Empurrou a porta. A secretária estava ao telefone. Por sinais Graça perguntou-lhe se o irmão estava só. Luísa acenou afirmativamente. Bateu suavemente na porta e sem esperar resposta, entrou. O irmão levantou-se surpreendido
- Boa tarde Afonso!
- Boa tarde. Que surpresa. Quando chegaste? O Eduardo
também veio?
-Vim sozinha, - respondeu enquanto abraçava o irmão.
Tinha muitas saudades dos miúdos. Já vi a Ana, está muito crescida.
- É verdade. E ficas até os outros saírem da escola?
- Claro. Pois se morro de saudades deles. E gostam da
escola? Não estranharam a mudança de ambiente, as regras?
- Não. Adoram a escola, já só falam nos amigos que lá
têm. A Francisca não te contou?
- Não falámos disso.
-Ah! E suponho que não me vais dizer de que falaram.
- Claro. São coisas de mulheres. E tu? Já esqueceste a Olga?
– Perguntou mudando de assunto
- Porquê?
- Porquê?
- Porque vejo que a retiraste desta moldura, - disse
agarrando no porta-retratos, e mirando a foto de Francisca sentada com a
pequenita Ana ao colo, tendo Simão à sua direita e Marta e João brincando à sua frente.
-É muito mais fácil retirar a foto de uma pessoa da nossa
frente, do que retirar a pessoa do nosso coração, apagar da memória anos de
amor, que partilhámos com essa pessoa.
- Calculo. Mas tu sabes que não pudemos viver toda a vida
de lembranças. Não acredito que um homem da tua idade se contente com isso. Que
não tenha projectos para o futuro, e que não sonhe com uma presença feminina.
- Não pretendo convencer-te de nada. Importas-te de mudar
de assunto?
- Por acaso importo-me. És o meu único irmão, e custa-me
ver-te sofrer. Diz-me uma coisa. Já algum dia reparaste que tens uma mulher
linda em casa?
- Claro que sim. A Francisca é muito bonita, reparei
nisso no primeiro dia. E é uma excelente mãe. As crianças adoram-na.
- E…
-Que estás a insinuar? Sabes perfeitamente que a
Francisca também vive de recordações. Nem eu nem ela esquecemos o passado.
- Será? Bom, vou
fazer umas compras. Daqui a pouco estamos no Natal. Como não fico para jantar,
despeço-me já de ti.
- Convence o Eduardo a virem passar o Natal connosco. –
Disse o irmão enquanto se despediam.
15 comentários:
A Graça quer levar o seu plano até ao fim. E faz muito bem, pois, por vezes, sem um pequeno empurrão as coisas não acontecem.
Acho que a Graça vai conseguir o seu intuito...Legal! bjs, chica e linda semana!
A passar por cá para acompanhar a história e desejar uma ótima semana!
Isabel Sá
Brilhos da Moda
Tentar permite alcançar!!!
Bj
Gosta de mar e de provérbios?
Veja aqui uma selecão deles:
http://mgpl1957.blogspot.pt/2016/11/proverbios-com-sabor-maresia.html
Continuo a acompanhar e o blogue já "cheira" a Natal.
Um abraço e boa semana.
Andarilhar
Passo a passo vencendo o passado... Marcas e lembranças ficam, mas um novo tempo vem para os dois... Superações e alegrias construídas c AMOR!
Bjs e feliz semana
Vamos ter, de certeza, algum milagre de Natal para estes dois. :)
Bjn
Márcia
Oi Elvira
Mulher é articulosa e Francisca saberá a hora e o que fazer para a aproximação dos dois.
Estou adorando
Beijos
Minicontista2
Oi Elvira,
Consegui chegar até o final, juntando meus dois blogs. UFA!!!
Não vejo a hora do desfecho final. já escrevi contos, só que em 3 postagens.kkk
Uma linda noite
Que Deus a abençoe
Beijos
Minicontista2
Não se arranca do coração um grande amor que partiu e deixou tanta saudade. Há que dar tempo para que a ferida cicatrize.
A substituição das fotos já é um bom indício...
Um abraço, Elvira, tenha uma semana boa e bem inspirada.:)
por vezes é preciso um alerta para se abrir os olhos...
Abraço do Zé
Com ou sem empurrões,
se for esse o seu destino
se juntarão no mesmo ninho
dois apaixonados corações!
Boa noite amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.
Graça deixou Afonso a pensar... será que ele não tinha já pensado!?
Um empurrãozinho não vai ser nada mal pra Afonso.
Beijos!
Acho que as coisas devem acontecer naturalmente, sem a interferência de ninguém.
Abraços,
Furtado
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