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11.6.20

ISABEL - PARTE XXII





A campainha tocou e a senhora levantou-se rapidamente. O coração dizia-lhe que era o filho. Abriu a porta e uns braços fortes levantaram-na e rodopiaram com ela.
- Pára filho. Pões-me tonta.
- E como está a mulher mais bonita do mundo? – perguntou Luís enquanto a punha de novo no chão
Parecia impossível que aquela mulher, pequena e franzina, pudesse ser a mãe daquele homem.
- Há quase quinze dias que não apareces nem dás notícias, - queixou-se a mulher. Tinha acabado de comentar com o teu pai, que afinal estares em Lisboa ou na Índia, para nós era a mesma coisa.
Entraram na sala e Luís abraçou o homem que se levantara ao vê-lo entrar. Foi um abraço forte emocionado que fez os olhos da mulher encherem-se de água. Era sempre assim quando se encontravam. Os dois grandes amores da sua vida.
Luís era fisicamente muito parecido com o pai. A mesma altura, embora o pai fosse mais magro. O desenho da boca, o queixo voluntarioso. Da mãe herdara os belos olhos cinzentos.
- Íamos jantar. Jantas connosco?
- Claro, mãe. Porque julgas que apareci a esta hora? - riu. - Não me apetecia jantar no hotel. E depois tenho novidades para vos contar.
- O casal trocou um olhar onde havia uma ténue esperança, mas nem um nem outro, se atreveu a dizer nada.
- Fiz hoje a escritura da minha casa. Já contratei um decorador. Dentro de duas semanas deve estar pronta. Depois vão lá conhecê-la, e retribuo o jantar.
  - Que bom filho. Fico tão contente. Estar num hotel é bom, em férias. Mas para viver é muito frio, muito impessoal, - disse a senhora. E acrescentou: - Isso quer dizer que estás a pensar assentar?
- Se por assentar, queres dizer, passar uma temporada em Lisboa, talvez sim. Se te referes às ideias do costume, digo-te já que não.
A mãe dirigiu-se à cozinha. Luís sentou-se no sofá, ao lado do pai, e encetaram uma animada conversa. Luís gostava da casa dos pais, admirava o amor que os unia, sentia-se bem entre eles, e mesmo quando andava em viagem, muitas vezes se surpreendia a pensar neles. O pior era a mania que a mãe tinha de querer vê-lo "arrumado".
A mãe voltou, chamando-os para a mesa.
 Foi um jantar animado. A senhora não se cansava de fazer perguntas, e quase não jantou, mais preocupada em olhar enlevada o rebento, ainda que o frango de cabidela estivesse uma delícia.
Duas horas mais tarde, Luís  despedia-se dos pais, prometendo telefonar em breve e regressava ao hotel. Pelo caminho veio-lhe à memória o inesperado encontro dessa tarde, e de súbito deu-se conta de um facto que o inquietou. Tinha-se apresentado como Luís. Esse era o nome do outro. Daquele que ele fora muitos anos atrás. Um nome sagrado que só os pais conheciam e usavam.





13 comentários:

Alexandra disse...

E agora que ambos jantaram, chegou a vez do rapaz se inquietar. Ambos com passados estranhos.

Resta-me esperar...

Um abraço e bom feriado.

noname disse...

E pronto, a Elvira, mais uma vez nos curiosas :-)

Boa noite, Elvira

Pedro Coimbra disse...

A intriga torna-se subitamente mais complexa.
Abraço

Tintinaine disse...

Bela e radiante vai a noiva!
Já se adivinha casamento, só falta saber se a sogra aprova a nora escolhida pelo filho.

Isa Sá disse...

a passar por cá para acompanhar a história e desejar bom feriado.

Isabel Sá  
Brilhos da Moda

" R y k @ r d o " disse...

Deixou-me intrigado e curioso com o que aí vem...
.
Tenha um dia feliz
Cumprimentos poéticos

Maria João Brito de Sousa disse...

Parece que sim, que tal como suspeitei, o homem de olhos cinzentos sentiu a necessidade de mudar de identidade. Aos motivos para o fazer, iremos em breve conhecê-los, segundo creio.

Forte abraço, amiga!

chica disse...

Instigante e lindo capítulo.Gostei! beijos, chica

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Ah...então há um segredo muito bem escondido, mas, que leviandade se ter esquecido do nome, que era do outro.
Curiosa pra saber o que se segue...

beijinhos

:)

Edum@nes disse...

Está para breve o encontro de Luis com Isabel. O destino cada vez os apróxima mais um do outro!

Tenha uma boa Quinta-feira amiga Elvira. Um abraço.

Ailime disse...

Bom dia Elvira,
Estou curiosa pelo uso dos dois nomes.
Vamos ver o que se segue.
Beijinhos,
Ailime

Gaja Maria disse...

Estou muito curiosa com o desvendar da história.
Abraço

Lúcia Silva Poetisa do Sertão disse...

Um capítulo que atiçou nossa curiosidade!
Beijos!