- Estás à espera de quem?
tens família?
- Estás à espera de quem?
Nasceste a 28 de junho, noite de S. Pedro, há 42 anos . Eras tão pequenino. Uma miniatura de gente
A primeira ida à praia....Aproveitando que estavam sozinhas, Helena perguntou:
- Como está a tua relação com o Fernando?
- Não sei se posso dizer que tenho outra relação que não
seja a de empregada patrão, além da amizade que sempre tivemos.
-Mas, todos sabemos do amor que te tem, e com esta
convivência mais assídua, não surgiu nenhuma chama entre vocês? Nem um beijo?
Desculpa a curiosidade, mas ele disse ao teu irmão que tinha muita esperança de
que em breve aceitasses o seu amor.
- Na verdade temos trocado uns beijos apaixonados. A química
entre nós é muito grande, mas não consigo esquecer o Quim e a sua morte
repentina. Morro de medo de me entregar de corpo e alma a um novo sentimento e
de um momento para o outro voltar a sofrer um desgosto igual.
- Não chegaste a
procurar a ajuda de um psicólogo? Laura, precisas de ajuda especializada para
ultrapassar esse pânico. O próprio Fernando te podia ajudar, mas se não queres
contar-lhe, posso dar-te o número de telefone de uma psicóloga. Ela é muito
boa, foi ela que ajudou a Rita a ultrapassar o divórcio do seu primeiro marido,
que quase a destruiu.
Não podes viver com esse pânico, agora que te apaixonaste de
novo. Nem renunciar a uma vida que não só te iria fazer feliz, mas que seria
igualmente boa para as crianças. Elas adoram-no. E necessitam de alguém que
ocupe o lugar do pai nas diversas situações que vão encontrar na vida, para os
ajudar a encontrar o caminho certo.
Tu sabes que criei a Matilde sozinha. Eu pensava que lhe bastava e que ela era feliz. No entanto a sua alegria, quando conheceu o pai e a Matilde de agora que casamos e ela sente a presença do pai todos os dias é uma jovem muito mais equilibrada e feliz.
Talvez a Sara, nunca encare o
Fernando como um pai, ela tem viva a memória do Quim, mas ela adora-o e vai
sempre vê-lo como um tio querido. Mas para Miguel é totalmente diferente.
Primeiro porque os rapazes por norma sentem sempre mais a falta de uma figura
masculina, que seja o seu herói, depois ele nunca conheceu o pai.
-Eu sei tudo isso, repito-o a mim mesma, vezes sem conta. Sei que o Fernando os ama muito, conheço-o desde criança e embora estivéssemos afastados vários anos após ter conhecido e casado com o Quim, ele sempre esteve presente em casa dos meus pais e junto do Gonçalo. É um homem de sentimentos firmes, que amava muito os seus pais e que se sente solitário e carente desde que eles morreram.
Sei que será um bom pai para os meus filhos, mas
a o meu medo é maior de que tudo o resto. eu não conseguiria resistir a outra morte repentina, a passar pelo mesmo que
já passei com o Quim. Tu não sabes o que é estar com uma pessoa que amas de
todo o coração, a passar um serão em família, e de um momento para o outro ele
diz que está com uma dor de cabeça terrível. Levantei-me para ir buscar um
comprimido e um copo de água e quando voltei já estava inconsciente.
Chamei a ambulância,
que o levou para o hospital e fiquei à espera que uma amiga chegasse para ficar
com a Sara. Quando cheguei ao hospital disseram-me que ele chegara já sem
quaisquer sinais vitais e que não conseguiram reanimá-lo. Não houve tempo
para um beijo, para um amo-te, para nada que o pudesse consolar naquela hora.
-Deve ter sido extremamente doloroso, para ti, mas devia consolar-te a certeza de que ele não sofreu. E já se passaram mais de
três anos. O teu coração começa a abrir-se de novo para o amor. Não podes
deixar que esse medo irracional te vença.
