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6.7.20

CILADAS DA VIDA - PARTE II


- Bom dia! É verdade, embora só por dois dias, vim arejar a casa. E o ti’ Joaquim, já a apanhar as cebolas?
-Tem que ser. É uma pena teres esse terreno aí abandonado. Sabes o que devias fazer? Arranjar um marido, e voltares de vez. Tenho a certeza de que tanto a tua mãe como a tua avó, lá onde se encontram, ficariam muito mais descansadas se te vissem aqui a cuidar daquilo que tanto lhes custou a ganhar.
-Eu gosto disto, mas não sei se me habituaria a viver aqui de forma permanente. Habituei-me a viver na cidade, é lá que tenho a minha vida. Talvez um dia venda o terreno e fique apenas com a casa para passar uns dias quando me sentir mais cansada.
- De certa forma compreendo-vos. A aldeia não evoluiu, e o ser humano nunca está satisfeito com o que tem, então os nossos filhos partiram para a cidade em busca de melhor vida, e os filhos deles, que sempre tiveram muito mais do que os seus pais e avós, emigraram para o estrangeiro, porque a vida na cidade já não lhes chegava. E um dia vão dar-se conta de que lá, também é pouco para eles. E trabalham toda a vida cada vez mais, e nunca estão felizes, porque não sabem que a felicidade está dentro de nós e não nas coisas que nos rodeiam.
- O Ti’ Joaquim é um filósofo – disse Teresa sorrindo.
- Já pareces o meu neto, com essa conversa.
- O Alberto? Não o vejo há mais de cinco anos. O que é feito dele?
- Acabou o curso, casou com uma colega e estão os dois a trabalhar num hospital no Porto. É o único que ficou cá e que vou vendo de vez em quando; os mais velhos foram para a Austrália, nunca mais os vou ver.
- Não perca a esperança, qualquer dia vêm de férias.
- Não. A Austrália, fica muito longe, as viagens saem demasiado caras. Depois partiram sós, lá arranjaram companheira, fizeram os seus ninhos, já têm filhos. Essa, é agora a família deles e aquele o seu país. Do resto não reza a história. Bom tenho que ir levar as cebolas à mulher que daqui a pouco ela pensa que me perdi. Gostei de ver-te. Se pensares em vender o terreno fala comigo. O meu cunhado que está na França está a pensar voltar. Quer comprar um terreno aqui, para construir uma casa, mas ninguém quer vender.
-Fique descansado se pensar em vender, vou ter consigo, - disse a jovem e acrescentou em voz baixa quando o homem virou costas. - Se calhar mais depressa do que aquilo que pensa.
Pouco depois levantou-se e empreendeu o caminho do regresso a casa. Teresa era uma mulher morena, alta e esguia, de cabelos e olhos castanhos.
Na aldeia, conhecia toda a gente, e todos a conheciam já que ali nascera, na casa da avó Rosário, onde também nascera Ana, a sua mãe, vinte e cinco anos antes dela. Teresa, não acreditava no amor, nem nos homens. O seu avô largara a sua avó grávida de cinco meses para se juntar com outra mulher. O seu pai, bom esse, nem sequer chegara a casar com a sua mãe. Quando soube que a tinha engravidado, simplesmente desaparecera.
Desde bem pequenina, Teresa habitou-se a ouvir a mãe e a avó dizerem que os homens não prestavam, não consideravam as mulheres como suas iguais. Serviam-se delas quando delas podiam tirar algum proveito e descartavam-nas quando já não lhes eram úteis. De modo que bem cedo, jurou a si mesma, que nunca ia querer saber de homem algum e assim se manteve até à atualidade.



Gente, alguém me explica uma coisa? O primeiro capitulo desta história na Sexta-feira teve 19 comentários e 14 visualizações. É possível alguém comentar sem ver?

19 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Comentar sem ver???
Ghostbusters!!!!! :))))
Boa semana

Joaquim Rosario disse...

Bom dia
Na minha ignorância acho dificil , mas que vamos ter mais uma boa historia não tenho dúvidas

J R

Maria João Brito de Sousa disse...

Estou a gostar muito desta nova história.

