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31.1.23

POESIA ÀS TERÇAS - JOSÉ RÉGIO - SABEDORIA



 

Sabedoria

Desde que tudo me cansa,
Comecei eu a viver.
Comecei a viver sem esperança…
E venha a morte quando
Deus quiser.

Dantes, ou muito ou pouco,
Sempre esperara:
Às vezes, tanto, que o meu sonho louco
Voava das estrelas à mais rara;
Outras, tão pouco,
Que ninguém mais com tal se conformara.

Hoje, é que nada espero.
Para quê, esperar?
Sei que já nada é meu senão se o não tiver;
Se quero, é só enquanto apenas quero;
Só de longe, e secreto, é que inda posso amar. . .
E venha a morte quando Deus quiser.

Mas, com isto, que têm as estrelas?
Continuam brilhando, altas e belas.

30.1.23

NOTÍCIAS


 Acabei de chegar da clínica. Um dente foi extraído, já tinha sido arranjado há mais de 20 anos e agora já não tinha salvação. O outro que partiu há dias tem que ser desvitalizado e reconstruído, mas só têm vaga para Março. Vamos ver se não me começa a doer antes como o que foi agora extraído que me deu um fim de semana extremamente doloroso.


NOTA Para quem acompanha a história "Cicatrizes da alma" o capítulo de hoje está aí em baixo. As dores fizeram com que eu fizesse não sei bem o quê, que o que aparece agora nas vossas indicações é um poema que eu tinha na lista para sair numa próxima terça. 

CICATRIZES DA ALMA - PARTE XII

 




Chegou à cidade no início da tarde. Parara numa estação de serviço para comer qualquer coisa, e logo se dirigiu à esquadra onde se identificou.

Fizeram-na entrar num pequeno gabinete, onde um oficial de meia-idade com os óculos na ponta do nariz examinava uns papéis que tinha na frente.

Depois de ouvir a apresentação que o agente lhe fazia, apresentou-se como sendo o inspetor Chaves, encarregado da investigação da morte do marido dela, pediu que ela se sentasse, retirou os óculos do nariz e depois de lhe explicar onde e como tinham encontrado o corpo de Óscar, iniciou uma série de perguntas acerca do seu relacionamento com o marido, onde estivera etc.

Ficou claro para a jovem, que ele já sabia da queixa de violência doméstica que ela apresentara em tempos, e também das ameaças de morte que o marido lhe fizera. Também sabia que não viviam juntos e que ela queria o divórcio. 

 As suas perguntas foram tão insistentes sobre ela ter deixado o emprego e ter ido para parte incerta que Anabela ficou com a clara impressão de que o inspetor desconfiava que ela estivesse de algum modo ligada à morte do marido. Principalmente quando lhe disse que a morte de Óscar naquela altura tinha sido muito conveniente para ela, pois não teriam de se enfrentar num desgastante caso de divórcio. 

Levantou-se indignada.

-Parece que o senhor inspetor, insinua que eu estive de algum modo ligada à morte do meu marido. Não sei que deduções tirou, a minha vida sempre esteve dentro da lei, e por muito que eu tenha sofrido e acredite que sofri com o meu casamento, eu sou enfermeira, a minha missão é ajudar a salvar vidas, não acabar com elas. Mais, se enveredar por esse caminho, vai deixar que o assassino fique em liberdade para fazer o mesmo com outro qualquer desgraçado que lhes caia em mãos.

-Acalme-se. O meu interrogatório não tem a ver com desconfianças sobre a senhora. Sabemos que seu marido era um viciado no jogo e que ultimamente talvez para pagar as dividas de jogo, se envolvera no tráfico da droga. Suspeitamos que ele tenha usado o dinheiro da venda em proveito próprio em vez de o entregar aos fornecedores. O tiro a meio da testa parece ser uma execução e é um aviso para os outros vendedores. Só tentava perceber se a senhora sabia disto ou se poderia estar de posse de alguma informação que levasse os assassinos a quererem vingar-se em si. Sabe que a sua casa foi assaltada, e o seu recheio praticamente destruído?

- Como havia de saber se acabo de chegar do Algarve, e o senhor ainda não me tinha informado? Além do mais, não é a minha casa desde que me separei do meu marido há vários meses. Vivo num quarto, numa residencial junto do hospital onde trabalho, como o senhor saberá, uma vez que disseram à minha comadre, que já me tinham procurado lá.

-Sei. Mas terá de ir lá a casa, e quando o fizer quero que me avise e um agente vai acompanhá-la. Afinal como viúva terá de ser a senhora a desocupar a casa e entregar as chaves ao senhorio.

E dizendo isto, abriu a gaveta e entregou-lhe as chaves e os documentos encontrados com o corpo.