A vida é mesmo assim acontece a qualquer um a qualquer hora.
De um aneurisma, de um ataque cardíaco, de um acidente de automóvel. Pega o
telemóvel e toma nota do número da minha amiga psicóloga. Ou abre o teu coração para o
Fernando, ele pode ajudar-te.
- Mas o que fazem vocês as duas, aí a cochichar? - disse Gonçalo
entrando na cozinha.
- Não sentes as orelhas a arder? – perguntou Fernando
rindo-se atrás dele.
Dois grupos alugaram um autocarro de dois andares para irem passear até ao jardim zoológico, era um grupo de loiras e o outro de uma casa de reformados. O grupo de reformados ficou no andar de baixo e as loiras ficou no andar superior.
Logo que a viagem começa, o grupo de baixo sempre muito animado está a divertir-se imenso. Um dos velhinhos apercebe-se que não ouve nada do andar superior e, sendo ele um perfeito cavalheiro, decide ir até lá investigar. Quando chega ao andar de cima, vê as loiras todas com um ar muito assustado, espantadas e agarradas ao banco da frente. Ele pergunta:
- Que diabo se passa aqui? Lá em baixo estamos a divertir-nos imenso!
Uma das loiras olha e diz:
- Sim, mas vocês têm um condutor!
A jornalista tenta iniciar uma entrevista com um alentejano, que minuciosamente estudava o firmamento, debaixo do chaparro. Então, virando-se para o alentejano, diz:
- Aquele monte além dá trigo?
E o alentejano:
- Nã dá nada…
E, continua a jornalista:
- E dá batata?
E o alentejano:
- Nã dá batata não…
E, mais uma tentativa, a jornalista:
- Então dá centeio?
O alentejano:
- Nã dá nada porra!!
A jornalista, para não desistir da entrevista, faz mais uma tentativa:
- E semeando milho?
E o alentejano responde:
- Ahhh! Semeando já é outra conversa…
Numa cidade do interior, todas as mulheres que traiam o marido, ao se confessarem ao padre, diziam que haviam caído no buraco. O velho padre morreu, e entrou um padre novo que não tinha conhecimento do buraco. E varias mulheres durante a confissão diziam-lhe todas o mesmo: que tinham caído no buraco. O padre como desconhecia a história, ia dizendo:
- Mas isso não é pecado minha filha.
Certo dia o padre foi falar com o Presidente da Câmara. Disse-lhe que ele deveria fechar as ruas da cidade, porque estavam com muitos buracos. O Presidente como já sabia da história por conversas anteriores com o antigo padre, começou a rir-se. Então o padre respondeu-lhe:
Não sei porque se ri. A sua mulher esta semana já caiu três vezes...
O sexo visto por diferentes profissionais:
Para os médicos, é uma doença, porque acaba sempre na cama.
Para os advogados, é uma injustiça, porque há sempre um que fica por baixo.
Para os alentejanos, é uma máquina perfeita, porque é a única em que se trabalha deitado.
Para os arquitetos, é um erro de projeto, porque a área de lazer fica muito próxima da área de saneamento.
Para os políticos, é um ato de democracia perfeito, porque todos gozam independentemente da posição.
Para os economistas, é um efeito perverso, porque entra mais do que sai. Às vezes, nem se sabe bem o que é ativo, ou passivo, ou se há valor acrescentado.
Para os contabilistas, é um exercício perfeito: entra o bruto, faz-se o balanço, tira-se o bruto e fica o líquido. Em alguns casos, pode ainda gerar dividendos.
Para os matemáticos, é uma equação perfeita. A mulher coloca a unidade entre parênteses, eleva o membro à potência máxima e extrai-lhe o produto, reduzindo-o à sua mínima expressão.
Para os psicólogos, é f***** de explicar.
Numa convenção subordinada ao tema "sexualidade", o orador a páginas tantas questiona a audiência:
- Quem é que daqui, faz amor todos os dias, levante o braço.
