O carro rodou pela rua principal, voltou à esquerda e deteve-se uns metros mais à frente, junto de um portão verde que dava acesso a uma casa senhorial, quase se poderia dizer um palacete, rodeado de um pequeno jardim, cercado por um muro pintado de branco. O homem accionou o comando, o portão abriu-se e o automóvel percorreu a meia centena de metros até à entrada da casa.. Os ocupantes saíram, com as crianças fazendo algazarra, pois pretendiam ficar no jardim, onde dois baloiços e um escorrega solitário, eram um apelo irresistível à brincadeira. Porém o homem não deixou, dizendo que primeiro tinham que despir aquelas roupas e vestir algo mais confortável para as brincadeiras que se propunham. Então sim poderiam brincar até à hora do almoço. Pouco convencidas, as crianças lá seguiram com os adultos para casa, onde os esperava uma serviçal de meia-idade.
Lá dentro, a noiva tentou acompanhar as duas
mulheres ao quarto dos miúdos, mas o marido segurando-lhe a mão, reteve-a.
- Vem comigo. A Graça e a empregada cuidam deles.
Entraram num aposento espaçoso, misto de sala e
escritório, com uma ampla janela, em frente da qual havia uma secretária. As
paredes estavam repletas de livros. Num dos cantos havia um sofá, uma mesa de
apoio e um vaso com uma bela planta verde. Formava uma espécie de recanto
íntimo, como se alguém gostasse de estar ali, e a mulher pensou, se seria hábito da falecida, estar ali enquanto o homem trabalhava.
- Senta-te. Precisamos conversar, ainda há alguns pontos
que não esclarecemos.
Sentou-se. Formavam um casal curioso. Ele alto, moreno,
cabelos escuros, já com alguns fios brancos aparecendo indiscretos. Os olhos
também escuros encerravam uma grande tristeza. A sua figura tinha uma elegância
natural. Estava quase a fazer quarenta anos. Ela de estatura média, morena, cabelos e
olhos amendoados. Tinha trinta anos embora parecesse mais jovem, e também não demonstrava a alegria natural
de quem tinha acabado de casar. Parecia nervosa, pelo constante retorcer das
mãos. Mantinha o olhar fixo nos seus sapatos, como se eles fossem a oitava maravilha do mundo, ou não tivesse coragem de encarar o homem.
20 comentários:
Muita criatividade por aqui... Vamos ver como segue, Elvira...
O suspense é uma característica dos seus textos... E sempre terminam suavemente...
Bjs
Lindos os seus textos. As histórias sucedem-se pintadas de vidas vivas e coloridas. Consegue fazer-nos gostar das personagens e de todo o elenco.
Estou a ficar curiosa sobre os termos desse casamento... :)
Um casamento de "contrato"? Hummmm: o que virá por aí?
Bjn
Márcia
Todos os casamentos são como a escritura de um contrato, lavrado e assinado. Este, também o sendo, tem um mistério que estou ansiosa por saber.
A história tem os condimentos precisos para criar suspense. Muito bom.
Aguardemos, pois.
Um abraço, Elvira. Boa e inspiradora semana.
Oi Elvira,
Casamento no civil é um contrato que para muitos não da certo. Acho a união estável perfeita.
Vou tentar acompanhar, adorando...
Beijos
Lua Singular
Este casamento traz água no bico....
Acompanho e estou a gostar e estou de acordo com o Pedro.
Um abraço e boa semana.
Andarilhar
Olá, Elvira. Gosto muito de leitura. E as suas escritas já fazem parte das minhas leituras preferidas!
Beijinhos e um ótimo dia!
♥Priscila♥
Contrato de casamento, coisa que já não se usa, hoje em dia.
Agora é juntar os trapinhos e à primeira zanga toca a fazer a mala e ala, porta fora!
Vou ficar à espera para conhecer a singularidade deste contrato!
A passar para acompanhar a história e desejar um ótimo dia!
Isabel Sá
Brilhos da Moda
Um casamento que, afinal é um estranho contrato e no qual estão envolvidas várias crianças ! (??) ...
Noivos já com filhos ?... Coisas ainda por esclarecer entre os noivos ? ...
Os próximos episódios nos esclarecerão ! :))
Beijinhos, Elvira ! :)
O meu primeiro palpite saiu errado
talvez me tenha precipitado
o melhor é esperar
pelo desenrolar
Suspense lindamente delineado!
Bj
Já estou a ficar com dó da mocinha ou não será a mocinha da história? rrsrsrs
Um abraço querida Elvira.
Penso não ser normal, recém casados se sentirem tristes! Esse "Estranho Contrato", de facto, é mesmo muito estranho?
Tenha uma boa tarde amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.
O véu ainda se mantém!
Bj
hum...
isto está a prometer...
muita criatividade e suspense!
;)
É verdade que o casamento não deixa de ser um contrato, mas, realmente, esse parece muito estranho.
Abraços,
Furtado
Bem curioso esse casamento. Gosto de surpresas.
Beijos!
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