Nos
dias que se seguiram Gil, teve que ir ao aeroporto esperar o pai de Sara e os
seus meios-irmãos, e levá-los para um hotel. Apesar da sua casa ter espaço
suficiente para os instalar, ele vira-os apenas três vezes em todo o tempo que
durou o seu casamento, não tinha com eles um vínculo afetivo que lhe permitisse
sentir-se confortável em partilhar com eles a sua casa. Por outro lado, eles
eram respetivamente avô e tios da sua filha, e tinham todo o direito de querer
vir a Portugal ver a menina quando quisessem. Foi isso mesmo que disse ao
sogro, quando o levou ao hospital para que pudesse ver a neta.
Pese
a tragédia que se abatera sobre a sua vida, Gil contava com o apoio constante
dos seus irmãos. Marco e Laura, que logo que soube do nascimento da sobrinha
viajou para Portugal.
Foi
Laura quem fez as entrevistas para a ama da bebé, apesar das empregadas de Gil, garantirem que entre as três cuidariam da menina, com todo o carinho, como se de
uma neta se tratasse. Mas Laura disse que a criança precisaria de uma pessoa
mais jovem para cuidar dela. E dado que era uma bebé prematura, ela exigira
e acabara por contratar, uma ama com conhecimentos de enfermagem. Gil ainda nem
a vira, apenas sabia pela irmã, que se chamava Inês, tinha trinta anos e era
divorciada. Bom a vida da ama não lhe interessava, só desejava que fosse
competente. Ela iria ao escritório do advogado assinar o contrato no dia
seguinte, e seria a partir desse momento a ama da sua filha. Laura decidira que
ela devia ir todos os dias ao hospital e estar com a menina todo o tempo que lhe fosse
permitido a fim de que a bebé, se habituasse à sua presença.
Também
o doutor Alcides, foi de uma enorme ajuda. Ele estivera presente junto da
família, como se de um membro da mesma se tratasse, muito embora Gil pensasse
que não o fazia apenas por altruísmo. Não lhe passara despercebido, o agrado do
advogado quando lhe apresentara a sua irmã. Nem a troca de olhares que
surpreendeu entre os dois por mais do que uma vez. Se isso ia significar ou não
alguma coisa, não sabia, mas não lhe desagradava nada se os dois se
apaixonassem. Tinha pelo advogado uma relação que ia muito para além da que um
cliente tem pelo seu causídico.
Após
o funeral, Gil acompanhou a família da sua falecida esposa ao aeroporto,
reiterou o convite para virem visitar a bebé quando quisessem, mas o sogro
usando de uma franqueza que muito lhe agradou, disse:
-
Não será muito fácil, voltar a Portugal tão cedo. A minha família, é grande, os
dois rapazes mais velhos, que já estão a trabalhar dão uma pequena ajuda, mas
os dois também se preparam para constituir família, e não podem ajudar muito
. Os
outros ainda estão na escola, e eu e a minha mulher trabalhamos muito para lhes
dar o essencial. E as viagens para Portugal, são caras.
-
Mas isso não é problema. Só me dizem quando querem vir, eu trato do resto.
-
Eu sei que o senhor é rico e que o faz sem qualquer esforço, mas não. Se o
aceitei agora, foi porque era a única hipótese que tínhamos de nos despedir da
nossa querida Sara. Nunca mais o farei. Um homem pode ser pobre, mas isso não
quer dizer que não tenha orgulho. De qualquer modo, muito obrigado por tudo, e
se por acaso um dia for a França com a menina e quiser passar pela minha casa,
vou ter muito gosto em poder abraçar a minha neta.
Despediram-se
com um forte abraço. Gil ficou no aeroporto até o avião se elevar nas alturas.
14 comentários:
Uma aproximação familiar??
Boa semana
Uma despedida e uma chegada... Bem legal de ler! beijos, ótima semana! chica
Muito radical o velhote!
Ainda não ganhou amor à neta, é o que é!
Pode ser que um dia mude de ideias!
A passar por cá para acompanhar a história e desejar uma ótima semana!
Isabel Sá
Brilhos da Moda
Continuo a acompanhar.
Um abraço e uma boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Mais um interessante capítulo!
Boa semana 💖
Uma nova etapa vai começar.
Bom dia, Elvira
E a vida vai seguir agora com outros contornos, suponho! :) Bom dia!
-
Sussurros ao entardecer ...
Beijo e uma excelente semana!
França não é assim tão longe. Para que não possam vir a Portuga, ver a neta.
Quanto à ama escolhida pela irmã do Gil, para cuidar de Mariana. Poderá vir a ser sua madrasta? Porque hoje, não se sabe o que amanhã poderá acontecer?
Tenha um bom dia de Segunda-feira amiga Elvira. Um abraço.
Depois desta pequena ausência na visita aos blogs amigos, venho desejar uma boa semana.
Kique
https://caminhos-percorridos2017.blogspot.com/
Boa noite Elvira, porque estive afastada da blogosfera não estou a seguir esta história, tenho de ir para o inicio, com certeza é mais uma história fantástica.
Abraço
Boa noite Elvira,
Gostei muito deste capítulo.
Muita criatividade e imaginação. Um beijinho.
Ailime
Concordo com o Eduardo quanto ao dito sobre a ama, afinal, tudo pode acontecer. Continuo gostando e aguardando os acontecimentos.
Abraços,
Furtado
Não Tinha entendido que era este conto... pensei que era algum mais antigo que tinha recuperado... mas assim, faz todo o sentido (sorrisos)
Um conto extraordinário, sentido, dramático, familiar. puro de sentimentos...
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