-Agora pode ir, mas não esqueça de me avisar quando for tratar desse assunto. Não quero que vá sozinha.

-Obrigada. Os meus sogros já foram informados?

-Foram informados ontem. Ah! E o corpo do seu marido encontra-se na morgue do Hospital de S. José.

-Mais uma vez muito obrigado. E com quem devo falar, quando for tratar de entregar as chaves?

- Peça para falar comigo.


DESCULPEM  passei o fim de semana num desespero com uma dor de dentes. O meu dentista só tem consulta dia 21 de Março. Hoje tenho que encontrar um que me atenda, antes que endoideça.

29.1.23

DOMINGO COM HUMOR

 


Conversa entre bêbados. Diz um:
- Lá em casa, eu e a patroa somo muito organizado! (hic) A zente toma metade água e metade cerveja…

Diz o outro muito espantado:
- Vocês misturam água com cerveja? Isso estraga a cerveja pá!!

Explica o bêbado:
- Não!!! (hic) Ela toma água e eu tomo cerveja…



Dois bêbados fazem confidências entre dois copos de vinho tinto:
- Que diz a tua mulher quando chegas muito tarde a casa?

E responde o outro bêbado:
- Eu não tenho mulher!

Espantado diz o 1º bêbado:
- Então porque vais tarde para casa?



Num autocarro, um padre senta-se ao lado de um sujeito bêbado que, com alguma dificuldade, lia um jornal. De repente, com uma voz um pouco empastada, o bêbado pergunta ao padre:
- O senhor sabe o que é artrite?

Sem muita paciência e num tom irado, o padre responde:
- É uma doença provocada pela vida pecaminosa e sem regras: mulheres, promiscuidade, sexo, farras, excesso de consumo de álcool e outras coisas que nem ouso dizer!

O bêbado calou-se e continuou com os olhos fixos no jornal. Alguns minutos depois, o pároco achou que tinha sido muito brusco com o bêbado e, tentando amenizar, diz:
- Há quanto tempo o senhor está com artrite?

E o bêbado responde:
- Eu?… Eu não tenho artrite! Segundo este jornal quem tem é o Papa!!



O homem chega a casa caindo de bêbado e encontra a mulher furiosa sentada na cama.

- Seu sacana! – esbraveja ela. – Sabes que horas são?

- Não… – responde tranquilamente o marido.

E diz a mulher:
- Não sabes porque estás bêbado… São cinco horas da manhã! Não tens vergonha?

E diz o bêbado:
- Vergonha de quê?! Eu não tenho culpa! Se eu estivesse em casa seria a mesma hora…



Um ministro português recebeu, em Lisboa, um ministro angolano. Simpático, o ministro português convidou o outro a ir lá a casa. O ministro angolano foi e ficou espantado com a bela vivenda. Em bairro chiquérrimo e com piscina. Com o informalíssimo dos luandenses pôs-se a fazer perguntas.
- Com um ordenado que não chega a 5 mil euros  limpos, como é que o meu amigo conseguiu tudo isto? Não me diga que era rico antes de ir para o Governo?

O ministro português sorriu, disse que não, antes não era rico. E em jeito de quem quer dar explicações, convidou o outro a ir até à janela.
- Está a ver aquela autoestrada?

- Sim – respondeu o angolano.

- Pois ela foi adjudicada por 100 milhões. Mas, na verdade, só custou 90… – disse o português, piscando o olho.

Semanas depois, o ministro português foi de viagem a Luanda. O angolano quis retribuir a simpatia e convidou-o a ir lá a casa. Era um palácio, com varandas viradas para o pôr-do-Sol do Mussulo, jardins japoneses e piscinas em cascata. O português nem queria acreditar, gaguejou perguntas sobre como era possível um homem público ter uma mansão daquelas. O angolano levou-o à janela.
- Está a ver aquela autoestrada?

- Não.

- Pois…



A professora de Português:
- Meninos, hoje vamos completar provérbios. Eu digo uma parte e vocês completam-nos.

E continuando pergunta
- Pedrinho, completa este: “Água mole em pedra dura…”

- “…tanto dá até que fura”! – responde o Pedrinho.

A professora:
- Muito bem! Agora tu, Carlinhos: “Mais vale tarde…”

- …que nunca”! – responde o Carlinhos

A professora:
- Sim senhor! Joãozinho, agora és tu: “Enquanto o pau vai e vem…”

E diz o menino Joãozinho:
- “…f***m as costas”!



27.1.23

CICATRIZES DA ALMA - PARTE XI

 


Durante meses, esteve de baixa com antidepressivos e apoio psicológico.   

