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25.11.19

OS SONHOS DE GIL GASPAR - PARTE XVIII




- Pois a minha proposta é a seguinte. Montas uma boa sala de consultório, com tudo o que seja necessário para dar consultas e para tratar de uma boca. Eu assumo as consultas e terás que arranjar um bom dentista. Pudemos dividir o espaço trabalhando duas vezes por semana cada um em dias alternados. A propósito tu imaginas quantas doenças advêm de uma boca em mau estado?
-Mas tu és uma neurologista.
-Mas antes de me poder especializar, a minha formação foi medicina geral. Isso não me preocupa, até posso exercer as duas especialidades alternadamente sempre que necessário. Imaginas quanto tempo de espera tem atualmente uma consulta de neurologia num hospital público? E a gente a quem a Fundação se destina não tem meios para os privados. Mas adiante, o que me preocupa, é que um projeto como o que o Alcides me descreveu, não é coisa de meia dúzia de milhões. Tanto eu como o Marco conhecemos os teus sonhos desde que somos gente. Mas lembras-te do que a nossa mãe dizia? “Não se pode dar um passo maior do que a perna.” Tens noção daquilo em que te estás a meter? Que eu saiba não tens nenhum poço de petróleo nem nenhuma mina de ouro.
- Não. Mas tenho um gestor financeiro que vale o seu peso em ouro, e alguns investimentos no oriente, em poços de petróleo sim. De resto, deves saber que há sempre alguns mecenas que preferem investir dinheiro em obras destas, do que ter de o dar ao estado em impostos.
- Bom tu é que sabes. Tens alguma ideia do investimento inicial?
-Uns cem milhões aproximadamente.
A jovem, assobiou ao mesmo tempo que se inclinava sobre a secretária, na frente do irmão.
- Caramba, Gil, quase me matas do coração. Como é que podes dizer isso assim com essa calma?
- Laura, eu nasci pobre, mas Deus deu-me um dom que me trouxe muito dinheiro. E quando esse acabou, deu-me este, - apontou para a cabeça – que continuou a dar-me muito dinheiro. Por fim deu-me pessoas especiais, honestas e inteligentes que fazem crescer a minha fortuna todos os dias. ELE ficaria muito desiludido comigo, se eu me limitasse a amontoar os milhões. E na verdade, eu também não gostaria de mim próprio se fosse assim. Porque eu sei que quando morrer a única diferença com o nascimento será que nasci nu e morro vestido. Tudo o resto cá ficará.
 -És um filósofo e um filantropo.  Mas tens uma filha, e poderás ter mais filhos. Não pensas neles?
-Claro que sim. Mas não é o dinheiro a melhor coisa que lhes quero deixar. Quero que eles encontrem um mundo melhor do que aquele que eu encontrei e quero lutar para que isso aconteça. E ensinar-lhes com o meu exemplo a também eles contribuírem com a sua parte para essa mudança. Como diz o meu amigo Rogério, "mudar o mundo não custa. Leva é tempo."
Calou-se por momentos e depois disse:
-A esta hora, a Inês já deve ter chegado do hospital. Hoje não vi a minha filha mais do que cinco minutos. E estava a dormir. Também não pude falar com o médico dela que estava no bloco operatório. Importas-te de ver se ela já chegou e pedir-lhe que venha aqui falar comigo? Gostava que estivesses presente, podíamos resolver a situação do filho dela.
- Está bem. Continuamos a nossa conversa ao jantar – disse saindo da biblioteca




16 comentários:

noname disse...

Acompanhando a história e a pensar, neste momento, que a coisa vai dar uma volta em breve.
Boa noite, Elvira

Pedro Coimbra disse...

Fiquei com a pulga atrás da orelha...
Boa semana

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Está a ficar interessante.
Um abraço e boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

" R y k @ r d o " disse...

Bom dia

Deixou-me curioso esta Estória. Como será o próximo capítulo
.
Feliz inicio de semana.

Meu Velho Baú disse...

Acompanhando a história que me diz alguma coisa porque ando na fase de por implante em 2 dentes e o processo não é assim tão fácil :((
Beijinhos e uma Boa Semana

Isa Sá disse...

A passar por cá para acompanhar a história e desejar uma ótima semana!

Isabel Sá  
Brilhos da Moda

esteban lob disse...

El texto, Elvira, me recuerda a mi hija dentista que ejerce en la familia casi como especialista en medicina general, jajaja.

Abrazo.

Maria João Brito de Sousa disse...

Venho pedir-lhe desculpa pelas ausências que compenso sempre que posso, como hoje acabo de fazer ao colocar em dia as leituras de OS SONHOS DE GIL GASPAR, amiga.

Forte abraço!

Cidália Ferreira disse...

Gostei do episódio!
Oxalá consiga convencer a Ama a trazer o filho! :)
-
A densidade do tempo entristece meu olhar
Beijo e uma excelente Semana.

Os olhares da Gracinha! disse...

Aguardemos então a nova conversa! Bj

Teresa Isabel Silva disse...

Estou curiosa até porque esse montante deixa-me a pensar no futuro!

Bjxxx
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Rosemildo Sales Furtado disse...

Filósofo e filantropo, Acho que muito mais do que isso. Continuo acompanhando, gostando e aguardando os próximos acontecimentos.

Abraços e uma ótima semana para ti e para os teus.

Furtado

Edum@nes disse...

Como será possível encontrar um mundo melhor. Se o mundo está ficando cada vez pior?

Tenha uma boa noite amiga Elvira. Um abraço.

Emília Pinto disse...

Estou a gostar muito da história, Elvira e agora já sei quem é o teu amigo Rogério a quem aludiste lá no começar de novo. Se houvesse mais pessoas como este Gil, o mundo mudaria depressa. Amiga, espero que as coisas com a tua cirurgia estejam a avançar para que rapidamente voltes a ver como antes. Um beijinho e até ao próximo capitulo
Emilia

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
Gostei muito deste episódio com um diálogo muito interessante e bem construído.
Um beijinho,
Ailime

João Santana Pinto disse...

Um momento apaixonante pela mensagem e pela esperança de um mundo diferente... mais humano e mais nosso.