No Domingo, o Padre da minha paróquia na homilia contou uma história de que muito gostei. Cheguei a casa e escrevi-a
como ele a contou. Como não sabia se a autoria da história, era dele ou de outra pessoa, procurei na Internet e com poucas alterações encontrei-a em vários sites, sempre como sendo de autor desconhecido. Aqui a deixo tal como ele a contou.
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Um velho professor foi de férias aos Açores. Um dia, passeava por um belo jardim, quando um homem jovem aproximou-se dele,
cumprimentou-o e perguntou:
- O senhor lembra-se de mim?
O velhote olhou, mas não reconheceu o outro homem.
-Fui seu aluno na primária, lá no continente - diz o homem. -Também sou professor.
- Olha que bom, - responde o velhote. - E de algum modo eu
contribui para que escolhesse essa profissão?
O homem mais jovem pegou-lhe no braço, e disse:
- Venha daí, vamos sentar-nos.
Sentaram-se num banco e o mais novo falou:
-Quando eu andava na segunda classe, um dia um colega
chegou à escola com um relógio novo. Era um relógio muito bonito, e eu nem
relógio tinha, a minha família era muito pobre, o dinheiro mal chegava para
comer. Não sei o que me deu, mas na hora do recreio fui ao vestiário e
surripiei o relógio do bolso do casaco do meu colega.
A seguir entrámos na aula e o outro miúdo queixou-se do
roubo. O senhor disse que ninguém saía da aula antes do relógio aparecer, e
pediu que quem o tirou, o devolvesse. Fiquei apavorado, pensando na vergonha que
meus pais iam sentir, na confiança dos colegas que ia perder e não tive coragem
de entregar o relógio. Então o senhor mandou que todos nos levantássemos, fizéssemos
uma fila indiana e fechássemos os olhos. O senhor ia meter a mão nos bolsos de
cada um a fim de encontrar o relógio, mas ninguém podia abrir os olhos sob pena
de ser castigado. Fiquei na fila a tremer esperando o momento em que
encontrasse o relógio e me denunciasse. Mas o senhor pegou o relógio e continuou até
ao fim da fila, e só então disse que podíamos abrir os olhos, já tinha o
relógio. Entregou-o ao dono, mas não disse a ninguém quem o tinha. Naquele
momento senti que tinha renascido. Eu tinha-me tornado um ladrão, tinha perdido
a minha dignidade, e de repente o senhor devolveu a minha dignidade. A sua
atitude era uma lição para mim, e naquele mesmo momento jurei a mim mesmo, que
ia ser professor. Queria ser como o senhor.
Calou-se emocionado e por fim perguntou:
-Porque o Senhor nunca me disse nada, nem mesmo quando estávamos
sós?
- Meu jovem, - respondeu o velhote com um sorriso. - Até hoje, nunca soube quem tinha tirado o relógio. É que não foram só vocês que ficaram
de olhos fechados. Antes de começar a meter as mãos nos vossos bolsos, também
eu fechei os meus.
21 comentários:
Mto bonita a historia
Gostei
Bjs
Kique
Hoje em Caminhos Percorridos - Eu avisei... Ou não avisei!!!!
Boa noite de paz,querida amuga Elvira!
Recebi pelo watssap e gostei muito.
A sabedoria do professor modelou o carácter do aluno.
Muito boa postagem, Elvira.
Tenha dias felizes!
Bjm carinhoso e fraterno de pa e bem
É um conto judaico que pode ver no Youtube.
Muito bonito, muito inspirador.
Boa semana
Bom dia
Um conto que nunca tinha ouvido , mas com uma das mais belas lições que se pode aprender .
JAFR
Que linda história! Gostei muito! beijos, chica
Excelente e belo este conto, aproveito para desejar uma boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Grande história essa, mas acho que foi o padre que inventou aquele final para dar uma lição de moral aos seus paroquianos. Ou seja, um padre a inventou e outros a repetiram de igreja em igreja.
Há dias mandaram_me esta história em vídeo!
Também gosto... Bj
Gostei muito da estória| Obrigada pela partilha!
Beijo e um excelente dia!
¡Qué gran lección de vida, Elvira!
Vale la pena que la hayas reproducido.
Abrazo.