Porém, foi mais no apoio de Paula e do marido, bem como na ternura da pequena Patrícia que adorava a “madinha” do que no tratamento, que Anabela acabou encontrando o equilíbrio para a sua alma atormentada.

Logo que se sentiu melhor, Anabela procurou um advogado e entrou com o pedido de divórcio.

Mas aí, Óscar voltou com as suas ameaças. Ultimamente dera em beber e tornara-se muito mais agressivo. Chegou a esperá-la à porta do hospital ameaçando que a mataria se ela decidisse ir para a frente com o divórcio.

 Ela respondera-lhe que a esquecesse que ela faria o mesmo. Então ele apertara-lhe brutalmente um braço, enquanto lhe encostava uma faca ao pescoço e lhe dizia que se ela não fosse dele não era de mais ninguém.

Ela fora à polícia, com as marcas bem visíveis no braço e dera queixa dele. Dissera que ele era muito violento e que ameaçava matá-la. Ele fora levado à presença do juiz e fora proibido de se aproximar dela. Anabela queria prosseguir com o divórcio, mas tinha medo dele.

Estudada a situação, decidiu abandonar o hospital e a cidade. Felizmente ela nunca lhe contara sobre o dinheiro que tinha numa outra conta, noutro banco, uma boa poupança, dinheiro que sobrara da venda da propriedade, que a “avó Arminda” lhe deixara e cujas aplicações lhe foram rendendo bons juros ao longo dos anos.

 Tinha intenção de o fazer depois de casada, quando estabilizasse no emprego, mas a descoberta do vício do marido, fez com que resolvesse não lhe contar.

 Esse dinheiro lhe seria útil para pagar ao advogado que estava a tratar do processo de divórcio e para se afastar da cidade. Paula pusera à sua disposição o apartamento de férias que tinha em Lagos e ela partira uma manhã, depois de ter pedido uma licença sem vencimento no hospital.

Durante dois meses, procurou sem conseguir, esquecer o caos em que se tinha tornado a sua vida. Tinha ido para a cidade com tantos sonhos, com tanto desejo de conseguir um bom emprego de formar uma família, de se sentir amada.

 Tinham-se passado doze anos, ela tinha tirado dois cursos, era considerada por todos como uma boa profissional, por médicos e doentes, mas a nível pessoal, todos os seus sonhos se transformaram em pesadelos.

Com a notícia recebida essa manhã, ela era enfim uma mulher livre. Nada mais tinha a recear do marido, mas perdera a confiança no sexo oposto e nunca mais deixaria que o seu coração lhe pregasse a partida de se envolver de novo numa relação.

25.1.23

CICATRIZES DA ALMA - PARTE X



 

Dias depois a família de Óscar procurara-a e pediram-lhe para dar uma nova oportunidade ao marido. O sogro prometera, que ele mesmo levaria o filho a uma consulta de psiquiatria. A mãe e a irmã afirmaram-lhe todo o seu apoio e rogaram-lhe por uma nova oportunidade para o filho e irmão.

E Anabela cedeu. Contra a vontade de Paula e Diogo que lhe diziam que só iria prolongar a sua infelicidade.

Durante um mês, as coisas correram bem e parecia que Óscar tinha entrado no bom caminho, quando uma noite ao entrar em casa quase à uma da manhã, por ter estado de turno no hospital até à meia-noite, encontrou a casa vazia, bem como a gaveta onde guardava o dinheiro.

 Adormeceu de cansaço quase às seis da manhã depois de ter chorado até sentir a própria alma seca.

Acordou duas horas depois, e verificou que o marido não voltara para casa. Provavelmente perdera todo o dinheiro. Ligou o portátil e procurou o número de telefone da residencial perto do hospital. 

Telefonou para saber se tinham algum quarto vago, e teve sorte. Logo tratou da reserva para mudar-se nessa mesma manhã. De seguida tomou banho vestiu-se e fez a mala com as suas roupas e objetos pessoais.

 Por fim telefonou à sogra dando-lhes conta do que tinha acontecido e da sua decisão de se separar do marido. Agradeceu-lhe o carinho com que ela e o marido sempre a trataram. Afirmou que eles seriam sempre os avós do filho que carregava no ventre e que os avisaria logo que o bebé nascesse.

De seguida, pegou nas suas coisas e abandonou a casa onde só encontrara infelicidade.

Uns dias depois o marido estava à porta do hospital, quando ela saiu.

Entregou-lhe o dinheiro que tinha tirado de casa, pediu desculpas, disse que ela era toda a sua vida, que não podia viver sem ela, pediu-lhe para voltar para casa, fez promessas e por fim como ela não cedeu, ameaças. Porém Anabela manteve-se firme.

