O Maria da Glória, afundado por um submarino alemão. Foto Daqui
Durante a II Guerra Mundial, tornou-se perigoso ir à pesca por causa dos submarinos alemães que não davam tréguas aos barcos. Portugal era então um País neutral, mas não podia prescindir de uma das suas fontes de alimentação. A pesca do bacalhau. Mas também não podia permitir à sua frota a sorte dos veleiros "Delães" e "Maria da Glória"ambos afundados por submarinos alemães em 1942. Se a tripulação do Delães, se salvou, o mesmo não aconteceu com a tripulação do Maria da Gloria, que dos 44 tripulantes distribuídos pelos pequenos dóris, só encontraram 8. Os restantes 36 foram engolidos pelo mar. Para que o mesmo não voltasse a acontecer, o governo português conseguiu negociar com as forças do Eixo, a autorização para mandar os seus 45 barcos de pesca bacalhoeira em dois comboios, de 20 e tal barcos cada um, comandados por dois oficiais de marinha embarcados respectivamente em dois navios de apoio, e para evitar confusões decidiu-se ainda que todos os barcos seriam pintados de branco,e levariam o pavilhão nacional bem à vista. Até aí os barcos tinham cores variadas consoante os armadores a que pertenciam. Este sistema de comboios durou até 1945 e ficou conhecido como "A Frota Branca."
Mas como se fazia a pesca do bacalhau nos bancos da Terra Nova e Gronelândia?
Mas como se fazia a pesca do bacalhau nos bancos da Terra Nova e Gronelândia?
Para rentabilizar a pesca, esta era feita por vários pequenos barcos cada um com vários pescadores, que se situavam à volta do barco-mãe.
Mais tarde apareceram os pequenos barcos de fundo chato, "os dóris" que se empilhavam e ocupavam assim muito menos espaço. Quando chegavam ao local da pesca, o comandante mandava arriar os dóris e cada pescador partia a fazer a sua pesca. Com o aparecimento dos "dóris" cada barco passou a ter apenas um pescador, tornando-se numa atividade completamente solitária.
Foto da net
Mais tarde apareceram os pequenos barcos de fundo chato, "os dóris" que se empilhavam e ocupavam assim muito menos espaço. Quando chegavam ao local da pesca, o comandante mandava arriar os dóris e cada pescador partia a fazer a sua pesca. Com o aparecimento dos "dóris" cada barco passou a ter apenas um pescador, tornando-se numa atividade completamente solitária.
Foto da net
Era um trabalho muito duro e perigoso. Naquela zona os nevoeiros e o mau tempo são frequentes.
Inicialmente pescava-se o bacalhau com" zagaia," uma peça de chumbo com dois ganchos. Mais tarde apareceram os "trol" que mais não eram do que linhas com anzóis, que pescavam vários peixes duma vez.
Quando o bacalhau chegava a bordo, era -lhe separada a cabeça que depois de escalada era salgada. Chamamos-lhes "caras de bacalhau". Separavam-se os fígados e os buchos. Os fígados eram levados para uma caldeira de água a ferver, para fazerem o óleo de fígado de bacalhau.
Quando o bacalhau chegava a bordo, era -lhe separada a cabeça que depois de escalada era salgada. Chamamos-lhes "caras de bacalhau". Separavam-se os fígados e os buchos. Os fígados eram levados para uma caldeira de água a ferver, para fazerem o óleo de fígado de bacalhau.
Depois, os escaladores abriam o bacalhau da cabeça ao rabo. Mandavam-no então para o porão, onde os salgadores procediam á salga, e ao empilhamento do bacalhau. Esta era uma tarefa extremamente dura. O bacalhau era salgado e empilhado em camadas sucessivas até atingir o tecto do porão.
Como sabemos, o grupo Bensaúde, tinha adquirido em 1891 a Azinheira Velha, na Telha, que pela sua localização privilegiada já tinha sido utilizada como feitoria, para as naus dos descobrimentos, e aí instalara uma das maiores secas de bacalhau do País, com modernas instalações para tratar do bacalhau em terra, sob o nome de Parceria Geral de Pescarias.
Como sabemos, o grupo Bensaúde, tinha adquirido em 1891 a Azinheira Velha, na Telha, que pela sua localização privilegiada já tinha sido utilizada como feitoria, para as naus dos descobrimentos, e aí instalara uma das maiores secas de bacalhau do País, com modernas instalações para tratar do bacalhau em terra, sob o nome de Parceria Geral de Pescarias.
A Seca da Azinheira Velha, era composta por uma larga extensão de mesas compostas por cimento e fileiras de arame, onde o bacalhau era estendido ao sol para secar. Por um armazém enorme, com várias tinas, espécie de tanque, onde se lavava o bacalhau, três armazéns para guardar o bacalhau, enquanto não estava curado para enfardar, um armazém de enfardamento, um armazém frigorífico, para guardar o bacalhau quando era descarregado dos navios, e um armazém estufa para secar o bacalhau quando o inverno era muito rigoroso e não se podia secar ao ar livre.
Tinha ainda os escritórios, um armazém de lenha, uma oficina mecânica, um posto médico, e um posto de guarda-fiscal e um moinho de maré.
Foto minha
Havia mais, mas isso fica para a próxima
14 comentários:
Já tinha lido algo semelhante por aqui.
Do mar até à nossa mesa o fiel amigo percorre um grande percurso.
Um abraço
Um trabalho duro, esse.
Isabel Sá
Brilhos da Moda
Bom dia
Em miúdo era obrigado a tomar esse óleo de fígado de bacalhau o que desapareceu do mercado e não deixa saudades principalmente aos mais novos .
JAFR
Uma vida bem difícil esta dos homens da pesca do bacalhau.
Um abraço e boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Mais um capitulo que gostei de ler. Obrigada:))
Bjos
Votos de uma óptima Terça - Feira
Realmente, quando dizemos que o bacalhau é caro, não temos a noção do seu trabalho! Apesar de agora ser diferente! Amei!
.
Beijo e um excelente dia!
Trabalhosa tarefa antes dele chegar até nós...beijos, chica
Muito bom.
Umas coisas sabia outras não....
Até chegar ao nosso prato as voltas que o bacalhau dá :))
Recordei o óleo fígado de bacalhau que nos davam na escola :((
Beijinhos
Boa tarde Elvira,
Sempre ouvi dizer que a vida dos pescadores do bacalhau era muito dura e perigosa!
Pelos seus relatos ainda é muito pior do que imaginava.
Havia muita coisa que não se sabia e só mais tarde pudemos ser confrontados com a realidade.
A Elvira dá aqui uma preciosa ajuda nesse sentido, por isso lhe agradeço.
Beijinhos,
Ailime
O fiel amigo já foi comida de pobre, por isso a tradição o fez como prato principal na noite de Consoada, em que Jesus nasceu numa manjedoura...hoje é um luxo.
Já li algumas, muitas, passagens, mas é sempre bom vir até cá reler.
Um abraço
O bacalhau e as suas histórias,
jamais terão fim amiga Elvira
nesse tempo mais trabalho havia
do que há agora e menos paródias!
Tenha uma boa noite amiga Elvira.
Um abraço.
Quantas dificuldades para a pesca do bacalhau durante a segunda guerra, não?
Essa iguaria portuguesa me dá água na boca!!! Adoro bacalhau, feito de todas as formas, Vivas a Portugal!
Quanto aos tripulantes que pereceram tragados pelo mar, senti tristeza...
Beijos!
Detalhes e mais detalhes nos cuidados c o bacalhau! Impressionante!!
Um abç
Um grande percurso... com muita história! Bj
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