Vários braços se levantaram.
De seguida, continua o orador:
- Podem baixar. Quem é que daqui, faz amor uma vez por semana, levante o braço.
Mais alguns braços se levantaram.
- E quem é que daqui, faz amor uma vez por mês, levante o braço.
Mais alguns braços se levantaram.
Podem baixar. E quem é que daqui, faz amor uma vez por ano?
Ninguém se mexia. Nisto um homem bem no fundo da audiência levantou o braço todo contente e disse:
- Eu! Eu faço amor uma vez por ano! Eu!...
Diz-lhe então o orador:
- Então o senhor faz amor uma vez por ano e está todo contente?
- É que calha hoje!... calha hoje!...- respondeu o homem.
O verão terminou, as folhas das árvores trocaram o verde
pelos tons alaranjados e depois começaram a cair, o céu deslumbrava com ocasos
que pareciam paletas de cores, apareceram as primeiras chuvas e o sol deixou de
aquecer. Era o outono em todo o seu esplendor. O ano aproximava-se do fim a
passos largos. Miguel adaptou-se muito bem à creche, todavia começou a fazer
perguntas incómodas, como porque é que ele não tinha pai. Laura achava que ele
ainda era muito pequenino para uma explicação correta sobre a vida e a morte,
então disse-lhe que o pai estava no céu, era uma daquelas estrelinhas que ele
via à noite a brilhar lá em cima no espaço. Mas então o menino perguntou porque
é que ele não era filho de um homem, e sim de uma estrela. E quanto mais a mãe
explicava mais o menino queria saber.
Então Sara, pegou na fotografia do pai e disse-lhe:
- Este é o nosso pai. Lembras do Bobi? Ele adoeceu e morreu. Lembras-te que a mãe abriu uma cova no jardim e o enterrou? Pois bem, o pai também ficou doente, e morreu. Mas como era um homem e não um cão em vez de ser enterrado no jardim foi para o céu e lá transformou-se numa estrela.
Claro que
Sara sabia o que tinha acontecido. Já tinha nove anos quando o pai morrera,
estivera no funeral, ia ao cemitério com a mãe de vez em quando, levar flores à
campa do pai.
Felizmente o menino pareceu ficar satisfeito com a
explicação da irmã e acabou com as perguntas. Até quando ninguém sabia.
Sara continuava a boa aluna de sempre, e cada vez tinha uma
ligação maior à prima.
Laura também se adaptou muito bem ao trabalho na clínica,
estabeleceu uma boa relação de amizade com Diana com quem conversava todos os
dias pelo telefone, e gostava de trabalhar com Fernando cuja faceta
profissional lhe agradava bastante.
A meio de outubro, Rita a sócia da sua cunhada Helena, deu à
luz uma bela menina, e no início de novembro foi a vez de Diana ter um lindo
rapagão de quase quatro quilos e meio. Sara e a prima estavam doidas de
alegria, queriam ir ver os bebés todos os fins de semana, mas Miguel não
mostrava grande interesse, e dizia com uma certa graça:
“Que interesse tem ir ver os bebés? Estão quase sempre a
dormir, não falam, não brincam, quando abrem a boca ou é para chorar ou para comer.”
-És tonto, Miguel, -dizia-lhe a irmã a rir. Falas como se já
tivesses nascido assim. Há bem pouco tempo eras como eles.
A família também adquirira um novo hábito. Todos os sábados, Laura e os filhos jantavam com o irmão e a família dele. Uma semana na sua casa, outra em casa de Gonçalo. Um sábado, Gonçalo convidou Fernando, e a partir daí a presença dele tornou-se habitual nos jantares de sábado, fortalecendo assim os laços de amizade com as crianças que aliás o adoravam.
Também ganhara
o hábito de ficar um pouco mais com Laura depois das crianças irem para a cama,
aproveitando para se despedir com beijos que se iam tornando cada vez mais
intensos e apaixonados, a que Laura correspondia cada vez com mais intensidade.