Quinze dias depois, durante um turno noturno foi acometida de dores intensas no ventre ao mesmo tempo que começava com uma hemorragia. Pensando que algo se passava com o bebé, que estava a abortar, comunicou à sua chefe que logo entrou em contacto com a área da maternidade e pediu a presença do médico de serviço.

Observada pelo obstetra e depois de ter feito uma ultrassonografia foi informada de que a sua gravidez era ectópica e que tinha de ser submetida a uma cirurgia urgente para a retirada do feto. Ela estava com quinze semanas, corria o risco de rompimento da trompa e consequente hemorragia interna que poria em risco a sua vida.

Foi operada na manhã seguida, e caiu numa depressão. Anabela sentia-se como se fosse perseguida por alguma maldição.

24.1.23

POESIA ÀS TERCAS - AL BERTO - SE UM DIA A JUVENTUDE VOLTASSE



 Se um Dia a Juventude Voltasse

se um dia a juventude voltasse
na pele das serpentes atravessaria toda a memória
com a língua em teus cabelos dormiria no sossego
da noite transformada em pássaro de lume cortante
como a navalha de vidro que nos sinaliza a vida

sulcaria com as unhas o medo de te perder… eu
veleiro sem madrugadas nem promessas nem riqueza
apenas um vazio sem dimensão nas algibeiras
porque só aquele que nada possui e tudo partilhou
pode devassar a noite doutros corpos inocentes
sem se ferir no esplendor breve do amor

depois… mudaria de nome de casa de cidade de rio
de noite visitaria amigos que pouco dormem e têm gatos
mas aconteça o que tem de acontecer
não estou triste não tenho projectos nem ambições
guardo a fera que segrega a insónia e solta os ventos
espalho a saliva das visões pela demorada noite
onde deambula a melancolia lunar do corpo

mas se a juventude viesse novamente do fundo de mim
com suas raízes de escamas em forma de coração
e me chegasse à boca a sombra do rosto esquecido
pegaria sem hesitações no leme do frágil barco… eu
humilde e cansado piloto
que só de te sonhar me morro de aflição

Al Berto, in 'Rumor dos Fogos'

23.1.23

CICATRIZES DA ALMA - PARTE IX


A certa altura, Óscar aproximou-se e meteu conversa com um dos jovens do grupo de Anabela, que tendo já bebido mais do que devia, o convidou a juntar-se à festa.

Ele aproveitou para se aproximar da jovem, e não mais a deixou, enredando-a na sua teia de sedutor.

Quando Maria Rosa e o namorado lhe fizeram saber que eram horas de regressar a casa e Óscar perguntou se podia acompanhá-los, Anabela não viu inconveniente. Afinal ele tinha-se mostrado muito gentil, coisa a que a jovem não estava muito habituada.

Muito tempo depois, Anabela perguntava-se onde tinha a cabeça para ter confiado num desconhecido tão rapidamente, mas a verdade é que ela parecia ter ficado completamente cega e surda a todas as advertências que os amigos mais chegados lhe faziam, sobre um namoro tão rápido e um casamento relâmpago, mal tinha começado a trabalhar no Serviço de Medicina Física e de Recuperação no Hospital de Santa Maria.

Todavia o casamento foi a maior deceção da sua vida. Em vez do lar e da família com que sonhava, Anabela teve quase três anos de inferno. 

Quando pouco tempo depois do casamento, Anabela começou a notar as alterações bruscas de humor do marido, chegou a pensar se ele não seria bipolar. Chegou até a tentar convencê-lo a procurar ajuda médica.

Viria a descobrir que o problema era outro, acidentalmente através de um pequeno caderno de apontamentos que ele deixara cair sem se aperceber e ela encontrara entre a mesa de cabeceira e a cama, enquanto limpava o quarto. Ele era um viciado no jogo.

  Cedo ela aprendeu a saber quando ele perdia ou ganhava pela maneira como se comportava.

Inicialmente eram apenas as alterações de humor, com o tempo começaram as agressões psicológicas. Depois, o dinheiro que guardava na cómoda para o governo mensal que desaparecia. Verdade que quando ganhava, ele repunha a quantia, às vezes até mais do que levara, mas a incerteza em que vivia, e os maus humores do marido roubaram-lhe a alegria, e faziam com que vivesse com o coração e a alma repletos de tristeza. Os únicos momentos de alegria que tinha, eram os que passava em casa da amiga Paula, com a sua filhinha Patrícia, de quem ela era madrinha.

Estava casada há dois anos quando ficou grávida. Não fora uma gravidez desejada, ela tomava a pilula, mas uma inflamação gástrica e a medicação que fizera, tinham anulado o efeito da pílula.

