Francisca estava grávida de sete meses quando o marido se suicidou. Os negócios iam de mal a pior. Estava cheio de dívidas, e na eminência de abrir falência. Não aguentou a pressão e uma noite telefonou à mulher dizendo que ficava a fazer serão, para encerrar umas contas, fechou a loja e deu um tiro na cabeça.
Foi o empregado quem o encontrou no dia seguinte. Francisca recordava o grande choque que sofrera, não só com a morte do marido, mas também ao descobrir a situação económica em que se encontrava, pois o marido sempre lhe escondera o rumo desastroso que o negócio tomara, e as dívidas que a firma tinha. De um momento para o outro, viu-se obrigada a vender a casa, para as liquidar, e a buscar protecção junto dos pais. Foi na casa paterna que se refugiou com o filho pequeno, e lá nascera o segundo filho. Desde então tinham passado três anos. Precisava encontrar um emprego, que lhe desse meio de subsistência para ela e para os filhos, mas não podia deixar duas crianças tão pequenas com a mãe, e também não podia pagar uma creche. Encontrava-se num beco sem saída.
Uns meses mais tarde, saía do registo civil onde fora renovar os seus documentos, quando encontrou a Graça.
- Francisca! Que alegria. Não esperava encontrar-te aqui.
Nunca mais te vi. Há tanto tempo!
Graça fora sua colega de estudos. Mais do que isso, fora
uma boa amiga. Mas depois entrou na Universidade e ela ficou para trás. Nunca
mais se tinham visto.
Com o à-vontade que a caracterizava, Graça pegou-lhe num
braço, quase arrastando-a atrás de si.
- Vem, vamos tomar um café. Aqui perto há uma pastelaria
sossegada. Quero saber de ti.
Entraram no estabelecimento, e sentarem numa mesa perto
da janela.
- Eles têm aqui uns pastéis de nata divinais. São a minha
perdição. Vou pedir para as duas. Vais ver que não é exagero meu. Mas que se
passa? Estás tão calada. Até parece que não gostaste de me ver.
- Claro que estou muito feliz por te ter encontrado.
Ainda estou surpreendida.
O empregado aproximara-se, e Graça fez o pedido. Logo que
ele se afastou perguntou:
- Casaste? E vives na cidade?
- Estou viúva. Tenho dois filhos e vivo na aldeia, em
casa dos meus pais.
Sem conseguir controlar-se, as lágrimas rolaram pela face
bonita.
O empregado voltou com os cafés e dois pastéis de nata
que colocou sobre a mesa. Quando ele se afastou, Graça chegou a cadeira para
mais perto da amiga e pediu, apertando-lhe a mão:
-Conta-me tudo.
18 comentários:
¡Hola Elvira!!!
¡Como siempre nos dejas un precioso texto que puede ser muy real! Por lo menos representa la vida misma de muchas personas que les toca vivir ¡o, nos toca vivir! Estos aconteceres o parecidos. Unos de una manera y otras de otra, en esta vida, unos más y otros menos, pero no son muchos los que pasan de largo. Dichosos aquellos que tengan una completa felicidad. Muy bien expresado, felicidades.
Muy buen relato, Elvira.
Te dejo mi cálido abrazo, mi inmensa estima y gratitud.
Se muy -muy feliz.
He tardado un poco en pasar por aquí. Y es que no ando muy bien de salud, y voy poquito a poco muy despacio correspondiendo a quienes me visitan. Perdón por ello, amiga.
Os amigos são presentes que Deus nos dá.
Felizes os que têm amigos verdadeiros.
Desta vez vai ser uma longa conversa.
Esperemos a conversa...
Abraço grandeeee
Mais uma história impecavelmente escrita, Elvira.
Gostei.
Abraço.
~~~
Amiga Elvira:
Acho que esta amiga vai ser muito importante na vida da Francisca.
Um beijinho e bom fim de semana
Claro
que o café é sossegado
mas acho que vou ouvir tudo
aqui ao lado
na mesa onde estou sentado
conta, Francisca!
Cónta-me tudo! E ahí o suspense a estas horas da madrugada en que te leo e pido por mais, coma sempre, porque escrives divinamente e entendo cuase tudo e o que non comprendo, intuio. Grazas por me visitar e eu devolvo esa visita con prazer porque me chama esa escritura tua que non tropeza con nada e flue sen cansar. Parabéms uma vez mais, amiga.
Cara Elvira
Não pude seguir o desenvolvimento da história anterior. Espero fazê-lo com esta que já vai o seu V capítulo e com uma notícia triste, a morte do marido da protagonista. O encontro com a amiga talvez lhe traga algum refrigério. Vou ver se leio os capítulos anteriores.
Bom fim de semana.
Bj
Olinda
Seguindo e esperando o desenrolar dos acontecimentos.
BJ, Elvira
Acompanhando a história.
Um ótimo fim de semana por aí!
Isabel Sá
Brilhos da Moda
Encontrar alguém quando tanto se precisa...é um bálsamo?
Bj
Hoje estou infinitamente feliz
por estar aqui na sua casinha virtual,
que Deus me presentou um dia.
Não tem como esquecer a pessoa linda,
que você é nem a amizade que nos uniu.
Deus abençoe seu final de semana.
Muita saúde e muita paz no seu viver.
Te abraço forte com todo meu carinho.
Bjs..Evanir..
PS..Na postagem estou homenageando
uma querida amiga que esta de volta.
muito bem narrado, a história promete.
beijinhos
:)
Depois do trágico incidente, com o marido, que a ele próprio tirou a vida. Que o destino ajude Francisca, a encontrar tudo que ela em sua vida mais deseja!...
Boa noite e um bom dia de domingo, amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.
Oi Elvira,
Num casamento tem que ter união em tudo. Mulher tem que ter participação nos negócios do marido, ficou alheia foi nisso que dá. Antes de ter um filho a mulher tem que estudar e trabalhar.
Já foi o tempo que só o homem trabalhava e a mulher e filhos passavam fome e tinham os dentes todos estragados.
Vamos seguir...
Gostei, sua contista.
Beijos
Lua Singular
Siempre tus historias, Elvira, están llenas de imaginación y reflejan la vida misma, con sus alegrías y sus múltiples penas. El comienzo del capítulo lo atestigua. Junto a la esperanza eterna por el próximo nacimiento, está la tragedia del suicidio.¡Qué tremendo contraste en una familia!
Abrazo austral.
É isso aí Elvira! Quando DEUS fecha as portas, deixa sempre uma janela aberta. Aguardemos os acontecimentos.
Abraços,
Furtado
Adorando cada capítulos... Uma construção de alto nível.
Beijos!
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