Porém apesar de reconhecer que se tinha apaixonado por Fernando, continuava a
não querer ouvir falar de casamento.
Uma semana antes do
Natal, que seria celebrado na quinta dos pais de Helena, na aldeia, não só
porque a casa era grande e podiam juntar as duas famílias, bem como Rita o
marido e a filha, que tanto a cunhada como os seus pais e irmão, consideravam como
mais um membro da família. Matilde e Sara estavam radiantes, porque teriam a
companhia dos primos, o que lhes permitiria organizar jogos e outros programas
sem os mais velhos.
Naquela noite, Laura e a cunhada arrumavam a cozinha
enquanto na sala, Gonçalo e Fernando discutiam os problemas da escassez de
médicos de determinadas especialidades no SNS.
Quando o carro parou à porta de casa da jovem, Fernando saiu
do carro e acompanhou-a à porta, mas quando ela se voltou para lhe estender a
mão, ele passou-lhe uma mão pela cintura, atraiu-a a si e baixando a cabeça
beijou-a. Foi um beijo suave, cheio de
ternura, não o beijo apaixonado que gostaria de lhe ter dado, todavia ele sabia
que que se queria ter sucesso na difícil tarefa de ganhar o seu coração tinha
que ter paciência. Por isso soltou-a.
-Até amanhã. Não te peço que sonhes comigo, mas pensa com
carinho em tudo o que te disse.
Esperou que ela entrasse em casa e só então virou costas e
dirigiu-se ao seu automóvel.
Laura entrou em casa e encontrou-a às escuras e em silêncio,
sinal de que os seus filhos e os avós já dormiam. Subiu as escadas, mas antes de entrar no seu
quarto, passou primeiro pelo quarto de Miguel, depois pelo de Sara. Depois de
verificar que os filhos dormiam tranquilamente, entrou então no seu quarto e dirigiu-se
à casa de banho onde trocou a roupa que vestira, pelo pijama, escovou os dentes
e os cabelos, apagou a luz e foi para a cama.
Estava cansada, tinha que se levantar cedo, mas apesar disso
levou muito tempo para adormecer, relembrando tudo o que acontecera naquela
noite. Principalmente tudo o que Fernando
lhe dissera e o beijo que mal lhe aflorara os lábios, mas que apesar disso não
conseguia esquecer.
E pela primeira vez desde há mais de três anos, esqueceu da
sua habitual conversa com o falecido antes de adormecer.
Apesar de ter adormecido tarde, acordou cedo. Saltou da cama,
tomou o duche matinal, vestiu-se, prendeu o magnífico cabelo loiro num
carrapito. Não se maquilhou, há anos que não o fazia a não ser para um jantar
especial, ou no casamento do irmão, apenas passou um corretor para atenuar as
olheiras que denunciavam a noite mal dormida.
Saiu do carro e dirigiu-se à cozinha a fim de preparar os
pequenos almoços. Pouco depois os pais juntavam-se-lhe.
Depois de comer um iogurte e engolir uma chávena de café, Laura deixou os pais a comer e foi chamar a filha. Depois foi acordar o filho, vestiu-o, calçou-o, e levou-o para a cozinha a fim de lhe dar a taça de cereais que ele costumava comer de manhã.
Três quartos de hora depois estavam todos prontos
para saírem de casa. Laura disse aos filhos que se despedissem dos avós que iam
para casa, depois meteu o filho na sua cadeirinha e enquanto Sara se sentava ao
lado do seu irmão, Laura abraçava os pais e recomendava ao pai que não
exagerasse na velocidade e à mãe que telefonasse assim que chegassem a casa
pois ficava em cuidado.
