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27.7.22

OS CAMINHOS DO DESTINO - PARTE VIII




Uma semana depois, Beatriz encontra-se no quarto. Em cima da cama tem uma mala de viagem aberta onde guarda algumas roupas. Durante aquela semana, 
o seu rosto ganhou cor e um aspeto mais saudável. Foi uma semana complicada, entre idas ao banco, às finanças, ao médico e à companhia de seguros, em que se fartou de preencher papéis, mudar o registo da água, luz, gás. E por fim a muito dolorosa ida ao cemitério.

Agora tudo tratado, preparava-se para ir passar uns dias a Lagos com os pais. Recuperar forças e coragem para enfrentar a vida, procurar um emprego, que as poupanças no banco não eram muito grandes, e se bem que não pagava renda de casa, havia todas as outras despesas inerentes à manutenção da mesma, sem falar na alimentação.

Acabou de encher a mala. Da gaveta de mesa-de-cabeceira, retirou a primeira página de um jornal, onde se viam dois carros totalmente destruídos, guardou-a por cima da roupa e fechou a mala. Olhou para o relógio. O intercidades com destino a Faro, saía da gare do Oriente, às dez e dois. Eram nove e um quarto. Ia chamar um táxi. Preferia ir mais cedo do que se atrasar no trânsito e não chegar a horas.
 Verificou mais uma vez a mala de mão.  Não esquecia  de nada. Desligou as torneiras do gás, e o contador da água, mas não o contador da luz, porque tinha carne e peixe no congelador, tinha que deixá-lo ligado. Telefonou para a central a pedir um táxi, pegou na mala de viagem e na mala de mão e finalmente saiu, para esperar o carro na rua.

Chegou à estação às nove e cinquenta. O comboio já lá estava . Procurou a carruagem a que pertencia o bilhete comprado no dia anterior pela internet, e ocupou o seu lugar deixando a mala de viagem ao seu lado, pois o esforço de colocá-la no lugar correspondente na prateleira superior do comboio, podia ser demasiado perigoso, para a sua recente cirurgia.

Entreteve-se com o movimento dos restantes passageiros que iam entrando, até que o comboio deu sinal de partida. A carruagem tinha bastantes lugares vagos, mas provavelmente ainda iria encher pois efetuava várias paragens. E embora o calendário mostrasse que estavam no final de Janeiro, o tempo estava agradável e os comboios para o Algarve costumam lotar em qualquer época do ano.

Pouco depois o revisor avisou-a, que tinha que sair em Tunes e apanhar a ligação do regional para Lagos.
Estava nervosa. Há quase três anos, que não via os pais. E apesar do que a mãe lhe tinha dito, ela continuava a temer a maneira como seria recebida pelo pai.






7 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Pais à velha guarda??

Tintinaine disse...

O Algarve é a doença de todos os lisboetas! Com o calor que faz em Lisboa, no verão, seria mais lógico vê-los a rumar ao norte, mas isso não acontece. Porque será? O próximo fim de semana será o mais significativo em termos de debandada, em direcção a sul.
Na presente novela acontece o mesmo, mas não pelas mesmas razões. Mas diria que é a novelista que sofre do mesmo mal!!!

chica disse...

A expectativa de rever os pais e as incertezas..
.Lindo de ler! beijos, chica

Maria João Brito de Sousa disse...

Continuo a acompanhar os caminhos deste destino e espero que os seus olhos possam melhorar um pouco, entretanto. Os meus continuam "em chamas" apesar das muitas gotas lubrificantes com que vou tentando apaziguar-lhes os ardores...

Forte abraço, Elvira!

Ailime disse...

Bom dia Elvira.
Mais um belo capítulo. Beatriz é uma Mulher de coragem.
Decerto que os pais a vão receber de braços abertos e lhe darão conforto.
Beijinhos e saúde.
Ailime

Beatriz Pin disse...

Ola, amiga Elvira. Agradeço a visita no meu blog. Ultimamente não tenho muito tempo para passar pelos blogs da gente mas gostei de ler a sua postagem, e ver que ela se chama Beatriz.
Escreve muito bem e gosto de a ler.
Um abraço

Cidália Ferreira disse...

Muito bem... Estou a gostar!!
.
Beijos. Boa tarde