 Profissionalmente era considerada pelos médicos e colegas como uma excelente profissional. Mas como pessoa continuava a ser uma jovem ingénua. Tanto assim que que se encheu de esperança, julgando que a gravidez ia mudar o marido e fazer dele um homem responsável.

Foi mais um choque a juntar ao que tivera quando descobrira a verdade sobre o marido porque quando lhe contou, ele gritou com ela, disse que não queria filhos, que não tinha paciência para aturar pirralhos, e mandou que ela se livrasse da criança.

 Discutiram e ele deu-lhe um encontrão que a derrubou no chão da cozinha. Quando depois dele sair de casa, telefonou a Paula, ela e o marido imediatamente a foram buscar para sua casa e a aconselharam a pedir o divórcio.

22.1.23

DOMINGO COM HUMOR


 




Estavam dois malucos a conversar e gaba-se um:
- Ontem evitei um roubo!

Diz a outro:
- Então, apanhaste o ladrão em flagrante?

Responde o maluco:
- Não! Tirei o dinheiro da carteira antes do ladrão…




Diz a mulher para o marido:
- Agora, no meu aniversário, bem me podias oferecer qualquer coisa em ouro! Uma gargantilha, por exemplo.

O marido não respondeu. E a mulher insiste:
- Ouviste o que te pedi?! Qualquer coisa em ouro! Se não for a gargantilha, olha, oferece-me um alfinete de peito!

O marido continuava calado. E ela, já furiosa, berrou:
- Tu não ouves homem?!

O marido finalmente responde:
- O silêncio é de ouro…




Casualmente, dois amigos alentejanos encontram-se ao fim do dia. Diz um:
- Neste fim de semana vi-te a fazer Jogging!

Responde o outro alentejano:
- E faço isso todos os dias, depois que me reformei.

O primeiro:
- Mas, com essa atividade toda, até me parece que estás mais gordo!

O diz o segundo:
- Pois estou, pá! É que, no fim das caminhadas, fico cá com um apetite…




Um alentejano, numa visita a Lisboa, entrou num café e pediu uma cerveja em lata. O empregado entregou-lhe a cerveja e qual não foi a sua surpresa quando viu o alentejano sacar de uma abre-latas do bolso e começar a abrir a cerveja.

- O que estás a fazer?! – resmungou inconformado. – Você não sabe para que serve essa argolinha em cima da lata?

E diz o alentejano:
- Ora pois, mas claro que sei! É para aqueles que esquecem de trazer o abre-latas…




Um alentejano vai para a tropa e na distribuição dos quartos ele é avisado:
- A única vaga que há é no quarto com o Hélio que ressona muito alto e ninguém quer dormir com ele…

- Não têm importância nenhuma, fico mesmo com esse! – diz o alentejano

Na manhã seguinte encontram-se ao pequeno-almoço:
- Então, conseguiu dormir alguma coisa? – pergunta-lhe o outro soldado.

Responde o alentejano:
- Dormi lindamente, muito obrigado.

Espantado pergunta o primeiro:
- Como é que conseguiu? Toda a gente se queixa que o ressonar do Hélio é insuportável!

Explica o alentejano:
- Quando cheguei ao quarto, ele estava realmente a ressonar muito alto, mas depois despi-me, dei-lhe um beijo na boca e disse-lhe “boa noite”. Ficou toda a noite acordado de olhos bem abertos… Um sossego!

21.1.23

PORQUE HOJE É SÁBADO



António Zambujo - Trago Alentejo na Voz

POESIA ÀS TERÇAS - BERTOLT BRECHT - LOUVOR DO ESQUECIMENTO

 

Louvor do Esquecimento

Bom é o esquecimento.
Senão como é que
O filho deixaria a mãe que o amamentou?
Que lhe deu a força dos membros e
O retém para os experimentar.

Ou como havia o discípulo de abandonar o mestre
Que lhe deu o saber?
Quando o saber está dado
O discípulo tem de se pôr a caminho.

Na velha casa
Entram os novos moradores.
Se os que a construíram ainda lá estivessem
A casa seria pequena de mais.

O fogão aquece. O oleiro que o fez
Já ninguém o conhece. O lavrador
Não reconhece a broa de pão.

Como se levantaria, sem o esquecimento
Da noite que apaga os rastos, o homem de manhã?
Como é que o que foi espancado seis vezes
Se ergueria do chão à sétima
Pra lavrar o pedregal, pra voar
Ao céu perigoso?

A fraqueza da memória dá
Fortaleza aos homens.

Tradução de Paulo Quintela

20.1.23

CICATRIZES DA ALMA - PARTE VIII

 

Nos anos seguintes enquanto Anabela se dedicava de corpo e alma aos estudos, muitas coisas mudaram.