Terminou desejando-lhes boa viagem, entrou no seu carro e
acenando um último adeus, pôs o carro em movimento dirigindo-se primeiro à
creche para deixar o filho e depois à Escola a fim de deixar a filha. Olhou o
relógio. Tinha que abrir a clínica às nove, não sabia se conseguiria chegar a
horas. Tudo dependia da intensidade do trânsito. Provavelmente no dia seguinte
teria que sair de casa uns dez minutos mais cedo.
Tinham chegado ao restaurante. Fernando estacionou o carro no parque, saiu e dava a volta ao carro, todavia Laura saiu sem esperar que ele se aproximasse para lhe abrir a porta.
-
Vamos entrar? - perguntou pegando-lhe no braço pelo cotovelo. Já estão todos à
nossa espera.
Não
era difícil saber porquê. Afinal ele tomara o caminho mais longo a fim de
prolongar o tempo a sós com a jovem.
Durante
o jantar, Aníbal, o pai de Laura; e Fernando fizeram as honras da conversa,
enquanto a jovem se mantinha atenta ao jantar do pequeno Miguel e Sara
contava à sua avó o quanto tinha gostado de passar aquela semana com a prima e
de como Matilde se sentia feliz por ter enfim o pai e a mãe juntos.
-
Sabes, avó, eu tenho muitas saudades do meu pai, mas sei que ele foi para o
céu, não voltará. Mas eu e a Matilde estivemos a conversar. Ela diz que o tio
Fernando gosta da mãe, e que se eles se casassem, podíamos voltar a ser uma
família completa.
-
E tu não te importavas se a mãe casasse com o tio Fernando? - perguntou a avó
-
Claro que não. Eu gosto muito dele. Mas parece que a mãe não.
- Não te preocupes. A tua mãe também gosta dele. Só que ainda se lembra do teu pai. E isso faz com
que não se dê conta do que sente pelo tio Fernando.
-
Sabes o que eu penso, avó? Os adultos são muito complicados. Não sei se algum dia vou
querer ser adulta.
Perante
a risada da avó, todos os olhares se viraram para ela.
-A
minha neta acaba de me dizer que não vai querer ser adulta, pois os adultos são
muito complicados, - disse Teresa perante os olhares surpresos dos restantes.
Naquele momento o empregado trouxe as
sobremesas.
Pouco
depois, pediam os cafés e a conta, entretanto Miguel já cabeceava os olhitos
fechados, morto de sono. Laura levantou-se e pegou-lhe ao colo, mas logo Aníbal
estendeu os braços e retirou o neto do colo da mãe, dizendo:
-Nós
deitamos as crianças não te preocupes. É melhor que vás com o Fernando, amanhã
é o teu primeiro dia de trabalho, podem ter alguma coisa a conversar sobre
isso.
Laura
não disse nada, embora no seu rosto fosse bem visível o quanto as palavras do
pai a contrariavam, enquanto Fernando dizia sorrindo.
-Bom,
então despedimo-nos aqui, para que vocês também se possam recolher e descansar.
Abraçou
o casal com o mesmo carinho com que um filho o faria, deu um beijo no bebé
adormecido, e depois baixou-se para ficar ao nível de Sara, e abraçou a menina
dizendo:
-
Até outro dia, princesa. Dorme bem. Prometo que levo a tua mãe para casa, sã e
salva, daqui a pouquinho.
Esperou
até que entraram no carro, e só então se dirigiu ao seu automóvel, seguido pela
jovem. Não lhe tocou, pois sabia que ela reagiria mal, zangada como estava com
os pais.
Ligou o motor mas em vez de pôr o carro a trabalhar, virou-se para ela e disse:
-Vamos,
desabafa essa raiva que sentes. Embora não tenha tido culpa nenhuma na situação, eu aguento.
-
Parece que sou um traste de quem eles se quem livrar, - disse ela magoada. E
tu também tens culpa. Podias dizer que tinhas um compromisso inadiável, e eu
teria ido com eles.
- Mas não tinha e não me agradam as mentiras. E tu sabes tão bem como eu, que eles te querem muito, que não lhes agrada a solidão em que vives e se estão sempre a tentar juntar-nos é porque me conhecem de toda a vida, sabem que nunca amei outra mulher que não fosses tu, e que serei um bom pai para os teus filhos.
