Francisca estava a precisar desabafar, e Graça fora noutros tempos sua confidente. E apesar da vida que as separara nos últimos anos, mostrava que continuava a ser sua amiga. Assim abriu o coração e contou tudo desde que abandonara a escola, como se vira envolvida num casamento que não a entusiasmava, como de repente deixara tudo para seguir o marido para a cidade, falou dele, do nascimento dos filhos que adorava, da falência e suicídio de Jorge, e finalmente de como teve que voltar para a casa dos pais, com dois filhos e sem quaisquer meios de sobrevivência, por causa das dívidas da firma.
- E assim está a minha vida, amiga. Preciso urgentemente
de arranjar um emprego, mas não é fácil com duas crianças pequenas.
- O que tu precisas é de um novo marido. És muito jovem
para ficares a remoer a viuvez, e ajudava-te a criar os filhos.
Francisca olhou para a amiga espantada. Que se passava
com ela? Estava doida? Donde tirara uma ideia tão estapafúrdica?
Como se não tivesse dito nada de mais Graça perguntou:
- Não chegaste a conhecer o meu irmão Afonso, pois não?
Não. Claro que não. É mais velho que nós, já estava na Universidade, quando nos
conhecemos. E depois que se formou, ficou a viver sozinho em Lisboa. É
advogado. Começou a trabalhar num escritório de advogados, até que montou o seu
próprio escritório. Um dia conheceu uma jovem do interior, apaixonaram-se e
casaram. Como ela não gostava de Lisboa, compraram uma casa na terra e
mudaram-se para lá. Tem duas filhas, a mais pequena com apenas um ano.
Quando a bebé tinha dois meses, a mulher teve um acidente de carro e
morreu. Ele amava-a, foi-se muito abaixo e eu deixei a minha casa
para vir acompanhá-lo e cuidar das meninas, pois embora ele tenha uma empregada
duas crianças de tenra idade dão muito que fazer. Decididamente precisa de uma
mulher que lhe ajude a criar as filhas, porque eu não posso anular a minha vida
por causa dele, e o meu marido já me está a pressionar para eu regressar. Era
uma boa solução para ti e para ele se vocês casassem.
Francisca estava cada vez mais espantada com a amiga.
Como era possível pensar que ela se iria casar com um homem que nunca tinha
visto? Estava doida. Só podia.
- Não faças essa cara, não estou doida. Nos últimos
meses, tenho massacrado o meu irmão com esta ideia. Ele precisa de uma mulher
em casa. Uma empregada mais jovem, pode dar azo a falatórios que não lhe
convém, até porque os ex-sogros lhe querem tirar a guarda das meninas. Casando resolve o assunto. É claro que tem de ser uma pessoa de
confiança, que trate as crianças com carinho. E isso, tu és. Lembro-me bem como
tratavas a irmã da Luísa. Melhor do que ela que era irmã. E depois era uma
solução para os teus filhos. Conheço o meu irmão. Tenho a certeza que os
trataria da mesma maneira que trata as filhas. E então, não dizes nada?
À margem.
Regressei hoje no comboio da tarde. Como alguns sabem, meu cunhado adoeceu repentinamente. Descobriu-se um tumor no cérebro e em quarenta dias partiu. A todos os que me acompanharam nesta fase, um grande obrigado.
19 comentários:
O conto está lindo e as coisas se encaminhando?
Pena do teu cunhado.Não sabia que tinha partido! Meus sentimentos, fiquem todos bem! chica
A vida, por vezes, parece mesmo madrasta.
Lamento pelo seu cunhado, Elvira.
Um beijinho :)
Vai interessante a história que eu acompanho com agrado!
Abraço, solidário
Quanto ao conto...
depois comento
Ohh Elvira..que aperto no coração chegar ao fim do conto e ler a triste notícia..:( Que tenham todos muita força neste momento tão difícil..:(
Um beijinho grande :(
Um abraço de condolências.
A vida faz-nos algumas partidas inesperadas.
Desejo que tenha muita coragem e capacidade de superar esta perda.
Acompanhando a história. Aproveito para desejar um ótimo domingo!
Isabel Sá
Brilhos da Moda
:)) ... Lá está ! Tenho um dedinho que adivinha ! rsrs
Ainda vai dar um casal muito feliz, ...vamos a ver !?...
Vai ser curioso um "namoro dentro do próprio casamento" ! ... É muito posível que resulte, sim !!! :))
Abraço, Elvira ! :)
É Elvira
Cada um tem sua hora, eu também tirei um rim inteiro, agora tenho que ter cuidado.
Essa maldita doença não da aviso prévio, mata sem dó.
Eu não sabia. Desculpa.
Beijos
Lua Singular
Elvira imagino que foram momentos complicados e que por certo seu coração precisa de tempo para sossegar!!!
Quanto ao conto...quem sabe se dará certo!!!
Bj
Os amigos são para as ocasiões,
um dia, duas amigas se encontraram
falaram dos amores e suas paixões
num contrato dois corações se juntaram.
Francisca disse que precisava de emprego,
a sua amiga Graça, para recuperar o tempo ido
responde que ela o que precisa é dum marido
para manter o seu coraçãozinho em sossego!
Tenha amiga Elvira, uma boa tarde de domingo, um abraço,
Eduardo.
PS:- Pelo falecimento do seu cunhado, envio os meus sinceros pêsames à família enlutada e amigos. Para que o seu corpo descanse eternamente. Paz à sua Alma!
O conto tá seguindo c muitas surpresas...
O consolo de Deus pela despedida brusca do cunhado, Elvira! Sinto muito e o meu abraço mais uma vez de conforto...
Li as postagens que perdi e espero que o casamento resulte e que a palavra "contrato" seja banida no dicionário deles.
Beijinhos e boa semana.
Lamento muito a morte do seu cunhado.
Os meus sentidos pêsames.
Continuo a seguir a sua história.
Bjs.
Irene Alves
Elvira
o conta está a ir muito bem.
lamento a morte do seu cunhado.
:(
Em 40 dias?! Não sabia... Triste de mais. :(
Elvira lamento a morte do seu cunhado. Que Deus a tenha em um bom lugar.
Eu estava ausente da net e só atualizando. estarei voltando pra ler os capitulos que perdi da história.
Abraços e boa semana!
Blog da Smareis
O conto está interessante, estou gostando muito.
Abraços,
Furtado
Graça, parece muito convincente!Esperemos que conheça bem o irmão!
Enviar um comentário