No
fim de semana Laura andou num redopia entre a ansiedade de Matilde, cujos pais
regressavam da lua-de-mel, a persistência da mãe, que insistia em que era mais
que tempo de terminar o luto e dar um novo rumo à sua vida, a chegada dos
noivos, o jantar de comemoração num restaurante da moda, oferecido pelo
padrinho e a preparação mental para a separação do filho, Miguel, que ia para a
creche no início da semana, além do emprego que ia iniciar e que a ia por em
contacto diário com Fernando com quem toda a família parecia querer vê-la
casada.
No
Domingo, teve oportunidade de uns momentos a sós com a cunhada, com quem
desabafou um pouco das suas preocupações.
Na verdade, ela e Lena, sentiram uma empatia imediata, no dia em que se
conheceram e depressa se tornaram amigas.
-
Não vejo razão para estares preocupada, - disse-lhe a cunhada. Afinal o trabalho
é decerto bem mais fácil do que preparar uma aula para mais de vinte alunos. E,
segundo sei vocês conhecem-se de toda a vida, o Fernando pelo que tenho observado
é educado e simpático. Do que tens medo? Dele ou de ti?
- Na verdade, não sei. Como dizes conheço-o de toda a vida, fomos amigos de brincadeiras, sempre o olhei como um irmão. Quando fiquei viúva, ele foi um apoio muito importante, principalmente para a Sara, que adorava o pai e a quem eu, devastada pela minha dor, reconheço não ter apoiado tanto quanto devia. Um dia, surpreendo o Fernando olhando-me de uma forma estranha.
Olhava-me como um homem olha para uma mulher que deseja. Fiquei escandalizada e disse-lhe a Sara já estava melhor e que o Miguel precisava de toda a minha atenção e pedi-lhe que não voltasse.
Ele afastou-se, mas de súbito os meus pais e o teu marido, começaram
a dizer-me que tinha de tentar esquecer o Quim e recomeçar a minha vida, que os
meus filhos precisavam de uma figura masculina, que o Fernando era uma ótima
pessoa e seria um bom pai para os meus filhões etc. E quanto mais a família insistia
nisso, mais eu me agarrava às memórias do Quim e mais raiva desenvolvia em
relação ao Fernando. Consegues compreender-me?
- Caro que sim. Afinal eu vivi apenas um mês com o teu irmão, pensei que ele me tinha abandonado porque nunca me amara, e não consegui esquecê-lo nos catorze anos que não soube nada dele. Felizmente os meus pais sempre respeitaram a minha decisão de não querer saber de outro homem até à maioridade da Matilde.
Talvez
isso fosse uma desculpa porque lá bem escondido num cantinho do coração eu
tivesse o sonho de voltar a encontrar o Gonçalo e recuperar o amor que nos
tinha unido. O teu caso é diferente. Por muito que tenhas amado o Quim sabes
que está morto, e não tens a ilusão da sua volta. Podes e deves seguir em
frente, refazer a vida, com o Fernando ou com qualquer outro, se apenas
consegues ver o Fernando como irmão. Afinal tens apenas trinta e três anos.
-
Que às vezes me parecem sessenta…
-Eu
sei, o sofrimento faz-nos sentir assim.
9 comentários:
Quando se vê alguém como muito amigo, neste caso um irmão, o desejo é muito complicado.
Boa semana
A passar por cá para acompanhar a história!
Isabel Sá
Brilhos da Moda
Oh, cabeça complicada a das mulheres!
Um pouco de simpatia e uma cama por perto é suficiente para convencer um homem!
Boa semana!
Comigo não seria diferente. Talvez as mulheres de um único amor estejam extintas ou em vias de extinção, mas ainda por cá andam alguns desses velhos e estranhos espécimes :)
Saúde e um forte abraço, Elvira!
Gostei deste capitulo.
Um abraço e boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Tentando pouco a pouco recuperar o fio que perdi em minhas férias. Gostei de ler! beijos, chica
Sim. maravilhoso!
.
Rodeada de sonhos impossíveis ...
Beijos. Votos de uma excelente semana!
H+a muita gente a torcer por esses dois :)
Boa noite, Elvira
Boa noite Elvira,
Gostei do capítulo.
Só o amor vai resolver a situação.
Até lá vou continuar a acompanhar o desenrolar da história.
Beijinhos e boa semana, com saúde.
Ailime
Enviar um comentário