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7.11.18

ESTRANHO CONTRATO - PARTE X





Quando o filho mais novo acordou, ela já tinha tomado uma decisão. Assim depois de lhes ter dado o lanche, foi com eles ao jardim da aldeia. E enquanto as crianças brincavam telefonou à amiga, dizendo-lhe que aceitava a sua proposta. Graça ficou radiante, disse que nessa mesma noite falava com o irmão, e depois falavam. 
Francisca desligou com a sensação de que tinha feito asneira, mas a decisão estava tomada. Temia e desejava que o homem não fosse na cantiga da irmã. Temia, porque as crianças estavam a precisar de roupas que ela não sabia quando poderia comprar. Mas ao mesmo tempo sentia-se como se, com a sua decisão se estivesse a vender e desejava que Afonso não aceitasse. De tal modo se encontrava dividida, que nessa noite, não conseguiu dormir. Na manhã seguinte, Graça telefonou-lhe. Afonso estava de acordo, pedia-lhe para se encontrarem nessa tarde, a fim de tratarem do assunto, queria saber a que horas e onde ela podia ir buscá-la para a levar até ao irmão. Francisca disse que estaria às três da tarde na paragem do autocarro perto do café onde se tinham encontrado na véspera. Depois foi ter com a mãe e disse-lhe que precisava de ir à cidade para uma entrevista de emprego. Escolheu um saia-casaco discreto, cinzento anilado, e um camiseiro azul claro. Mala e sapatos pretos, sem maquilhagem, cabelo apanhado. Parecia mais nova.
Desceu do autocarro e olhou em volta. Graça esperava-a no outro lado do passeio junto ao carro. Beijaram-se.
- Estás muito bonita. Confesso que tive medo que não telefonasses. Anda, vou levar-te até ao meu irmão. Não te assustes com o seu ar sério. No fundo aquilo é só fachada.
Entraram no carro e rodaram pela cidade durante alguns minutos que a Francisca pareceram intermináveis. Por fim,  Graça estacionou junto de um edifício de escritórios, dizendo:
-Chegámos. Estás preparada?
Ela assentiu em silêncio e seguiu a amiga até ao elevador. Sentia as pernas a tremer, e tinha vontade de fugir dali. De súbito viu-se em frente de uma porta que a amiga empurrava e entraram. Atrás de uma mesa, uma jovem empregada. 
- Boa tarde Luísa. 
- Boa tarde, dona Graça.
O meu irmão está só?
- Sim. Disse para a fazer entrar logo que chegasse.
- Obrigado. Não precisa anunciar-me – disse pegando no braço de amiga e avançando para o gabinete. Abriu a porta.
- Boa tarde, Afonso. Esta é a minha amiga Francisca. Deixo-vos sós para conversarem. Telefona-me quando acabarem.
E saiu fechando a porta atrás de si.


reedição

2.11.16

ESTRANHO CONTRATO - PARTE X






Quando o filho mais novo acordou, ela já tinha tomado uma decisão. Assim depois de lhes ter dado o lanche, foi com eles ao jardim da aldeia. E enquanto as crianças brincavam telefonou à amiga, dizendo-lhe que aceitava a sua proposta. Graça ficou radiante, disse que nessa mesma noite falava com o irmão, e depois falavam. 
Francisca desligou com a sensação de que tinha feito asneira, mas a decisão estava tomada. Temia e desejava que o homem não fosse na cantiga da irmã. Temia, porque as crianças estavam a precisar de roupas que ela não sabia quando poderia comprar. Mas ao mesmo tempo sentia-se como se, com a sua decisão se estivesse a vender e desejava que Afonso não aceitasse. De tal modo se encontrava dividida, que nessa noite, não conseguiu dormir. Na manhã seguinte, Graça telefonou-lhe. Afonso estava de acordo, pedia-lhe para se encontrarem nessa tarde, a fim de tratarem do assunto, queria saber a que horas e onde ela podia ir busca-la para a levar até ao irmão. Francisca disse que estaria às três da tarde na paragem do autocarro perto do café onde se tinham encontrado na véspera. Depois foi ter com a mãe e disse-lhe que precisava de ir à cidade para uma entrevista de emprego. Escolheu um saia-casaco discreto, cinzento anilado, e um camiseiro azul claro. Mala e sapatos pretos, sem maquilhagem, cabelo apanhado. Parecia mais nova.
Desceu do autocarro e olhou em volta. Graça esperava-a no outro lado do passeio junto ao carro. Beijaram-se.
- Estás muito bonita. Confesso que tive medo que não telefonasses. Vamos, vou levar-te até ao meu irmão. Não te assustes com o seu ar sério. No fundo aquilo é só fachada.
Entraram no carro e rodaram pela cidade durante alguns minutos que a Francisca pareceram intermináveis. Por fim,  Graça estacionou junto de um edifício de escritórios, dizendo:
-Chegámos. Estás preparada?
Ela assentiu em silêncio e seguiu a amiga até ao elevador. Sentia as pernas a tremer, e tinha vontade de fugir dali. De súbito viu-se em frente de uma porta que a amiga empurrava e entraram. Atrás de uma mesa, uma jovem empregada. 
- Boa tarde Luísa. 
- Boa tarde, dona Graça.
O meu irmão está só?
- Sim. Disse para a fazer entrar logo que chegasse.
- Obrigado. Não precisa anunciar-me – disse pegando no braço de amiga e avançando para o gabinete. Abriu a porta.
- Boa tarde, Afonso. Esta é a minha amiga Francisca. Deixo-vos sós para conversarem. Telefona-me quando acabarem.
E saiu fechando a porta atrás de si.