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17.9.18

ENTRE O AMOR E A CARREIRA - PARTE I




A mulher que caminhava pela nave da igreja em direção ao altar, não mostrava no rosto a alegre emoção que normalmente caracteriza as noivas no dia do seu casamento.
Dava o braço a um jovem imberbe que pese o facto de ser bastante alto, se via nitidamente ser ainda um adolescente.
Com um singelo mas elegante vestido de noiva, caminhava vagarosamente mas com passos firmes, olhando em frente com determinação. O cabelo castanho encontrava-se preso num artístico penteado deixando o seu rosto descoberto e quase sem maquilhagem.
Era muito bonita. O seu rosto moreno de feições corretas, onde brilhavam uns grandes e belos olhos castanhos, a boca pequena e bem desenhada, o queixo redondo, a que se seguia um pescoço alto e esguio, e um corpo bem proporcionado. Nas mãos de profissionais experientes, podia ser uma mulher deslumbrante, mas o que naquele momento deixava transparecer. era uma beleza suave, que lembrava a imagem de uma recatada virgem, saída do pincel de um qualquer mestre do renascimento.
De todas as noivas que um dia chegaram ao altar daquela igreja, aquela seria sem dúvida a que tinha menos ilusões em relação ao casamento e à sua vida futura.
Não amava o homem a quem se ia unir, na verdade quase nem o conhecia, e no entanto, sabia que o casamento iria durar pelo menos quinze anos.
Junto ao altar, um homem elegantemente vestido, com um fato escuro, de expressão severa, esperava-a. Não parecia nervoso, nem sorria. Caminhou para ela.
-Cuide bem dela, - disse o jovem com voz trémula, ao noivo.
- Conta com isso, - respondeu ele tomando o braço da noiva, e encaminhando-se para o altar onde os esperava  o sacerdote.
Este deu início à cerimónia pensando que nunca, no já meio século que realizava casamentos, fizera um assim.
A igreja estava praticamente vazia. No altar, do lado do noivo havia um homem cuja idade nadaria perto do meio século, como padrinho, do lado da noiva o jovem que a trouxera. Uma mulher de meia-idade, com duas crianças, e duas jovens, eram os únicos prováveis convidados, já que as restantes idosas, que assistiam à cerimónia, eram habituais frequentadoras da igreja e o padre conhecia-as a todas.
Mentalmente pediu perdão a Deus, pelo facto de ir abençoar um casamento onde não descortinava nenhuma emoção e continuou a cerimónia, perguntando se havia alguém que conhecesse algum impedimento à realização daquele casamento. Ninguém se manifestando ele perguntou:
- Clara Mendes de Sá, é de sua livre e espontânea vontade contrair matrimónio com Ricardo de Sousa Carvalho?
- Sim
Ricardo de Sousa Carvalho é de sua livre e espontânea vontade contrair matrimónio com Clara Mendes de Sá?
- Sim
Seguiu-se a bênção das alianças que os noivos iriam trocar e o ritual das promessas, único momento em que numa fração de segundos foi nítida a indecisão da noiva. Foi uma coisa muito breve, que parece não ter sido notada por mais ninguém senão pelo noivo que apertou com força a sua mão.
-Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, vos declaro, marido e mulher. Pode beijar a noiva.
O homem inclinou-se e depositou sobre a testa feminina um breve e casto beijo.

Hoje também estou AQUI.  Um generoso presente da Noname Muito obrigado, amiga.

24 comentários:

Roselia Bezerra disse...

Boa Noite, querida amiga Elvira!
Vamos aguardar... nada romântico deve suscitar algum mistério.
Tenha dias felizes e abençoados!
Bjm fraterno e carinhoso de paz e bem

noname disse...

E, caminhamos nós, também, para o que daqui vier. O principio não é animador, mas esconde promessa :-)

Boa noite, Elvira

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Retornando a ler suas emocionantes e bem escritas histórias. Essa, com certeza, promete muitas emoções e surpresas.
Beijos!