Quanto à discrepância entre o número de comentários e o de visualizações... hum, só se alguém com o mesmo IP usar dois perfis diferentes... ou se os tão falados "robots" tiverem conseguido ultrapassar o seu filtro de impedimento de comentários anónimos. Isto é o que eu suponho, na minha triste ignorância...

Abraço e boa semana, amiga!

Tintinaine disse...

Isto do Google e do Blogger é como no Facebook, só aparece aquilo que lhes dá jeito. Umas vezes não conta, outras conta de mais, eles lá saberão porquê, nós limitamos-nos a navegar ao sabor da maré.

AC disse...

Mais uma protagonista da galeria da Elvira, desta vez é a Teresa.
Que nos reserva a história? Será que a Teresa vai encontrar motivos para se fixar na aldeia?

Uma boa semana, Elvira. :)

noname disse...

Esses contadores são uma tanga, eu, nunca lhes fiz fé, embora para mim não contem, não quero saber de contadores. ahahahah

Bom dia, Elvira

chica disse...

Acompanhando e gostando... Quanto aos comentários, no mínimo estranho...Mas acontece cada uma.... beijos, chica e linda semana!

Cidália Ferreira disse...

Gostei deste segundo episódio!

Isso das visualizações é o sistema que de vez em quando ansa descompensado!
.
Gosto dos teus lábios sedentos ...

Beijo e uma excelente semana

São disse...

Não faço ideia.


Beijinho, boa semana

Ailime disse...

Boa tarde Elvira,
Acompanhando esta história que teve um belo começo.
Sobre o problema que coloca, não sei, porque não costumo ver.
Beijinhos,
Ailime

Os olhares da Gracinha! disse...

Será que vai resistir se o amor surgir!? Bn

Janita disse...

Não se apaixonou ainda a Teresa, porque quando isso acontecer ela vai esquecer esses pruridos.

Quanto ao seu espanto, Elvira, não ligo a esses pormenores pelo que não lhe sei responder. Mas lá que acredito que há quem comente sem ler, isso não duvido, não sei é como o fazem.

Boa semana.

aluap disse...

Palavras sábias do ti Joaquim!
Já quanto às visualizações não a posso ajudar, pois provavelmente ainda saberei menos que a Elvira destas coisas das "estatísticas"!
Boa semana.

Edum@nes disse...

Porque hoje não estás apaixonada,
no mundo nunca tudo será perfeito
até porque poderás estar enganada
oh! Teresa não penses desse jeito!

Pelo aspecto da carruagem. Tudo indica de que durante a viajem irão ocorrer algumas turbulências.

Tenha uma boa noite amiga Elvira. Um abraço.

Emília Pinto disse...

Mais uma nova história que vou acompanhar com interesse, como sempre. Há anos que te sigo e adoro os teus contos. Quanto à pergunta que fazes, amiga, não sei como o blogger faz essas contas, mas....há certos comentários esquisitos...parece que o post não foi lido; o que importa, Amiga, é que a maioria lê e com muito interesse. Sei que tens muito trabalho com as duas netinhas e admiro-te muito, pois ainda consegues tratar do Sexta com muita dedicação. Um beijinho, querida Amiga e espero que estejam bem de saúde
Emilia

Rosemildo Sales Furtado disse...

A Teresa ainda não encontrou alguém por quem ela possa se interessar. Acompanhando e aguardando os acontecimentos.

Quanto aos comentários, alguém pode ter feito mais de um. Rsrs.

Abraços e uma ótima semana para ti e para os teus.

Furtado

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Muito legal este capítulo já nos dá uma ideia que vai ser top a história.
Beijos!

teresa dias disse...

Hum, a história só agora começou... mas promete!
Quanto à pergunta? Não sei responder. Mas é esquisito sim!
Beijo.

João Santana Pinto disse...

Mais um tema dentro de um conto. Quando sou obrigado a ouvir que o passado é que era bom... lembro-me de temas como estes... e são tantos...

e penso que é uma das muitas coisas que gosto nos seus textos, para além da escrita. Há sempre um tema a defender direitos que nos pertencem por natureza, são sempre retractadas questões pertinentes de uma vida que nem sempre nos parece pertencer.

É apenas o início, a informação está a começar e ainda é cedo. Aqui, o texto ainda corre devagar enquanto aguarda ter água suficiente para fazer deste um rio que nos irá muito certamente deliciar.