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5.2.16

MANEL DA LENHA - PARTE I

Quando Piedade soube que estava de novo grávida, pensou que o mundo lhe caía em cima. Corria o mês de Setembro de 1917, e o mundo agonizava entre uma guerra mundial, que durava já há três anos, e uma revolução russa. Mas Piedade, uma ignorante mulher duma aldeia do interior, nada sabia o que se passava por esse mundo de Cristo.
O companheiro partira, há anos, para o Brasil em busca de uma vida melhor e nunca mais dera notícias. Ela nem sabia se era morto ou vivo. Quando ele partiu, já Piedade tinha dois filhos. Uma menina de dois anos e um rapazito, recém-nascido e muito enfezadinho, a quem ninguém profetizava uma vida longa.
Sem notícias do seu homem e sem trabalho, Piedade, percorria as poucas casas da aldeia e de outras aldeias vizinhas, oferecendo-se para trabalhar, na lida da casa, ou no campo, cujos trabalhos não tinham para ela segredos. Levar para casa ao fim do dia, comer para os filhos, era a sua única preocupação nos últimos cinco anos. Meses antes, ela conhecera um homem de uma aldeia vizinha, solteiro, com alguns campos, e que lhe prometera, ajuda para criar os filhos em troca de “certos favores”. Sem esperança de notícias do marido, e sentindo-se demasiado cansada, da luta diária para sustentar os dois filhos, Piedade pensou que aquela ajuda caía do céu.
Alberto parecia ser sincero e bom homem, e apesar de todos os desenganos da vida, Piedade, continuava a acreditar no ser humano. Mas quem vê caras, não vê corações, já lá diz o povo, e o povo tem a sabedoria que se aprende, com os muitos tombos da vida.
Durou pouco a melhoria da vida da pobre Piedade. Ela, nada sabia de métodos anticoncepcionais. E ficou grávida de novo. Quando o homem soube que ela estava grávida, simplesmente a pôs na rua com os filhos e com a indicação de que nunca mais lhe aparecesse na frente. Ela chorou tudo o que tinha a chorar e depois recomeçou a jornada de porta em porta, procurando trabalho. O seu ar franzino não mostrava a força de que aquela mulher era dotada. Em Abril de 1918, nasceu o terceiro filho de Piedade. Era um rapazinho pequeno e franzino, a lembrar João, o irmão, porém ao contrário deste era um menino saudável.


21 comentários:

Socorro Melo disse...


Que situação a de Piedade, hein? Ese conto promete...


Abração

Socorro Melo

Existe Sempre Um Lugar disse...

Boa tarde, a piedade foi mais um das vitimas que as mulheres sofreram e continuam a ser neste mundo dominado pelos que pensam que são proprietários das mulheres.
AG

chica disse...

Pobre Piedade e Alberto, mais um canalha que apareceu em sua vida!!! Estou gostando! bjs, chica

Edum@nes disse...

Ora bolas Piedade...
promessas de falso amor
a seguir a uma situação
menos boa vem outra pior
que desumana crueldade
desse homem sem coração!

Tenha amiga Elvira, uma boa noite e um belíssimo fim de semana, um abraço,
Eduardo.

Fê blue bird disse...

Amiga Elvira:
A mulher ao longo dos séculos sempre foi a maior vítima das guerras e dos conflitos.
Vou seguir com atenção o desenrolar da vida dura da Piedade.
Um beijinho e bom fim de semana

Unknown disse...

Piedade vivia numa infausta época e estava sujeita a infortúnios. Este conto promete.
Beijo, amiga, e obrigada por seguir o meu bloguinho.
Renata

Zilani Célia disse...

OI ELVIRA!
QUE BOM, VOU COMEÇAR JUNTO CONTIGO, JÁ ESTOU POR AQUI.
ABRÇS

http://. zilanicelia.blogspotcom.br/

Anete disse...

Acompanhando a história da Piedade... Há tanta gente como ela, judiada vida afora...
Bjs e bom sábado

tulipa disse...


