ailime