Quando o filho mais novo acordou, ela já tinha tomado uma decisão. Assim depois de lhes ter dado o lanche, foi com eles ao jardim da aldeia. E enquanto as crianças brincavam telefonou à amiga, dizendo-lhe que aceitava a sua proposta. Graça ficou radiante, disse que nessa mesma noite falava com o irmão, e depois falavam.
Francisca desligou com a sensação de que tinha feito asneira, mas a decisão estava tomada. Temia e desejava que o homem não fosse na cantiga da irmã. Temia, porque as crianças estavam a precisar de roupas que ela não sabia quando poderia comprar. Mas ao mesmo tempo sentia-se como se, com a sua decisão se estivesse a vender e desejava que Afonso não aceitasse. De tal modo se encontrava dividida, que nessa noite, não conseguiu dormir. Na manhã seguinte, Graça telefonou-lhe. Afonso estava de acordo, pedia-lhe para se encontrarem nessa tarde, a fim de tratarem do assunto, queria saber a que horas e onde ela podia ir busca-la para a levar até ao irmão. Francisca disse que estaria às três da tarde na paragem do autocarro perto do café onde se tinham encontrado na véspera. Depois foi ter com a mãe e disse-lhe que precisava de ir à cidade para uma entrevista de emprego. Escolheu um saia-casaco discreto, cinzento anilado, e um camiseiro azul claro. Mala e sapatos pretos, sem maquilhagem, cabelo apanhado. Parecia mais nova.
Desceu do autocarro e olhou em volta. Graça esperava-a no
outro lado do passeio junto ao carro. Beijaram-se.
- Estás muito bonita. Confesso que tive medo que não
telefonasses. Vamos, vou levar-te até ao meu irmão. Não te assustes com o seu
ar sério. No fundo aquilo é só fachada.
Entraram no carro e rodaram pela cidade durante alguns
minutos que a Francisca pareceram intermináveis. Por fim, Graça estacionou junto
de um edifício de escritórios, dizendo:
-Chegámos. Estás preparada?
Ela assentiu em silêncio e seguiu a amiga até ao elevador.
Sentia as pernas a tremer, e tinha vontade de fugir dali. De súbito viu-se em
frente de uma porta que a amiga empurrava e entraram. Atrás de uma mesa, uma jovem empregada.
- Boa tarde Luísa.
- Boa tarde, dona Graça.
- O meu irmão está só?
- Boa tarde, dona Graça.
- O meu irmão está só?
- Sim. Disse para a fazer entrar logo que chegasse.
- Obrigado. Não precisa anunciar-me – disse pegando no
braço de amiga e avançando para o gabinete. Abriu a porta.
- Boa tarde, Afonso. Esta é a minha amiga Francisca.
Deixo-vos sós para conversarem. Telefona-me quando acabarem.
E saiu fechando a porta atrás de si.
16 comentários:
Menina, que fôlego!! Como consegues escrever tantas novelas com esta vivacidade toda?!
Os meus mais sinceros parabéns!!
Beijinhos e boas escritas.
Noooooooooooooossa! Imagino a situação! De dar dor na barriga de medinho,rs...Adorando! bjs, chica
Só agora, consegui passar por aqui, Elvira!
E lamento imenso sobre o seu cunhado, pelo que vi agora, mais abaixo! Não tinha ideia... aliás há pouco, até tinha perguntado por ele no seu blogue de imagens...
Pois aqui está um interessante capítulo, de leitura empolgante... e que eu espero ainda conseguir agarrar a história...
Retornei há minha morada habitual, há poucos dias, pelo que tenho tido imensos afazeres, para além das consultas de rotina e exames da minha mãe, que ainda estão a decorrer, por estes dias, pelo que a minha presença na Net, tem sido meio intermitente, ainda em matéria de visitas aos blogues dos amigos... depois da próxima semana, conto aparecer por aqui, com bem maior assiduidade, e já sem as limitações de Net, que sempre tenho na Ericeira...
Beijinhos, Elvira!
Ana
Querida Elvirinhamiga
... e segue a roda!!! Estou mesmo a gostar deste folhetim!!! E tanto que quero fazer-te uma proposta. E por que bulas não poderemos fazer um a dois tipo supermercado - pague dois e leve um... :-)))))
Tu escrevias um capítulo, eu escrevia o seguinte, etc. e tal - e inopinadamente nascia um rimance... Pensa nisso; não é para casar; é uma proposta honesta. Enfim, fico à espera de resposta na NOSSA TRAVESSA. Pode ser giro...
Qjs do Henrique, o Leãozão
DROGADO JOVEM OU JOVEM DROGADO
Acabo de publicar na NOSSA TRAVESSA um novo textículo de minha autoria que tem como título DROGADO JOVEM OU JOVEM DROGADO que se passa num RESTAURANTE-BAR (tasco) no qual retomo a linha neorrealista que tantas/os leitoras/es apreciam. Oxalá o mesmo se passe com este. Nela, e como lhe compete, o vernáculo reina, sem pejo, nem falsos pudores.
Henrique, o Leãozão
Reunião à porta fechada, em silêncio, sem banzé. Para ficar a saber, qual foi o seu desfecho. Fico pelos próximos capítulos desse conto, esperando com esperança e fé...
Boa boa noite amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.
Continuo a seguir a história e a gostar.
Bjn
Márcia
Os dados estão lançados! Veremos o que o destino reserva aos dois protagonistas da história. Já sei que acabou em casamento, mas estou curioso para saber o que veio depois.
há duas hipóteses
- dá com Afonso com ar sério, e a coisa corre bem porque ela foi avisada que "aquilo" era só fachada
ou
- Afonso recebe-a com um sorriso o que indicia, uma de duas coisas:
- ou a Graça lhe mentiu
- ou o Afonso mudou, e se mudou pode bem acontecer
- ou foi para pior, pois muito sorriso pouco siso
- ou foi para melhor e neste caso, com toda a certeza, a novela acaba em beleza
Vem agora a parte mais complicada...
Ora bem ! ... Vamos lá para o "esboço" do contrato ! ...
:))
Parece que a situação se vai complicar...bj
Nossa!
Isso é que cá dizemos estar no sufoco, ninguém pode dizer que não faria estando na situação dela.Antigamente tudo era muito difícil para as mulheres.
Obrigada pelo carinho
Beijos no coração
Minicontista2
E assim, chegou a hora do pega pra capar. A balança terá que pesar para os dois lados. Continuo crioso e gostando.
Abraços,
Furtado
Os próximos capítulos promete.
Acompanhando.
Beijos!
O amor pelos filhos, acabou por lhe dar coragem...Boa sorte Francisca!
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