Não conhecia, Elvira.
Gostei de ler, verdadeiramente edificante...
Nos Açores... Srrssss...
Ótima semana.
Abraço.
~~~
Uma história cheia de significados, sobre as nossas imperfeições.
abraço Elvira
Que delícia, ainda que o final seja o esperado, estas histórias têm o dom de nos devolver o sorriso ao rosto. Gostei bastante.
Abraço, Elvira e as suas melhoras.
Ora aqui está uma bela lição para todos!
Bjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram
Uma boa história para reflectir...
Do nosso Poeta - Gil António:- Flor Esquecida
Bjos
Votos de uma óptima noite.
Esta eu não conhecia, mas lembro-me, em miúda, do padre da minha paróquia durante a homilia dar muitas lições através de parábolas.
Um abraço.
A realidade é mais cruel, na verdade
há quem roube a torto e direito
e todos fechamos os olhos, sem jeito
e na mais incompreensível imoralidade
Então foi por ter fechado os olhos, que não viu de bolso tirou o relógio!
Tenha uma boa noite amigo Elvira. Um abraço.
Bom dia Elvira,
Uma grande história.
Cada um de nós que tire as ilações.
Um beijinho.
Ailime
Lindo, lindo, lindo!
Obriga, Elvira, por partilhá-lo.
Beijo.
É uma história ficcional, mas é bonita.
Este tipo de comportamentos já não existem.
Posso partilhar a minha? É que lembrei-me. Também foi na escola. Alguém copiou as respostas a um exercício que a turma inteira tinha de fazer na sala de aula, por grupos. A professora quis ir a fundo na questão e descobrir quem tinha sido aquele que contou aos outros. Vi uns a acusarem outros, vi os braços esticarem na direcção de mais alguém, com os dedos acusativos. Estavam cheios de medo da ira da professora. Achei isso tão feio.. apontar dedos, acusar colegas. Não aprovei o MEDO que a professora estava a incutir em todos sem excepção, nem gostei de a ver a torná-los delatores. Capazes de atirar outra pessoa para a "fogueira" só para se livrarem eles mesmos das chamas.
Sabia que eventualmente um dos braços ia apontar para mim. E quando isso aconteceu, a minha decisão já estava tomada: não ia reproduzir aquele gesto, não ia apontar o dedo a NINGUÉM!!
Claro que sabia quem tinha dado das respostas. Estava sentado atrás de mim. Mas diante do interrogatório da professora, limitei-me a confirmar que me disseram da existência das respostas, mas que não lembrava quem tinha sido. Tinha escutado. Ela sondou, sondou, foi agressiva e intimidante. Mas não conseguiu tornar-me numa delatora. Não naqueles moldes.
Tinha 11 anos.
A professora ameaçou-me. Disse que não acreditava que não soubesse quem me tinha dado as respostas, ia arrepender-me e passou a sabotar as minhas notas e a minha prestação nas aulas como forma de retaliação. Prejudicou-me nas avaliações. Só não me chumbou porque não podia, era das melhores alunas na turma. Ainda assim acho que agi corretamente. Fiquei prejudicada academicamente e acabou por ter repercussões pelos anos a dentro. Mas continuo a acreditar que quem não agiu bem foi ela. Vi todos os colegas com medo e eram apenas crianças! Ela toda autoritária, a ameaçar, eles quase a urinarem pernas abaixo e todos aliviados quando a concentração dela saía deles para mirar noutra pessoa cuja dedo deles acusou. Achei mesmo lamentável vê-los a acusarem-se uns aos outros.
Um dia não muito depois disto, o rapaz sentado na cadeira atrás de mim tocou-me no ombro e disse:
-"Obrigado. Obrigado por não teres dito que fui eu".
História verdadeira, minha. Não é de mais ninguém.
Claro que nos dia modernos de hoje, é mais provável que toda a classe sofra de amnésia e ninguém acuse ninguém. Dependendo dos casos, os professores também têm mais medo dos alunos que o contrário. Mas não ainda quando rondam os 11 anos e acabam de sair da escola primária...
(Hei de usar esta história para um próximo post onde vou mencionar o altruismo de que padeço desde sempre).
Abraço forte e injectado de melhoras.
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