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20.3.23

CICATRIZES DA ALMA - PARTE XXXI

 



Anabela acordou sobressaltada. Sonhou que depois de muitos meses de luta constante com o doente, sem notar quaisquer melhoras, estava prestes a desistir.

Recusando-se a acreditar que o sonho podia ser um aviso do que ia acontecer, olhou o relógio e viu que eram apenas sete horas.  Saltou da cama, calçou os chinelos, vestiu o robe e foi abrir a persiana. O dia amanhecera de novo com bom tempo. Apesar do sol ainda demorar quase uma hora para aparecer no horizonte, a escuridão ia desaparecendo rapidamente e o céu até onde a serra deixava ver, mostrava um belo tom de azul. Abriu um pouco a janela e logo a fechou arrepiada com a lufada de ar gelado que entrou no quarto.

Decidida a começar a nova fase da sua vida, tomou banho, secou e prendeu os cabelos num rabo-de-cavalo, vestiu-se, arrumou o quarto, pôs em cima da cama a sua bata branca e desceu ao piso inferior, sentindo o delicioso cheiro a café que impregnava o ambiente. Na cozinha Isilda preparava o pequeno-almoço.

- Bom dia, Isilda.

- Bom dia, Menina.

- Anabela, por favor. Nada de Menina. O doutor já acordou?

-Não sei. O Joaquim foi agora para o quarto, - disse pondo na mesa um prato com torradas. Não sei se gosta das torradas com manteiga ou doce, no jarro tem sumo natural, feito com as nossas laranjas, e há café na cafeteira. Ontem esqueci-me de lhe perguntar o que queria para o pequeno-almoço, mas se me disser o que costuma comer, amanhã já o farei. Agora estou à espera de que o meu homem me dê sinal de que o doutor já foi para o banho, para lhe ir limpar o quarto.

-Está tudo bem, não se preocupe. Na verdade, nunca como muito de manhã. Penso que temos de ver a dieta do doente. Se ele não tem apetite, se não come o suficiente, terá de tomar alguns suplementos vitamínicos.

- Bom dia, Menina. Apressa-te mulher que o doutor já está no banho, -disse Joaquim ao entrar na cozinha.

-Bom dia, Joaquim.  Por favor, trate-me por Anabela. Como está o doente hoje, muito rabugento? – perguntou, enquanto Isilda se apressava em direção ao quarto do doente e o marido se sentava à mesa para iniciar o pequeno-almoço.

- Não sei que lhe diga. Pela primeira vez não disse nada quando abri a persiana e puxei os cortinados para entrar a luz. Aliás não disse nada de nada. Nem sequer respondeu quando lhe disse bom dia.

- Bom, vou apanhar um pouco de ar. Pode levar-me o doente para a sala de tratamentos às dez horas?

- Claro. Mas e se o doutor não quiser ir?

- Estarei lá a essa hora. Se ele se negar a ir, avise-me.


E CHEGOU A PRIMAVERA




8 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Fico à espera da bira e da discussão.
Boa semana

Tintinaine disse...

A temperatura ainda está abaixo dos valores de referência, as árvores ainda não dão sinal de abrolhar ou seja, não cheira ainda a primavera. Mas ela há-de aparecer, mais tarde ou mais cedo.
Uma boa semana e muita inspiração para ir desenvolvendo a nossa novela!

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
No seguimento da história .
Que a primavera traga tudo isso e a paz que é bem precisa .

JR

Janita disse...

Com a história a tomar contornos que me agradam e a Primavera a chegar, tímida, mas também determinada, hoje, até eu me sinto de alma lavada.
Rimou, mas não era para rimar, calhou.

Boa semana e um abraço, Elvira.

teresadias disse...

Pouco adiantou a história, mas eu volto na quarta-feira.
Por aqui a Primavera chegou cinzenta e fresca.
Beijo Elvira, boa semana e Feliz Primavera.

Cidália Ferreira disse...

Ora muito bem :))
.
Mas o mar, é sempre a fonte da ilusão.
.
Beijo e uma excelente semana.

Teresa Isabel Silva disse...

Curiosa para ver onde isto vai dar!

Bjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram | Youtube

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
Ficámos num impasse,
Mas gostei.
Não tardará a haver novidades.
Beijinhos e saude.
Ailike