Matilde aceitou uma oferta para o Hospital de St. Mary em Londres e emigrou numa noite fria de dezembro, e Paula e Diogo resolveram pôr fim a um namoro de três anos, casando-se na Primavera seguinte.

Paula continuara no apartamento, após o casamento e inicialmente ela continuara com eles, mas apesar da grande relação de amizade que as duas mulheres tinham criado entre si, Anabela, sentia-se inibida a conviver com os jovens recém-casados. Decidiu deixar o apartamento ao casal e iniciou a procura de outro quarto.

Conseguiu-o em casa de Maria Rosa, uma colega da Universidade. A jovem vivia com os pais, numa casa antiga, na Avenida do Brasil, tinha um quarto livre, que tinha sido do irmão mais velho, que tinha emigrado para a Austrália. Segundo a jovem lhe confessou, os pais faziam um grande sacrifício para lhe pagar os estudos, e pensavam alugar o quarto, para ajudar a equilibrar as contas. Assim, Anabela resolvia o seu problema, e ajudava os pais de Maria Rosa a aliviar as despesas.

Um ano depois, Paula fora mãe de uma linda bebé, e Anabela que já fora a madrinha de casamento da amiga, foi convidada para madrinha da bebé, estreitando cada vez mais a relação de amizade entre as duas.

Aos vinte e sete anos, Anabela terminou o seu Curso de Enfermagem com excelentes notas, tal como já tinha terminado o Curso de Fisioterapeuta quatro anos antes.

E foi precisamente no bar onde fora com outros finalistas festejar o fim do Curso que ela conhecera Óscar.

Ele encontrava-se encostado ao balcão e era um homem bem parecido, alto de cabelos e olhos escuros, e sorriso fácil.

Por momentos os olhos dos dois encontraram-se e o sorriso dele abriu-se mais, enquanto inclinava levemente a cabeça como se estivesse cumprimentando-a.

Anabela, virou a cara envergonhada. Ela não tinha experiência de namoros. Aprendera da pior maneira aos dezassete anos, que uma jovem órfã e sem dinheiro, não servia para namorar a sério. Fora o que lhe dissera o namorado a quem pediu explicações quando ele a deixou depois de com promessas enganosas a ter levado para a cama. Desde aí, ela nunca mais tivera qualquer relação com o sexo oposto a não ser a de uma amizade pura com o marido da Paula, ou com algum colega na clínica enquanto lá trabalhou.

Apesar dos anos que já vivia na cidade, no fundo ela continuava a ser a jovem simples da aldeia. Um dia lera em qualquer lado, que se pode tirar uma pessoa da aldeia, mas não se pode tirar a aldeia da pessoa. E ela sentia que era verdade.


E ontem chegamos aos 60.000 comentários. Obrigado a todos que leem e deixam a vossa opinião.


18.1.23

CICATRIZES DA ALMA - PARTE VII

 



Uma hora depois, Anabela saía de Lagos em direção à capital. Enquanto conduzia, as recordações dos últimos doze anos, passavam-lhe pela mente como uma fita cinematográfica. Lembrou de quando finalmente conseguiu o emprego na clínica. Acabara despedindo-se de dona Ema e do marido com tristeza, pois nos dez meses que levara na sua casa, o seu coração sedento de carinho, fora conquistado pelo trato familiar com que os idosos sempre lidaram com ela.

Infelizmente, o emprego não lhe permitia continuar a dar-lhes a assistência que eles precisavam, mas permitiram que ela ficasse lá em casa até que arranjasse um quarto, coisa que aliás conseguiu rapidamente, pois três dias depois, no seu novo emprego.

 Em conversa com Paula, a colega da receção, soube que esta vivia num apartamento que dividia com uma enfermeira, e uma estudante de enfermagem.

 Porém no mês anterior, Joana, a enfermeira, casara e fora-se embora. E a renda ficara  mais onerosa, para as duas. Por isso preparava-se para pôr um anúncio para alugar o quarto livre. Claro que Anabela imediatamente aproveitou a oportunidade, e no fim de semana seguinte despediu-se do casal e mudou-se para o apartamento.

Porém durante os anos seguintes, enquanto o casal foi vivo, Anabela não deixou de os visitar, pelo menos uma ou duas vezes por mês. Porque ela era agradecida a todo o carinho com que sempre a trataram.

 Na nova morada, rapidamente se ajustou com a rotina de uma casa habitada por três pessoas, sem outros vínculos, que o companheirismo. A empatia entre ela e a colega Paula foi quase instantânea. Com Matilde a jovem estudante de enfermagem, foi um pouco mais demorada, mas ao fim de seis meses, as três eram amigas e confidentes. Matilde terminou nesse ano os estudos e pouco depois estava a trabalhar num hospital particular.

