Uma manhã a polícia telefonou-lhe para o escritório a anunciar a morte de Laura. Tivera um desastre quando conduzia a grande velocidade. Ela e o companheiro tiveram morte imediata.
Não sentiu pena. Que Deus lhe perdoasse mas até sentiu um certo alívio. E passaram-se mais três anos. Por fim decidiu voltar a Portugal. Vendeu tudo, transferiu o dinheiro – uma fabulosa fortuna – para um banco português, e comprou a viagem de regresso.
Não quisera vir de avião. A viagem seria demasiado rápida e ele precisava tempo para pensar. E agora, a poucos minutos do desembarque, só pensava numa coisa. Rever Esperança, saber como estava, o que fazia.
Assim que chegou a terra, apanhou um táxi e dirigiu-se a casa dela. Pelo caminho foi olhando tudo. Quase não reconhecia Lisboa, tão diferente estava de quando ele a deixou.
Pensava. Por certo Esperança teria casado, talvez tivesse filhos. Era o mais lógico. Quem sabe nem mais se lembraria dele. Ainda assim, ele queria pedir-lhe perdão.
A primeira decepção, apanhou-a quando ao chegar ao lugar onde outrora fora a casa da jovem, encontrou um moderno edifício, de vários andares. Ali ninguém sabia quem ela era nem onde vivia.
“Foi melhor assim” – pensou. Que podia eu dar-lhe agora? Dinheiro? E podia com dinheiro comprar o seu perdão?
Logo porém afastou os seus pensamentos e decidiu:
- Tenho de encontrá-la…
Nota:
Espero que acompanhem esta história até ao fim, pois vejo que não vos está a agradar. Sei que criei um personagem imoral, completamente dominado pela ambição, capaz de pisar os sentimentos dos outros em seu proveito. Talvez um psiquiatra encontrasse na infância do Chico, criado num mundo em mudança, ferido por uma guerra, que deixara a Europa, a "pão e água", sem o carinho da mãe, nem a mão firme do pai, a razão para a sua ambição. Mas nenhum de nós é psiquiatra. Eu limitei-me a criar um personagem, e vocês a sentirem sentimentos de repulsa sobre ele. E no fundo é isso que se quer.
Muito mal andaria o mundo se o Chico vos despertasse
simpatia.
Nota:
Espero que acompanhem esta história até ao fim, pois vejo que não vos está a agradar. Sei que criei um personagem imoral, completamente dominado pela ambição, capaz de pisar os sentimentos dos outros em seu proveito. Talvez um psiquiatra encontrasse na infância do Chico, criado num mundo em mudança, ferido por uma guerra, que deixara a Europa, a "pão e água", sem o carinho da mãe, nem a mão firme do pai, a razão para a sua ambição. Mas nenhum de nós é psiquiatra. Eu limitei-me a criar um personagem, e vocês a sentirem sentimentos de repulsa sobre ele. E no fundo é isso que se quer.
Muito mal andaria o mundo se o Chico vos despertasse
simpatia.
16 comentários:
De modo algum, Elvira ! ... Estou a acompanhar e a gostar !
Afinal, tudo está a caminhar de acordo com as realidades da vida !
Estas coisas acontecem e assim mesmo !
Resta-nos ver como as coisas se irão passar daqui para a frente !
Será que o Chico encontra a Ti'Esperança ?... Será que ela lhe perdoa, ... será que ainda se irão entender ?... :))
Ainda não compreendi a mudança da cor dos seus olhos ! :)
:))
Há males que vêm por bem! Talvez a morte de Laura tenha sido um bem para o Chico? No caso dele estar arrependido de ter casado com ela, e não com a sua amada Esperança! Terá assim oportunidade de o fazer, se a encontrar ainda solteira e apaixonada por ele?
Tenha uma boa noite e um bom fim de semana amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.
Continuando a seguir com muito interesse.
BJ, Elvira 👍
Espero que o Chico não desista de procurar Esperança... tenho muita curiosidade em saber como reagirá ela!!!
Engano seu, Elvira, eu gostei muito deste conto. Nem sempre há finais felizes, a vida é mesmo assim!
Sua escrita é sempre um bom momento de leitura!!!
bj
Eu gosto e a prova é que aqui estou acompanhando, a criatividade do autor/a!
Bom fim de semana, com sol de inverno.
Gostei da sua nota :) Eu não deixaria de acompanhar por esse aspecto mas fez bem em alertar algumas pessoas:) Beijinho e bom fim de semana
Estive a ler tudo...
Peço desculpa por não ter participado mais, mas ando com o tempo disponível muito limitado.
O conto está muito interessante, Elvira e o perfil psicológico do Chico muito bem traçado e descrito.
Saúde e um feliz Dezembro.
Abraço afetuoso.
~~~~~~~~
Oi Elvirinha, tudo bem?
Estou voltando aos poucos na blogosfera, postando de vez em quando e confesso que é só para desafogar a vontade de escrever mesmo.
Com isso, não estou frequentemente acompanhando os blogues amigos, mas fiquei feliz em chegar aqui e ver um texto tão bom, e não entendi seu parentese dizendo que o personagem é ruim... Hahahahahahahaha.
Eu gostei muito!!!!
Vamos ver no que vai dar!
Eu estou a gostar e a personagem do Chico é apenas " verdadeira" e completamente plausível.
Bjn
Márcia
Eu estou a gostar do conto, mas não gosto do Chico. Sabemos que houve uma longa época, onde as vicissitudes da vida alimentavam rudeza e a bruteza, mas sucedeu-lhe outro, onde havia amor, amizade e harmonia, e não era preciso muita coisa para que as pessoas se sentissem felizes, mas o Chico preferiu casar sem amor e concluiu que precisava da Laura e não da Esperança.
Oi Elvira,
Eu que fui muito ao teatro sei muito bem o que lhe acontece, as pessoas não têm paciência de ver o enredo e quer chegar logo ao ( E todos foram felizes para sempre( Que chato). Daí fica sem graça. Numa peça tem que ter vilão, prostituta, a mocinha, aí o conto pega fogo.kkk.
Se eu for escrever um conto sem capítulo eu vou escandalizar meus amigos, mas com a certeza que no fim do conto irão me aplaudir.
Sou mineira, gosto tudo devagarzinho.kkk
Beijos no coração
Minicontista2
Não tire conclusões precipitadas, Elvira! Claro que estou a adorar a história, se não leio os episódios seguidos é unicamente por falta de tempo, mas quando aqui venho leio todos os que me faltam. Um livro também se vai lendo assim.
Quanto ao personagem do Chico, mal iriam os escritores se só escrevessem personagens boazinhas. Isso, não seria fiel à realidade, onde todos sabemos haver gente boa, menos boa e até muito ruim.
Agora vou ler o de cima.
Um abraço
Elvira, está bem, ainda que choque a frialdade com que são assimiladas determinadas situações. Aí é onde está a arte de bem escrever. Algum dos personagens tem que ser o duro, o frio, são os que dão tom ao romance e mantém as expectativas.
Tens uma grande capacidad criativa que me deixa fascinado: nos deixa.
Um grande abraço desde tes teus amigos valencianos.
Iguais e até mesmo piores que o Chico existem neste nosso mundo, todos têm a oportunidade de recuperação, porém somente alguns aceitam, os outros descartam. Estou gostando e aguardando os futuros acontecimentos.
Abraços,
Furtado.
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