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8.10.16

VIDAS CRUZADAS - PARTE XV




Depois daquela tarde era frequente encontrar os dois jovens juntos. Primeiro como dois amigos, depois como namorados, passeavam-se pela beira do rio, olhos nos olhos, dedos entrelaçados, sempre na companhia do pequeno Pedro.
Naquela tarde recebeu um telegrama da mãe, dizendo que como a sua irmã tivera de regressar a casa, ela resolvera ir também, e estava agora na casa da tia Rosa em Santarém.
  Pedro sentia-se perfeitamente. Nunca mais se sentira cansado, tinha perdido a palidez com que chegara, dormia bem e até engordara um pouco. Recordando a sua doença, e o que o médico lhe dissera, ele não se atrevia a fazer promessas a Rita. Às vezes lembrava-se de ter ouvido a mãe falar nas "melhoras da morte". Melhoras que muitos doentes terminais experimentam pouco antes de morrer. E angustiado, perguntava-se se era isso que lhe estava a acontecer. Os dias sucediam-se, e nada de novo acontecia. Uma tarde Rita disse-lhe:
- Estamos a acabar as férias. A mãe acabou a segunda série de tratamentos. Só pode fazer mais para o ano.
Naquele momento, Pedro decidiu que tinha de regressar. Precisava ir ao médico. Talvez fazer outros exames. Tinham-se passado quase três meses, e a verdade é que se sentia melhor que nunca, mas não se atrevia a contar a Rita o que se passava, nem se permitia fazer projectos para o futuro. Ela estranhou o seu silêncio. E quando nessa tarde compareceu no jardim não encontrou a jovem. Apenas a D. Célia e o pequeno. A senhora olhou-o com reprovação, quando a cumprimentou, e o pequeno soltou a língua.
- Zangaste-te com a minha irmã?
 – Não. Porquê?
 – Porque ela não quis almoçar e foi para o quarto chorar...
Sentiu-se um canalha, por ter feito chorar a jovem. Mas consolava-o o facto de que se ela soubesse a verdade ia sofrer muito mais. Despediu-se da senhora, fez uma festa na cabeça do pequeno e regressou a casa da tia. Aí chegado, foi directo ao quarto, abriu o guarda-fatos e colocando a mala em cima da cama, começou a meter nela as roupas de qualquer maneira.
Logo de seguida batiam à porta do quarto.
- Entre.
A figura da tia perfilou-se no umbral, seguida da fiel empregada.
- Vais-te embora filho? Aconteceu alguma coisa grave com a tua mãe?

14 comentários:

Os olhares da Gracinha! disse...

Uma inquietude própria de quem teme o futuro...bj

Os olhares da Gracinha! disse...

Uma inquietude própria de quem teme o futuro...bj

Maria do Mundo disse...

Tenho andado fugida, eu sei...Mas este pequeno texto, mesmo que fora do contexto, fez-me vontade de continuar à espera do que virá a acontecer depois deste atribulado arrumar de mala! Beijo amiga, bom fim de semana!

chica disse...

Relatas tão bem que nos colocar perfeitamente no cenário...Imaginação voa! bjs, lindo fds! chica

Tintinaine disse...

Ainda bem que o estado de saúde do cunhado lhe permite ir actualizando a história do Pedro. Reitero os meus votos para que tudo corra pelo melhor, tanto para o cunhado como para o herói desta história.

Prata da casa disse...

Fico sempre com pena quando acaba o "capítulo", quero sempre mais.
Bjn
Márcia

Isa Sá disse...

A passar por cá para acompanhar a história.


Isabel Sá
Brilhos da Moda

Edum@nes disse...

Quando parecia estar tudo bem com o Pedro e a Rita. Será que uma negra barrou de escuridão o seu caminho para a felicidade?

Boa tarde e bom fim de semana amiga Elvira, desejo também que tudo corro pelo melhor com o seu cunhado.
Um abraço.

Rogério G.V. Pereira disse...

...te seguindo

Gaja Maria disse...

Então? espero que se entendam, a história tem de ter final feliz :)

Majo Dutra disse...

Há bons sinais, que bom!
Ótima semana, Elvira.
Anraço ~~~~~~~

Mônica disse...

elvira vou em portugal ainda este mes e quero muito ver onde Santo antoniode Pádua nasceu em Lisboa. comcarinho Monbica

Smareis disse...

Acompanhando e gostando demais...
Beijos Elvira!

Rosemildo Sales Furtado disse...

Continuo gostando e aguardando os acontecimentos.

Abraços,

Furtado