Quando chegaram a casa e deram a notícia a alegria foi geral. O comportamento educado e cordial do jovem, tornara-o benquisto não só das crianças, mas também dos restantes habitantes da quinta.
O jantar foi pois bem mais animado do que nos dias anteriores,
com as crianças a quererem saber quando podiam ver o tio Tiago.
Depois do ritual, de deitar as crianças, e de os
adormecer, lendo as histórias infantis, Clara desceu à biblioteca, onde Ricardo
se recolhera, depois do jantar.
Encontrou-o de volta com os seus manuscritos.
Aproximou-se da secretária.
- Estás muito ocupado? – Perguntou.
- Não,- respondeu sem saber o que ela poderia querer naquela altura. Não tinham voltado a falar deles nem dos seus sentimentos, apesar de por todos os meios ao seu alcance, ele lhe ter demonstrado o que ela representava para ele. Mas Ricardo pensava que esse era um assunto para ser tratado depois da recuperação do cunhado. Não queria que Clara pensasse que ele se estava a aproveitar da sua vulnerabilidade.
-Quero que saibas uma coisa. Não foi só pelo Tiago que
quis ir à igreja.
-Não? – Interrogou arqueando o sobrolho.
-Foi também para agradecer a Nossa Senhora de quem sou devota, por te ter trazido
para as nossas vidas. O que fizeste por mim nestes seis dias foi incrível. A
tua preocupação, o teu apoio, o respeito pelo meu sofrimento, o teu carinho,
ter-me-iam dado volta à cabeça se eu não estivesse já apaixonada por ti.
Ele levantou-se e aproximando-se abraçou-a, atraindo o
corpo feminino ao seu.
- Se alguém tem que agradecer, sou eu, querida. Estava
morto para o amor, e provavelmente assim estaria o resto da vida se não
respondesses aquele bendito anúncio. O que fiz não foi nada, comparado com o
que gostaria de ter feito, para minimizar o teu sofrimento. Porque a única
coisa que eu desejo é fazer-te feliz.
- E tudo isso porque me admiras e desejas, - disse ela
com tristeza.
-Não, meu amor. Tudo isso porque te amo e desejo
partilhar contigo, sonhos e projetos, alegrias e tristezas, - disse mergulhando
o seu olhar nos olhos que o perscrutavam ansiosos. - É verdade, podes crer. Na verdade, creio que te amei
desde que te conheci. Admirava-te, e emocionavas-me, mas eu estava muito ferido
e sabes o que diz o povo, “Gato escaldado de água fria tem medo”
Depois no Afeganistão, as mensagens que recebia tuas,
davam-me alento e faziam-me sonhar com um futuro em conjunto, mas, pensava eu,
baseado na amizade, companheirismo e admiração. Mais tarde já de regresso
comecei a sonhar com o teu corpo mas ainda assim não liguei o meu desejo à
paixão e ao amor.
-E então, quando descobriste a verdade dos teus
sentimentos?
- Naquela noite em que dormimos juntos. Quando
adormeceste, confiadamente junto a mim, comecei a pensar. Meu Deus, não havia
nada no mundo que eu quisesse mais do que fazer amor contigo. E no entanto ali
estava eu, deitado contigo na mesma cama, com o teu corpo junto ao meu, feliz da vida
por ter conseguido aquietar o teu coração, e feito com que descansasses. Na sociedade
hedonista em que vivemos, totalmente virada para o prazer, pelo prazer, aquele sentimento,
aquele desejo de te fazer feliz, aquela paz que sentia naquele momento, não
podia ser apenas desejo sexual. Tinha que ser algo muito maior, que só por cegueira eu ainda
não tinha compreendido. Amor.
Feliz, ela enlaçou-lhe o pescoço e ofereceu-lhe os lábios
para um primeiro beijo amoroso.
Depois apagaram a luz, e de dedos entrelaçados,
subiram as escadas, rumo ao quarto.
Mais tarde ela murmurou:
Mais tarde ela murmurou:
-Meu Deus, é mesmo verdade!
-O quê?- Perguntou curioso.
-Os sinos, a explosão de cores, tudo.
Ele riu-se. E perguntou por sua vez:
Ele riu-se. E perguntou por sua vez:
- Tens noção do que me fizeste?
- Não tenho grande experiência. Fui muito má? - Perguntou insegura.
- Má? Foste maravilhosa. Tão assim que estou com uma vontade enorme de repetir, - disse atraindo-a para juntar o seu corpo ao dela.
E de novo se perderam nos encantos da ancestral dança
do amor.
Horas mais tarde, aquietados os corpos, ela perguntou num sussurro:
-O que vamos dizer amanhã às crianças, quando
descobrirem que dormimos juntos?
- Que o pai e a mãe se amam e as pessoas que se amam
dormem juntas,- respondeu-lhe entre beijos.
-Temos que ser mais criativos do que isso, ou eles vão
dizer que também nos amam e querer dormir connosco.
-Mau. Isso não pode ser, - disse rindo. Bom amanhã inventamos alguma
coisa, mas agora não, querida. É quase manhã estamos os dois a precisar descansar um
pouco antes que eles acordem.
16 comentários:
eheheh mistério até ao fim.
Bom soninho, Elvira
Só pode vir coisa boa como surpresa...Ela engravidou dele na primeira...Vão ser felizes! beijos praianos,chica
Conduzisse com maestria a tua novela. Adorei acompanhar e me colocar um pouquinho no lugar de Clara.Aguardando ansiosamente o último capítulo.
Bjs
Ansiosa pelo últim pitulo
Curioso para ver o que aí vem...
Abraço
Para o penúltimo capítulo está maravilhoso, finalmente se entenderam e o Cúpido falou mais alto.
Beijinho grande.
Virão mais surpresas? Bj
Bom dia
A ansiedade continua .
Um mérito da autora .
JAFR
A passar por cá para acompanhar a história!
Isabel Sá
Brilhos da Moda
Aguardo, então, o último capítulo.
Abraço e uma excelente semana, Elvira.
Eu estou pronto para tudo. Siga o baile!
Estou curioso e fico à espera da continuação.
Um abraço e uma boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
O romance está indo bem demais, quase terminando e deixando mensagens de amor leal...
Um bom dia, Elvira! O meu carinho...
Encigueirados num abraço ternurento. Tão apaixonados que estão um pelo outro. Só a morte os separará?
Tenha um bom dia amiga Elvira.
Um abraço.
Custou mas foi... Lol. Como nada acontece por acaso, por vezes é nas"infelicidades" que se encontram respostas!! Amei o episódio!
Beijos e um excelente dia!
Ai como e adoro histórias que terminam em amor, kkk :))
Bjos
Votos de uma óptima terça-Feira
Boa noite Elvira,
Maravilhoso episódio tão bem escrito e cativante.
Adorei.
Beijinhos,
Ailime
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