Passaram-se três meses, durante os quais Teresa só saiu de casa para tirar os pontos, e para as consultas necessárias com ela ou com os bebés. Apesar de todas as ajudas com amas e enfermeiras, sentia-se sempre cansada. Continuava a dar de mamar oito a dez vezes por dia, e nos intervalos continuava a tirar leite não só para alimentar um dos bebés, como para manter estimulada a produção, congelando o excesso quando sobrava para depois lhes dar quando começasse a ser necessário um reforço.
E ainda assim, pensava que era uma privilegiada. Imaginava
como seria a sua vida, sem família, a viver de um emprego e ter tido três
filhos em vez de um. Não sabia se teria forças para sobreviver. E ela sabia que
havia milhares de mulheres em todo o mundo, que passavam por isso.
Outra coisa que a preocupava, era a relação com o marido.
Desde que viera para casa, que partilhavam o leito conjugal, mas apesar de já
ter passado o tempo de resguardo ainda não tinham consumado o casamento. No início ele abraçava-a e ela deitava a cabeça
no seu ombro e dormia assim o pouco tempo que lhes era permitido entre as mamadas dos
bebés.
Passados que foram dois meses, as carícias do marido
tornaram-se mais insistentes, mais ousadas, mas ou por causa do cansaço ou pela
preocupação, o certo é que ela perdera o desejo que sentira pelo marido antes
do parto, e começou a evitá-lo, procurando que os seus corpos não se tocassem.
Embora João não se queixasse, ela sentia-lhe o desejo
frustrado, e ficava nervosa, cada vez que via a noite aproximar-se, e pensava
que daí a pouco ele se ia deitar a seu lado. O pior é que os bebés percebiam o
nervoso da mãe e mostravam-se mais inquietos.
Isso levou Sandra a inquirir o que se passava com ela, se estava doente, se tinha dores no peito, às vezes o mesmo gretava e causava dores. Não era o seu caso.
Apesar de entre as duas ter nascido uma relação de amizade, Teresa envergonhada não se abriu.
Porém quando Inês a visitou nessa tarde Teresa contou-lhe o que a atormentava.
Inês contara-lhe que também tinha tido esse problema e que a doutora Laura lhe dissera que o cansaço, a ansiedade, e o aleitamento dos filhos, reduziam de forma drástica a libido de muitas mulheres. Em vez de tentarem uma relação frustrante, deveriam optar por abraços prolongados, beijos, massagens, carícias mais ou menos ousadas, e ia ver que num mês ou dois o organismo ia começar a reagir e a exigir mais. ´
-E o certo é que realmente funcionou, - disse.
A amiga também lhe aconselhou a ter uma conversa franca com João e explicar o que se passava. De
contrário ele podia pensar que havia da parte dela uma rejeição, ou até que ela
se arrependera do casamento.
Por outro lado, os bebés tinham crescido imenso e os três estavam já com um peso muito semelhante, ao de bebés não prematuros. E dentro de dois meses poderia começar a alimentação artificial com a introdução de um reforço, que se ia tornando cada vez maior até deixar de dar de mamar por completo. E nessa altura, poderia enfim relaxar e ter um tempo só para eles dado que os bebés tinham duas amas e uma enfermeira para cuidar deles.
Nessa mesma noite, Teresa
confessou ao marido o que se passava com ela e pediu-lhe que tivesse um pouco mais de paciência. Contrariamente ao que supôs, João mostrou-se compreensivo
- Casámos há oito meses, dormimos na mesma cama há três
meses e ainda não tivemos a nossa noite de núpcias. Se temos que esperar mais
dois ou três meses, esperaremos. Afinal o que são alguns meses quando Jacob esperou 7 anos para ter Raquel - terminou sorrindo para a animar.
13 comentários:
Até agora está tudo correr bem e espero, querida Amiga, que proporciones a esta familia um Natal melhor que o nosso. A vida pregou-lhes uma partida muito desagradável, portanto tem que os recompensar com a felicidade que merecem. Não te esqueças! Ja viste um Natal com três lindos bebes? Maravilhoso! Beijinhos, Amiga, e saude para todos não esquecendo as tuas fofas.
Emilia 🎄 ☃️🙏
Finalmente, vejo uma luzinha ao fundo do túnel e a falar é que a luz se aproxima e me alumia.
Isto é que tem sido aqui um sufoco, até me sinto como se também eu tivesse dado à luz.
Abrevie lá a história, Elvira que o meu coração não aguenta tanta trama, tramada.
Um abraço e uma boa noite.
Forçar é uma forma mais suave de violação.
Mas não deixa de ser violento na mesma.
Bfds
Que bom ele é compreensivo e entendeu o que a mulher sente...Vamos esperando! beijos, lindo dia! chica
O amor é lindo!!
Vá lá Elvira, conceda ao casal a desejada (pelo João) noite de núpcias.
Beijo, bom fim-de-semana, proteja-se do frio.
Vou ler o que perdi...
Aproveito para desejar um bom fim-de-semana!
Bjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram | Youtube
A passar para acompanhar a história
Very fine story :)
Very fine, disse a comentadora que me antecedeu. Eu não sei qual o adjectivo a usar para qualificar esta situação que foi criada pela nossa novelista. Isto fez-me recordar um amigo (que não sabia uma palavra de inglês) e costumava dizer: - very fine, very wine! Só porque rimava, acho eu!
Será que o acasalamento se está a desmoronar?
Tenha um bom fim de semana amiga Elvira- Um abraço.
Boa noite Elvira,
Eles ainda vão ser muito felizes com os seus pimpolhos, depois da mãe passar umas merecidas férias:))!
Adorei também este capítulo.
Beijinhos e bom fim de semana.
Ailime
O amor dele é muito sensível, imenso e torna-o compreensivo.
Abraços fraternos!
Qualquer que seja o caminho que se escolha, o mesmo abre a "porta" a um número de problemas/questões e aqui, num casamento com estas particularidades havia a curiosidade de saber como é que a autora ia dar a volta e aqui está o resultado, com o recurso a uma amiga que se pode dizer ter ajudado e até salvo a relação.
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