Bom dia, Elvira!

Na sua história, a Piedade é mais uma vítima de promessas de falso amor, de desumana crueldade, como tantas outras mulheres, vítimas de homens sem sentimentos.

MUITO OBRIGADO por ter respondido ao meu convite!

É isso que eu procuro na Vida - fazer com que a maioria dos nossos momentos sejam super engraçados, divertidos e sobretudo mostro o meu lado sonhador e lutador.

Não é bem...não se pode dar uma festa física!
Até se pode, se tudo for bem pensado e organizado,
o problema é que estamos todos distantes uns dos outros!

Mas, nada me impede de convidar todos a tomar um chá virtual.

TÃO BOM mesmo, ler comentários e dizerem-me:
nem sei como, ainda me consegues surpreender...

Ui....faz-me tão bem, tão bem mesmo!

SÓ ASSIM ENTENDO A MINHA PRESENÇA NA BLOGOSFERA.

E assim continuarei, dê-me Deus saúde para o poder fazer.

BOM FIM SEMANA DE CARNAVAL

DIVERTE-TE
a vida é mesmo curta, passa a correr.

APROVEITA A VIDA

Beijinhos

nota: ontem fui fotografar o desfile de Carnaval das Escolas
e hoje vou ter que me debruçar sobre as 200 fotos
e escolher umas 10 para fazer um post.

Mariangela l. Vieira - "Vida", o meu maior presente. disse...

Coitada da Piedade, quantas assim sofrendo na vida!
Vou acompanhar...
Abraços Elvira, um bom descanso!
Mariangela

aluap disse...

Era assim mesmo e esses casos aconteciam em quase todas as aldeias do nosso interior.
O Brasil foi dos primeiros destinos para muita gente e por circunstâncias da vida muitos não tiveram oportunidade de um dia voltar, mas pode ser que o companheiro de Piedade ainda volte ou os 'mande ir' para junto de si.

Beijos/Bom fds.

paideleo disse...

Que vida desgraciada a daqueles tempos.
En verdade o home é un lobo para o home.

ONG ALERTA disse...

Que loucura....
Bjbjb Lisette.

Gaja Maria disse...

Mais um bonito conto. Aver o que a vida reserva a Piedade e aos filhos. :)

Lua Singular disse...

Oi Elvira,
Pena que Piedade era muito ingênua e ninguém ajuda quando se precisa, daí vem mais uma decepção na vida.
Há necessidade na vida ser muito esperto para viver.
Vamos esperar que ela saia dessa.
Beijos
Lua Singular

Elisa disse...

Não imagino o que possa sentir a Piedade nessa altura!
Vou estar por aqui a acompanhar mais uma vez...já estou desejosa por ler o seguinte.
Beijinhos
elisaumarapariganormal.blogspot.com

madrugadas disse...

Tenho andado um pouco ausente pelas razões que são conhecidas.
Parece-me que começo a ter a casa arrumada e que poderei voltar a ler todos os blogues amigos.
Esta parece.me ser mais uma longa história como é longo o sofrimento das personagens que lhe dão vida e colorido.
Beijinhos nossos e votos de uma linda semana.

Rogério G.V. Pereira disse...

Não há mulheres frágeis
Há-as que desistem da força que têm
Há-as que a ignora
As que não desistem, nem a ignora, mal sabem usá-la

Teresa Brum disse...

Pobre Piedade e que homem cruel!
Um abraço querida Elvira e agradecida por sua sempre doce visita.

Portuguesinha disse...

Elvira, de onde lhe vem a inspiração?
Em quem se baseia para criar as histórias?

Ainda mal começou e já tem a minha total atenção. Mas é mais que isso. Uma pessoa identifica-se, parece que sabe o que é viver aquilo, mesmo sem ter vivido.

Rosemildo Sales Furtado disse...

Esmola grande, cego desconfia. Só que a Piedade não era cega e, portanto, não desconfiou. A história/estória promete.

Abraços,

Furtado.