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18.11.19

OS SONHOS DO GIL GASPAR - PARTE XV






Nos dias que se seguiram Gil, teve que ir ao aeroporto esperar o pai de Sara e os seus meios-irmãos, e levá-los para um hotel. Apesar da sua casa ter espaço suficiente para os instalar, ele vira-os apenas três vezes em todo o tempo que durou o seu casamento, não tinha com eles um vínculo afetivo que lhe permitisse sentir-se confortável em partilhar com eles a sua casa. Por outro lado, eles eram respetivamente avô e tios da sua filha, e tinham todo o direito de querer vir a Portugal ver a menina quando quisessem. Foi isso mesmo que disse ao sogro, quando o levou ao hospital para que pudesse ver a neta.
Pese a tragédia que se abatera sobre a sua vida, Gil contava com o apoio constante dos seus irmãos. Marco e Laura, que logo que soube do nascimento da sobrinha viajou para Portugal.
Foi Laura quem fez as entrevistas para a ama da bebé, apesar das empregadas de Gil, garantirem que entre as três cuidariam da menina, com todo o carinho, como se de uma neta se tratasse. Mas Laura disse que a criança precisaria de uma pessoa mais jovem para cuidar dela. E dado que era uma bebé prematura, ela exigira e acabara por contratar, uma ama com conhecimentos de enfermagem. Gil ainda nem a vira, apenas sabia pela irmã, que se chamava Inês, tinha trinta anos e era divorciada. Bom a vida da ama não lhe interessava, só desejava que fosse competente. Ela iria ao escritório do advogado assinar o contrato no dia seguinte, e seria a partir desse momento a ama da sua filha. Laura decidira que ela devia ir todos os dias ao hospital e estar com a menina todo o tempo que lhe fosse permitido a fim de que a bebé, se habituasse à sua presença.
Também o doutor Alcides, foi de uma enorme ajuda. Ele estivera presente junto da família, como se de um membro da mesma se tratasse, muito embora Gil pensasse que não o fazia apenas por altruísmo. Não lhe passara despercebido, o agrado do advogado quando lhe apresentara a sua irmã. Nem a troca de olhares que surpreendeu entre os dois por mais do que uma vez. Se isso ia significar ou não alguma coisa, não sabia, mas não lhe desagradava nada se os dois se apaixonassem. Tinha pelo advogado uma relação que ia muito para além da que um cliente tem pelo seu causídico.
Após o funeral, Gil acompanhou a família da sua falecida esposa ao aeroporto, reiterou o convite para virem visitar a bebé quando quisessem, mas o sogro usando de uma franqueza que muito lhe agradou, disse:
- Não será muito fácil, voltar a Portugal tão cedo. A minha família, é grande, os dois rapazes mais velhos, que já estão a trabalhar dão uma pequena ajuda, mas os dois também se preparam para constituir família, e não podem ajudar muito
. Os outros ainda estão na escola, e eu e a minha mulher trabalhamos muito para lhes dar o essencial. E as viagens para Portugal, são caras.
- Mas isso não é problema. Só me dizem quando querem vir, eu trato do resto.
- Eu sei que o senhor é rico e que o faz sem qualquer esforço, mas não. Se o aceitei agora, foi porque era a única hipótese que tínhamos de nos despedir da nossa querida Sara. Nunca mais o farei. Um homem pode ser pobre, mas isso não quer dizer que não tenha orgulho. De qualquer modo, muito obrigado por tudo, e se por acaso um dia for a França com a menina e quiser passar pela minha casa, vou ter muito gosto em poder abraçar a minha neta.
Despediram-se com um forte abraço. Gil ficou no aeroporto até o avião se elevar nas alturas.







14 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Uma aproximação familiar??
Boa semana

chica disse...

Uma despedida e uma chegada... Bem legal de ler! beijos, ótima semana! chica

Tintinaine disse...

Muito radical o velhote!
Ainda não ganhou amor à neta, é o que é!
Pode ser que um dia mude de ideias!

Isa Sá disse...

A passar por cá para acompanhar a história e desejar uma ótima semana!

Isabel Sá  
Brilhos da Moda

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Continuo a acompanhar.
Um abraço e uma boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

Os olhares da Gracinha! disse...

Mais um interessante capítulo!
Boa semana 💖

noname disse...

Uma nova etapa vai começar.

Bom dia, Elvira

Cidália Ferreira disse...

E a vida vai seguir agora com outros contornos, suponho! :) Bom dia!

-
Sussurros ao entardecer ...
Beijo e uma excelente semana!

Edum@nes disse...

França não é assim tão longe. Para que não possam vir a Portuga, ver a neta.
Quanto à ama escolhida pela irmã do Gil, para cuidar de Mariana. Poderá vir a ser sua madrasta? Porque hoje, não se sabe o que amanhã poderá acontecer?

Tenha um bom dia de Segunda-feira amiga Elvira. Um abraço.

Kique disse...

Depois desta pequena ausência na visita aos blogs amigos, venho desejar uma boa semana.

Kique

https://caminhos-percorridos2017.blogspot.com/

Gaja Maria disse...

Boa noite Elvira, porque estive afastada da blogosfera não estou a seguir esta história, tenho de ir para o inicio, com certeza é mais uma história fantástica.
Abraço

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
Gostei muito deste capítulo.
Muita criatividade e imaginação. Um beijinho.
Ailime

Rosemildo Sales Furtado disse...

Concordo com o Eduardo quanto ao dito sobre a ama, afinal, tudo pode acontecer. Continuo gostando e aguardando os acontecimentos.

Abraços,

Furtado

João Santana Pinto disse...

Não Tinha entendido que era este conto... pensei que era algum mais antigo que tinha recuperado... mas assim, faz todo o sentido (sorrisos)

Um conto extraordinário, sentido, dramático, familiar. puro de sentimentos...