foto minha
Ele e a mulher não se importavam de ir viver para lá se o gerente autorizasse. E ele autorizou.
No fim de Março, eles mudaram-se para essa ”casa”. Era uma barraca de madeira, com uma cozinha, e dois quartos. Não tinha electricidade, não tinha água, mas tinha o telhado forrado, o que a tornava mais confortável no Inverno. E no Verão, a sombra do pinheiro, refrescava a casa.
Manuel era um homem muito habilidoso. Com uma fita métrica, um martelo, escopro e plaina, farinha e água, (para fazer cola), pregos e madeira, ele era capaz de fazer maravilhas. Mas onde ir arranjar a madeira?
Todos os anos, quando os navios chegavam, os botes eram trazidos para terra, para que fossem reparados. Eram trocadas as tábuas que estavam em mau estado, substituídas por novas, e calafetados, para que não apresentassem perigo quando voltassem ao mar. Á porta da oficina, amontoavam-se as tábuas velhas, e pequenos pedaços de novas. Manuel conseguiu autorização para utilizar essas tábuas, e com elas fez um armário para a cozinha, uma arca para guardar as roupas, o berço para o filho e uma mesa. No ferro velho comprou uma cama e duas cadeiras de ferro, que lixou e pintou de novo, comprou um fogão a petróleo, e o resultado foi a casita “mobilada" e pronta a habitar, para onde se
mudaram.
O tempo segue a sua marcha inexorável, Umas vezes mais rápido outras vezes mais lento, do que o nosso próprio desejo. O Manuel estava desejando, que o filho nascesse, embora ele só fosse esperado para o final de Setembro.
Porém no início de Setembro, uma daquelas tempestades de Verão, que fazem duvidar se estamos realmente nessa estação. Na noite do dia dois para três, a trovoada rugia estrondosa como se estivesse por cima das suas cabeças. Ele abraçava a mulher que tremia de medo, e tentava esconder dela o seu próprio pavor, quando um enorme relâmpago fez da noite, dia, e o trovão os ensurdeceu, ao mesmo tempo que lhes parecera que o chão tremia. A mulher apavorada sentia a criança “aos saltos” e ambos sentiram o cheiro a queimado. Pouco depois a trovoada afastou-se mas eles não mais dormiram. A mulher começou com contracções antes de tempo. Talvez por causa do medo, do susto que a mãe sofrera, o certo é que a criança se aprestava para vir ao mundo. Quando pelas sete da manhã, Manuel tentou abrir a porta de casa, não o conseguiu, pois metade do pinheiro, fora cortado de alto a baixo pelo raio que o ferira, e encontrava-se caído frente à porta. Tremendo, a pensar no perigo que correram, ele chamou a mulher. Ela no entanto não se levantou e apenas lhe pediu que fosse chamar a parteira.
Sem poder abrir a porta, aprestava-se a partir os vidros da janela para sair, quando o vigia, os outros moradores da seca chegaram para remover o pinheiro, e saber se eles estavam bem.
Nessa mesma manhã às onze
horas e vinte da manhã, Manuel sofreu a sua primeira decepção depois do
casamento.O menino
com que ele sonhara, desde o início do ano, não existia. O filho era afinal uma rapariga.
A 1 º filha do Manel da lenha
A 1 º filha do Manel da lenha
16 comentários:
Os homens sempre desejam que o primeiro filho seja homem. Porém, as coisas acontecem como tem de ser e não custa nada tentar novamente.
Abraço Elvira
Amiga Elvira.
Tempos difíceis e vida difíceis geram este tipo de mentalidade.
Quando eu nasci o meu pai também ficou decepcionado e eu em criança sentia essa decepção.
Aguardo com expectativa a continuação.
Um beijinho
Fê
Uma trovoada que fez com que a criança nascesse antes de tempo, e que grande noite de susto.
Antigamente quase todos os homens desejavam ter filhos rapazes.
xx
Quanto trabalho eles tinha,...Horas de pânico com o temporal! E ainda por cima, vem a menina...Trista essa cabeça de alguns homens que querem o macho primeiro! bjs, chica
Penso que o Manel da Lenha, não tinha motivos para ficar decepcionado. Não era menino, era menina, filha dele e sua amada, por isso devia ser bem recebida, como seria se fosse menino!
nasceu antes de tempo linda criança,
por causa duma forte e medonha trovoada,
a seguir virá o menino, Manel,não percas a esperança
porque, ainda agora estás no princípio da caminhada!
Boa noite amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.
Oi Elvira, boa noite!
Que dó eu tenho das dificuldades que passavam os nossos pais, os irmãos primogenitos, como era difícil a vida que eles levavam!
Ainda mais esse susto enorme que fez nascer a menininha!
Eles são verdadeiros guerreiros de Deus!
Obrigada pelo comentário.
E tendinite não é brincadeira mesmo, como dói!!
Mas graças à Deus já está melhor.
Um abração!
Mariangela
Ao contrário do Manuel, eu sempre desejei ter filhas.
E tenho duas.
Bfds
OI ELVIRA!
NA ÉPOCA, ACHO QUE PELAS DIFICULDADES QUE PASSAVAM, UM FILHO HOMEM SIGNIFICAVA MAIS DOIS BRAÇOS PARA TRABALHAR.
QUE TRISTE ESTA DECEPÇÃO DO MANUEL, TRISTE PARA A MENINA. DIGA-SE DE PASSAGEM.
ABRÇS
http://. zilanicelia.blogspotcom.br/
Quando se mete na cabeça que é um rapaz e sai uma rapariga é uma chatice incompreensível.
Um abraço e bom fim de semana.
Bons capítulos li agora.
Muita chuva, dificuldades e a decepção na expectativa de Manuel... Grande bobagem o desejo de "filho homem"... Mas, existe mesmo a preferência assim...
Bom fim de semana. Bj
Acontece muita vez...mas é filho e isso diz tudo mesmo conjugado no feminino!
Agora...bj
Boa tarde, felizmente a mentalidade que ter um filho é melhor que ter uma filha vais acabando, os maneis vão acabando, filho ou filha é a felicidade de qualquer pai que se preze.
AG
Esperar que o primeiro filho seja homem é coisa comum a várias culturas. Gostei muito do texto. E continua a saga de Manuel.
Beijo*
Continuando por aqui..:) Um bom fim de semana Elvira. Beijinhos
elisaumarapariganormal.blogspot.pt
Os homens sempre querem que o primeiro filho seja rapaz, mas depois morrem de amores pelas filhas, suas grandes riquezas :)
Olá Elvira! Depois de sete filhos machos de quatro mulheres, terminei por adotar uma fêmea que nasceu no mesmo dia do sétimo. Filho é filho, pouco importa se macho ou fêmea. Continuo gostando.
Abraços,
Furtado.
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