Sei que não te sou indiferente, senti o teu coração bater em uníssono com o meu, senti o teu corpo tremer nos meus braços, quando dançámos juntos no casamento do teu irmão e sinto-o sempre que te toco. Se assim não fosse já te tinha deixado em paz, como o fiz quando me mandaste embora, há quase dois anos.
Também sei que ainda não
estás preparada para te entregares a um novo amor, mas eu sou paciente. E quero que saibas que enquanto estiveres na clínica,
podes estar descansada, que não terei nenhuma atitude diferente daquela que
teria com qualquer outra assistente.
-Quem
será? Não estava à espera de ninguém, e vocês?
-
Nós também não. Ou pensas que combinávamos jantar fora se estivéssemos à espera
de alguém? – respondeu a mãe com um ar de inocência muito convincente
Naquele
momento a campainha tocou, e Sara apressou-se a ir abrir.
-É
o tio Fernando, - gritou antes de se pendurar no pescoço dele para o beijar.
-
Se vinhas ver os noivos, eles já foram – disse Laura aparecendo junto deles.
-
Olá -respondeu ele sorrindo. Eles passaram por minha casa, e disseram-me que os
teus pais se iam embora amanhã. Vinha despedir-me, mas vejo que vão sair.
-
Vamos jantar fora, - apressou-se a dizer dona Teresa. Mas vem connosco, estás
convidado, ou já jantaste?
-
Na verdade, não.
-
Então não se fala mais nisso. Na
verdade, podes levar a Laura contigo, nós levamos as crianças, escusamos de ir
tão apertados.
-
Mãe! – disse Laura envergonhada. Não seria melhor irem vocês os três, e eu
jantava em casa com as crianças? Afinal o Fernando vinha despedir-se de vocês.
-Era
só o que faltava. Tens o ano inteiro para jantar com as crianças. Hoje vamos
jantar todos juntos, e acabou-se a conversa, - respondeu a mãe.
Vencida,
mas não convencida, logo que entraram no carro Laura disse:
-Meu
Deus, a minha mãe não faz mais do que empurrar-me para os teus braços. Sinto-me
envergonhada
-
Porquê?
-Parece
que eu sou uma mercadoria que ninguém quer, encalhada na Loja.
-
Nada disso. Toda a tua família como a minha sabem de há muito tempo, do meu
amor, por ti. A minha mãe, fartou-se de
chorar quando casaste e vivia desgostosa por saber que não conseguia
esquecer-te e ia morrer sem chegar a conhecer os netos.
-Mas,
eu nunca soube dos teus sentimentos. Para mim eras um irmão, embora não
fossemos do mesmo sangue o meu sentimento por ti era o mesmo que tinha pelo
Gonçalo.
-Eu
sei. Por isso mesmo não lutei por ti na época. Mas hoje é diferente. Estás viúva
há mais de três anos, não me podes impedir de ter esperanças.
-
Mas eu ainda não esqueci o Quim…
-Nem
eu espero que o esqueças. Foi o teu primeiro amor e o pai dos teus filhos.
Mas
Laura, eras uma jovem mimada que nada sabia da vida, quando o conheceste e
casaste. Hoje és uma mulher que conhece as alegrias e tristezas que a vida acarreta.
Sofreste a dor da perda, amadureceste. A jovem que casou com o Quim ficou lá no
passado, tenho a certeza que a mulher que és hoje, será capaz de me amar como
eu te amo se abrires o coração a uma nova oportunidade.
Laura
estava espantada consigo própria. Como é que ela se permitia falar assim
abertamente com ele. Será que Fernando tinha razão? Estaria ela a
transformar-se numa nova mulher?
Vejamos se hoje o técnico consegue acabar com a Internet "vai e vem" que tenho há mais de 10 dias