Anabela gostava do seu trabalho, mas queria mais. Gostaria de passar da receção para o tratamento das pessoas. Depois de falar com alguns colegas, e saber tudo sobre o curso, decidiu matricular-se na Universidade, no Curso pós-laboral pensando dedicar-se de alma e coração aos estudos.

A meio do terceiro ano do Curso de Fisioterapia, a agência imobiliária conseguira finalmente vender a casa, precisamente a uma empresa que se dedicava ao turismo rural.

Quando assinou a escritura e se viu dona de tanto dinheiro, ela que nunca tivera nada, decidiu aplicar uma boa parte desse dinheiro em ações de empresas que lhe garantiam um bom ganho, bem como em títulos do tesouro. O restante deixou numa conta à ordem, decidida a iniciar o Curso de enfermagem no próximo ano letivo.

Afinal a saúde era a sua área de preocupação, e tratar dos outros a sua vocação. No ano seguinte acabaria o Curso de Fisioterapeuta, os dois cursos tinham algumas disciplinas iguais e se ela não trabalhasse e se dedicasse inteiramente aos estudos, poderia iniciar o Curso de enfermagem diurno ao mesmo tempo que terminava o outro de noite. Afinal nos testes ao QI que a “avó” Arminda insistira para ela fazer, no último ano do Secundário, não lhe disseram que o seu QI era de 140?

Contou os seus sonhos às duas amigas e companheiras e tanto Paula, quanto Matilde a encorajaram a realizá-los.

17.1.23

POESIA ÀS TERÇAS - JÚLIO CORTÁZAR

 


OS AMANTES


Quem os vê andando pela cidade

se são todos cegos?
De mãos dadas: algo fala
entre seus dedos, línguas doces
lambem a palma úmida, percorrem as falanges,
e acima está a noite cheia de olhos.

Eles são os amantes, sua ilha flutua à deriva
em direção a mortes de capim, em direção a portos
que se abrem entre lençóis.
Tudo se desordena através deles,
tudo encontra sua figura oculta;
mas eles nem sabem
que enquanto rolam em sua areia amarga
há uma pausa no trabalho do nada,
o tigre é um jardim que brinca.

Amanhece nos carrinhos de lixo,
os cegos começam a sair,
o ministério abre suas portas.
Amantes rendidos olham e tocam
mais uma vez antes de cheirar o dia.

Já estão vestidos, vão para a rua.
E é só então
quando estão mortos, quando estão vestidos,
que a cidade os recupera
hipocritamente e lhes impõe seus deveres cotidianos.

Autor do poema: Julio Cortázar

Biografia AQUI

16.1.23

CICATRIZES DA ALMA - PARTE VI



 

Anabela, foi à cozinha, apanhou a roupa que pusera a enxugar na véspera, e levou-a para o quarto, onde as meteu na mala com a restante roupa, deixando de fora apenas aquela que iria vestir para a viagem. Retirou os lençóis da cama, e meteu-os num saco de plástico para levar para lavar e fez a cama de novo com os lençóis da casa, que tinha retirado quando chegara. 

Foi à casa de banho e limpou-a, não sem antes retirar e guardar todos os seus produtos de higiene. Depois despiu o robe e vestiu-se, metendo o robe no saco com os lençóis sujos. Deu um olhar ao espaço a ver se não se esquecia de nada, pegou nas suas coisas e levou-as para junto da porta. Verificou uma vez mais as janelas e as restantes divisões, e saiu.

No elevador carregou no primeiro andar e entregou as chaves à dona Julieta, sogra da Paula, dizendo-lhe:

- Bom dia. Tenho de regressar inesperadamente. Deixei o frigorífico ligado pois tenho lá carne e um polvo. Está demasiado calor para levar na viagem, nem sequer tenho uma geleira. E é um crime deitar fora, a senhora pode aproveitar. Peço-lhe que vá lá buscá-los e de seguida desligue o frigorífico.

- Obrigada. Mas que pena, ter de ir já, o tempo está tão bom para a praia.

- Bom, tenho de ir. Quer que leve alguma coisa à Paula?

- Na verdade, para ela não, mas tenho ali uma casinha de bonecas para a minha neta. Como ela faz anos para a semana e provavelmente só a vou ver para o Natal...

-Então vá buscar. A mãe guarda-a até ao dia de aniversário e ela vai ficar radiante.

A senhora foi até à sala e voltou com um embrulho enorme dizendo:

-Eu vou até lá abaixo ao carro, consigo. Isto não pesa, mas é grande e tem as suas coisas para levar.

Minutos mais tarde, Anabela tinha guardado tudo no carro e despedia-se de dona Julieta com um abraço.