Isa Sá disse...

A passar por cá para acompanhar mais uma história e desejar uma ótima semana!

Isabel Sá
Brilhos da Moda

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
Com um casamento um tanto insólito , a começar esta historia , vamos ter com certeza muitos capítulos cheios de surpresas !!
JAFR

Edum@nes disse...

A noiva tinha o seu corpo repleto de beleza. Só não mostrava no rosto alegria. No dia do seu casamento. Que seria um contrato assinado para ter pelos menos a duração de 15 anos. Tudo indica que seria por conveniência e não por amor?

Tenha um bom dia amiga Elvira.
Um abraço.

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

O que virá ai depois deste casamento, fico à espera para saber.
Um abraço e boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

_ Gil António _ disse...

Bom dia:- Acompanhando a estória.
.
* De mãos dadas ... Seguimos unidos *
.
Feliz início de semana

chica disse...

Instigante já no primeiro passo... Vai ser legal, na certa! beijos, linda semana,chica

Meu Velho Baú disse...

Muito bem descrito de tal maneira que me via aí nessa Igreja assistindo à Cerimónia
Promete mais um belo romance
Beijinhos

Cidália Ferreira disse...

Espera-se uma bela estória! :)


A lacuna na inspiração
Beijos e uma excelente semana.

silvioafonso disse...

Meu anjo, acabo de chegar
da página da Aimee onde
fiz meu desabafo e é claro,
citei seu nome.
Desculpa, mas precisei ou
abriria choradeira.
Um beijo, saúde e meus vo-
tos de bom dia.



.

O meu pensamento viaja disse...

Feliz semana, Elvira!
Beijinhos

Janita disse...

Por todos os motivos e mais aquele de serem certos os 15 anos de duração desta união, já vi que há aqui acordo prévio.

Veremos o que reserva o futuro à desconsolada noiva.

Um abraço, boa semana.

Ailime disse...

Boa tarde Elvira,
Mais uma história instigante que começa na verdade de maneira estranha.
Mas muito haverá para contar!
Já seguindo com muito interesse.
Beijinhos e boa semana.
Ailime

lis disse...

Um casamento sem emoção não é normal Elvira
A tendencia é existir algo aí que obriga essa cerimônia_talvez uma gravidez insensata _sabe-se lá rsrs fico aqui a imaginar o que sua cabecinha de boa noveleira vai maquinando enquanto escreve rs
Bom começo!
abraço

Os olhares da Gracinha! disse...

Casamento por conveniência!?
... começa bem! Bj

Rosemildo Sales Furtado disse...

Casamento com prezo de duração pré fixado deve ser cumprimento de alguma cláusula contratual. Aguardemos os próximos acontecimentos.

Abraços e uma ótima semana para ti e para os teus.

Furtado

Cantinho da Gaiata disse...

E assim vamos dar início a mais uma estória da amiga Elvira, esta promete um casamento por conveniência.
Beijinho grande e cá estarei para ler todos os dias uma tranje.

Kique disse...

Mais uma super historia da nossa amiga Elvira
Bjs

Kique

Hoje em Caminhos Percorridos - Regresso as aulas...

Josélia Micael disse...

Olá amiga Elvira!
Mais uma bela história, está começando.
Agora é ir acompanhando para ver o final!
O casamento fica um pouco aquém, para ser um casamento feliz!
Vamos ver!
Beijinho de paz e luz.💖🌹🌺

Sandra May disse...

Me encheu de curiosidade. Vai ser difícil não acompanhar, Elvira!
Casamento de pelo menos 15 anos, noivo adolescente???? Promete!
Tenha um lindo dia!

Gaja Maria disse...

Estou a começar agora a ler esta história e já estou a gostar.
ABraço Elvira

Smareis disse...

Uma história que vai mexer com minha curiosidade. Vou lendo pouco a pouco e comentando.
Beijos Elvira e boa semana!