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20.8.18

FOLHA EM BRANCO - PARTE XXI

Depois do almoço, foram até à baixa. Passearam um pouco pela Avenida das Descobertas,  e sentaram -se na muralha que separava a avenida da ribeira de Bensafrim, que ali vinha desaguar no oceano. O verão terminara há muito, mas o outono mantinha-se ameno, pelo menos durante o dia, que à noite sempre se levantava vento, e fazia frio. Havia ainda muitos turistas em Lagos, e os barcos rumo à marina, ainda eram frequentes. Falaram de coisas sem importância, ou melhor, Miguel falou, a jovem limitava-se a ouvir, por vezes atenta, outras nem isso.
Por vezes  Miguel desesperava, e quase tinha vontade de desistir. Ir à sua vida e deixar a jovem ali perdida nos seus labirintos interiores. Mas logo se recriminava. Ele nunca fora homem de desistir de nada, não era agora que ia começar a sê-lo. Outras vezes recriminava-se  por não ter  naquele dia, quando saíram da falésia, acompanhado a jovem à polícia e ter dado  parte do acontecido. Mas logo se desculpabilizava, com o pensamento de que o facto de lhe ter salvo a vida, lhe dava a responsabilidade de a integrar nela. E ela só podia voltar verdadeiramente à vida quando recuperasse a memória. 
Levantou-se, e estendeu a mão à jovem.
-Vamos Teresa? São horas do lanche. E ainda precisamos fazer umas compras.
Depois do lanche, entraram numa papelaria. Miguel ia comprar um caderno de desenho e um lápis para que a jovem fizesse o que o médico lhe recomendara. Ela porém estacou à entrada, onde estavam algumas revistas expostas. Com uma breve mirada, Miguel viu que se tratava de revistas sem nada se interessante, revistas de programação televisiva, e de palermices sobre os artistas, as revistas habitualmente apelidadas de cor de rosa.
Depois de efectuada a compra, dirigiu-se à saída onde a jovem continuava na mesma contemplação.
Intrigado perguntou:
- O que há de tão interessante, nessas revistas?
- Não sei. Gosto desse, - e apontou a capa de uma pequena revista, com uma conhecida artista de novelas. Miguel olhou e leu em voz alta.
-Mariana. É isso? O nome de Mariana, diz-lhe alguma coisa?- Perguntou esperançado.
-Não sei,- respondeu ela confusa. Mas gosto dele.
- Pois a partir de hoje, será Mariana. E quem sabe não é esse o seu verdadeiro nome?





7 comentários:

Larissa Santos disse...

Bom dia. Depois de uns dias de descanso, estando apenas pelo telemóvel, cá estou eu para continuar a seguir esta história. Está complicada a cabeça da Jovem.Complicado para Miguel.

Hoje; Num silêncio da escuridão iluminada {POETIZANDO}

Bjos
Votos de uma óptima Segunda - Feira

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
Será que se vislumbra alguma coisa na folha ?
Qual vai ser a compensação deste artista ?
JAFR

chica disse...

Qualquer sinal de avanço é e deve ser respeitado...Tá linda a história! bjs, chica

noname disse...

Intrincado, o caso da jovem

Bom dia, Elvira

António Querido disse...

Homens com esta paciência já não se fabricam!

BOA SEMANA.

Cidália Ferreira disse...

Para mim, é mesmo Mariana. Coitado do Miguel que está metido em apuros!! Lool

Beijo e uma excelente semana.

Ailime disse...

Boa tarde Elvira,
Continuo a gostar imenso da história!
Vamos ver se a revista traz alguma memória a "Mariana"!
Um beijinho e continuação de boas férias.
Ailime