Seguidores

31.7.20

CILADAS DA VIDA - PARTE XIII




-E em mim, tens confiança? – perguntou Inês.
- Que pergunta é essa? Sabes que confio em ti como em mim mesma. Estás interessada no lugar? Não querias ter um segundo filho em breve?
- Decidimos que só tentaremos uma nova gravidez dentro de dois anos. E estou farta de estar em casa. Podia por o Martim na creche e ocupar o lugar. Daqui por dois anos, o teu bebé, estará com mais de um ano e poderás voltar a assumir a gerência.
- Por mim encantada, mas o Gustavo estará de acordo?
- Tenho a certeza que sim. Já tinha comentado com ele sobre a hipótese meter o Martim na creche e procurar uma agência de trabalho. Não se trata de necessidade, monetária.  Nem sequer estou a pensar numa carreira laboral pelo menos, até ter um segundo filho com uns dois anos. Mas estou há três anos em casa. Como uma máquina sempre a repetir as mesmas tarefas, sem ver nem falar com ninguém a não ser o marido e filho. Um leva grande parte do dia a dormir, o outro está todo o dia fora.
- Então se os dois estão de acordo, o lugar é teu podes começar quando quiseres. Penso que precisarás de algum tempo para procurar uma creche, mas eu preciso que ocupes o lugar o mais breve possível.
-Não te preocupes, já fiz essa pesquisa, e até já fiz a inscrição. Vai começar no princípio do mês, faltam dez dias, mas até lá posso deixá-lo com a minha mãe. Ela vai adorar. Posso começar amanhã mesmo, se tu puderes ir lá amanhã, para me pores a par de tudo.
- Sendo assim, tenho esse problema resolvido. Amanhã faremos o contrato.
Nesse momento, o choro de Martim invadiu a sala através do intercomunicador e Inês pôs-se em pé e dirigiu-se ao quarto do filho seguida pela amiga. No resto da manhã entretida com o bebé, quase que Teresa esqueceu, o grave problema que a afligia. Se Gustavo se admirou de a ver em sua casa quando chegou para almoçar, depois do desejo que a amiga manifestara no dia anterior para voltar à pastelaria, não o manifestou. Cumprimentou-a, beijou a esposa, que acabara de dar a papa ao filho e fez uma festa ao menino, que reagiu mostrando um sorriso de apenas quatro dentes.
- Deixa-o comigo. Eu adormeço-o, - disse Teresa tirando o bebé dos braços da mãe e dirigindo-se com ele para o quarto. Pretendia com isso dar tempo à amiga para contar ao marido, não só que se passava com ela, mas também a sua proposta de emprego.
Cansado das brincadeiras anteriores ao almoço, Martim não levou muito tempo a adormecer. A jovem saiu do quarto fechando a porta com cuidado, e dirigiu-se à cozinha, onde encontrou os amigos à sua espera para darem início ao almoço.
-A Inês já me contou o que se passa contigo, vamos almoçar e no fim analisaremos o caso. Entretanto também me disse que a contrataste como gerente da pastelaria. Tens a certeza que é uma boa ideia?
- Bom, eu não sei como vai ser a minha gravidez. Pode ser calma e não me dar muitos problemas, mas se for semelhante à dela, vão haver muitos dias em que mal me vou aguentar de pé. Por outro lado, com todo este problema, não sei se teria cabeça para tratar de negócios. Sei que a Inês não tem experiência, mal deixou a Universidade, começou a tratar do casamento, e engravidou poucos meses depois, mas é inteligente, de confiança e está lá o pai. Quando fiquei com o negócio eu sabia tanto do assunto como uma criança. Foi o Mário quem me ensinou, e tem sido o meu braço direito ao longo destes anos. Ele ajudará a filha.  A não ser, que não estejas de acordo, não quero de modo algum, criar problemas na vossa relação.
- Bom, é verdade que já tínhamos inscrito o Martim numa creche e que ela pretendia trabalhar uns dois anos antes de termos outro filho. É a sua vontade e eu nunca me oporia aos seus desejos, se isso a faz feliz. A felicidade dela é a minha felicidade.



17 comentários:

noname disse...

Preparação para a luta que se avizinha? :-)

Boa noite, Elvira

Pedro Coimbra disse...

Cuidar de uma criança derrete o coração até ao homem de pedra.
Abraço, saúde, bfds

Isabel disse...

Bom dia minha querida Elvira
Um bom fim de semana

Os olhares da Gracinha! disse...

Já pus a leitura em dia!
Vamos lá continuar a acompanhar tanta emoção!!! Bj

Tintinaine disse...

Ontem, não consegui ter acesso aos comentários. Não sei se era erro do Blogger ou da minha ligação à rede. Hoje, voltou ao normal.
Bom fim de semana!!!

Maria João Brito de Sousa disse...

Teresa prepara-se para aquilo que, fatalmente, virá.

Abraço, Elvira!

Cidália Ferreira disse...

Lindo capitulo! Onde existem crianças há vida e alegria. (também muito trabalho) Lool
***
O meu coração pertence ao teu mundo...

Beijo e um excelente fim de semana!

teresa dias disse...

Continuo a não gostar da Inês...
Mas a gostar do que leio.
Beijo Elvira. Bom fim-de-semana.

chica disse...

E assim vamos imaginando enredos por aqui...Lindo te ler! bjs, chica

Fá menor disse...

Como sempre, uma novela com bom enredo. Estou a gostar muito.

Bom fim-de-semana!

Beijinhos.

Duarte disse...

Está emocionante e a trama obriga a uma leitura continuada, capta ao leitor.
Vai pensando no próximo que vamos editar. Um grande abraço nosso e todo o nosso carinho

Edum@nes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Edum@nes disse...

Enquanto Teresa preocupada com a sua gravidez. Convidou a amiga Inês para gerente da pastelaria. Inês aceitou, Gustavo seu maridO não se opôs.

Tenha um bom fim de semana amiga Elvira. Um abraço.

ILLUMINATI GRAND LODGE® disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Ailime disse...

Bom dia Elvira,
Acompanhando com muito interesse o desenrolar dos acontecimentos
Bonita história.
Um beijinho e bom domingo.
Ailime

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Muito fofo este capítulo com criança, família e a confiança, o apoio do marido a decisão da esposa, lindo!
Abraços fraternos!

João Santana Pinto disse...

O presente texto contempla mais um dos momentos em que acabo por admirar a autora, com a sua capacidade de ir colocando pequenos temas dentro do conteúdo principal.

E aí temos, o papel da mulher que coloca a familia em primeiro e que volta ao mercado de trabalho.

Neste caso, uma vontade de ficar em casa durante os primeiros dois anos dos filhos versus a mulher que era obrigada a pensar na familia em detrimento de si mesma, ao contrário do homem que podia continuar a a sua carreira.

Gostei