Casaram três meses depois. E ficaram a viver naquele apartamento, que ele tinha herdado dos pais, e que tinha sido remodelado há pouco tempo, pois que pensava vendê-lo antes de a conhecer.
Pouco tempo depois do casamento, já Beatriz se dava conta que o marido, estava mais para sapo do que para príncipe. Jorge tinha tanto de sedutor como de imaturo e irresponsável. E as discussões começaram.
Ao fim de dois anos, saturada e convencida, que o marido nunca deixaria de ser um garoto mimado, ela começava a ponderar a hipótese de divórcio, mas nessa altura descobriu que estava grávida e decidiu esperar até a criança nascer. Quem sabe a paternidade fazia de Jorge um homem mais responsável, na vida pessoal, já que profissionalmente parecia outro homem.
Três semanas antes, o marido insistira para que o acompanhasse à festa anual da empresa. Sem muita vontade, e para não arranjar outra briga, ela acompanhou-o.
Porém durante a festa, ele bebeu demais, e mesmo na sua presença, não se coibiu de galantear outras mulheres. Magoada, Beatriz pediu para regressarem a casa. Alegou que não se sentia muito bem. Jorge abandonou a festa de má vontade, e mal entraram no automóvel, começou a discussão.
Ela não deu resposta, e isso em vez de o acalmar, exasperou-o.
Não se lembra, de outra coisa depois disso. Apenas dum enorme estrondo, como se um trovão rebentasse sobre a sua cabeça. E mergulhou na escuridão.
Depois só recorda, a voz de Clara, muito distante, conversando com ela, qualquer coisa que não entendia. Com esforço abriu os olhos e a amiga, imediatamente tocou a campainha, a chamar a enfermeira.
Mais tarde veio o médico. Só nessa altura, Beatriz ficou sabendo que o marido chegara ao hospital já sem vida. E que ela fizera uma rotura do baço, tivera que ser operada, tinha várias feridas, perdera muito sangue, e apesar de todos os esforços médicos, fora impossível salvar o bebé. Estivera dezasseis dias em coma.
Levantou-se. Guardou o pote das bolachas, lavou a chávena, e foi à casa de banho, onde lavou o rosto. Olhou-se no espelho. Parecia ter envelhecido dez anos.
Abriu a única porta que se mantinha fechada e acendeu a luz. Era um quarto de bebé, completamente decorado e pronto para receber um bebé que já não ia chegar. Sentia-se perdida. Tinha decorado aquele quarto com tanto amor. Fechou a porta com raiva. Revoltada com a vida, e as suas partidas.
8 comentários:
O álcool na condução, a violência no casamento.
Infelizmente demasiado reais.
Tragédias demasiado reais.
Boa semana
Bom dia Elvira,
Uma tragédia todos esses acontecimentos muito bem narrados.
Beijinhos e saúde.
Ailime
Depois da tempestade vem a bonança, não é verdade?
Acredito que assim vai acontecer!
Boa semana, Elvira, e espero que o marido esteja melhor!
Tragédia provocada pelo danado do álcool... Imprudência! Beatriz agora triste e revoltada com razão! beijos, linda semana! chica
Tudo tão real quanto na vida do dia a dia, infelizmente.
Espero que tanto a Elvira quanto o seu marido estejam melhores.
um forte abraço!
Mais um excelente capitulo.
Gostei.
Um abraço e boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
" Por vezes diz-se; Mais vale a morte que a má sorte" ... Vamos acompanhando :)
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Seria a vigilância da desventura alheia
Beijos, e uma excelente semana.
Esperemos que a partir daqui a vida sorria a Beatriz.
Todos temos direito ao nosso quinhão de felicidade.
Um abraço, Elvira.
Votos de que o marido esteja com a tensão arterial estabelizada.
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