-Obrigado, por tudo.

-Vá com Deus, minha filha. E diga lá à minha gente que estou cheia de saudades.

Anabela entrou no carro, levantou o braço e com um último aceno para a senhora que continuava na entrada do prédio, partiu em direção à baixa, onde pretendia dejejuar antes de seguir viagem.

15.1.23

DOMINGO COM HUMOR


 


Um casal acabado de casar vai passar a primeira noite juntos. A excitação está ao máximo! A noiva sai primeiro do banho, toda cheirosa enrolada numa toalha. O marido espera-a deitado na cama e diz:
- Querida, agora que somos casados, podes-me deixar ver o teu corpo?!

A noiva tira então a toalha, revelando um corpo de deusa.

- Amor, és tão linda… Deixa-me tirar uma foto! – Arrisca o homem.

Espantada, responde a mulher:
- Queres-me tirar uma foto nua?!

Esclarece o homem:
- Sim, querida! Assim poderei carregar-te em permanência junto ao meu coração e bastará olhar para a foto para me lembrar desta noite em que foste minha pela primeira vez.

Encantada pelas palavras do marido, a mulher deixa-o tirar umas fotos. Todo contente, foi a vez dele ir tomar banho.

Quando ele sai todo cheiroso e coberto também por uma toalha, a mulher diz-lhe:
- Querido, já que estamos casados, quero que tires essa toalha e fiques nu para mim…

O marido deixa cair a toalha e revela sua nudez. A mulher exclama, sempre com os olhos em determinado lugar:
- Também quero tirar uma foto!

O marido todo orgulhoso sorri e pergunta:
- Porquê amor?

E responde ela:
- Para mandar ampliar.




Um marido desconfia que a mulher o anda a enganar. Um dia, inventa uma saída em viagem de negócios, mas passadas umas horas volta a casa e vê a mulher na cama com um volume ao seu lado sob os lençóis. Levanta-os e descobre um homem todo nu.

- Que vem a ser isto? – Resmunga o homem.

Responde a mulher:
- Ó amor, sabias que aquele belo automóvel, que gostas tanto, que está na garagem foi este senhor que nos ofereceu? E o barco que temos em Cascais… também. Já para não falar na nossa casinha de férias…

Expectante, arrisca o marido:
- Também foi este amigo?

Responde a mulher:
- Nem mais!

Preocupado diz o marido:
- Então tapa-o amor, não vá ele se constipar…




Um homem decide desabafar com um amigo:
- Eu tinha tudo! Dinheiro, uma casa bonita, um carro desportivo, o amor de uma linda mulher, e então… tudo acabou.

- O que aconteceu? – perguntou intrigado o amigo.

Explica o homem:
- A minha mulher descobriu…




Uma mulher passeava de carro e ao parar no semáforo foi abordada por uma mendiga,  muito suja,  de péssima aparência,  que lhe pediu dinheiro para comida.

Ela pegou em 50€ e perguntou:
- Se lhe der este dinheiro,  você vai sair com as amigas e gastar tudo?

Diz a mendiga:
- Que é isso,  minha senhora, não tenho amigas, moro na rua…

Continua a mulher:
- Não vai andar pelas lojas e gastar tudo?

Responde a mendiga:
- Não entro nas lojas, porque não me deixam. Gasto só com a comida!

Ainda não satisfeita, continua a mulher:
- Não vai ao salão fazer cabelo e unhas?

Diz a mendiga:
- A senhora tá maluca?!?!… Nem sei o que é um salão…

Já satisfeita, diz a mulher:
- Bom, não vou te dar dinheiro,  mas entre no carro que vai jantar comigo e com o meu marido.

A mendiga pasma:
- Mas o seu marido vai ficar furioso! Não tomo banho há que tempos, estou imunda e fedorenta…

Responde a mulher:
- Não faz mal,  quero que ele veja como fica uma mulher quando não sai com amigas, não faz compras,  nem vai ao salão tratar do cabelo e unhas…




Um homem chega a casa às 7 da manhã, enquanto a mulher o espera à porta:
- Chegaste tarde a casa, Super-Homem?

- Não, querida, eu estive num jantar de negócios… – responde o marido.

Insiste a mulher:
- De certeza, Super-Homem? Não terá sido com os teus colegas de trabalho?

Responde o marido:
- Pronto, ok, apanhaste-me! Eu fui com eles a um bar de strip, mas eu não fiz nada! Fiquei só a ver!

Insiste novamente a mulher:
- Tens a certeza, Super-Homem?

- Olha lá, porque é que me estás a chamar Super-Homem?! – pergunta intrigado o homem.

Explica a mulher:
- Que eu saiba só o Super-Homem é que veste as cuecas por cima das calças!