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O Inverno foi mais difícil que nunca para o Manuel e família. A mulher continuava débil sem
forças, três crianças pequenas, mais a mãe, a casa sem comida e o bolso sem
dinheiro.
O Bernardino, amigo de há muito tempo e caseiro de uma das quintas da
Seca, levava alguns legumes. As galinhas que ele fora criando, foram aos poucos
desaparecendo para completar as refeições. A mulher não tinha forças para ir
lavar as roupas ao tanque na quinta. E a toda a hora era preciso lavar
fraldas. De uma barrica que já não era usada na Seca, Manuel fizera uma
celha para ela lavar a roupa em casa. Fora só serrá-la ao meio e betumar as
frinchas para não perder a água. Mas então… e a água? Como encher a celha, indo
buscar a água longe e com uma bilha de cada vez? Aí o ti’Abel deu uma ajuda, levando a água num barril na carroça. O pessoal, residente na Seca, tentava ajudar como podia, mas podia muito pouco, pois todos viviam irmanados, numa vida difícil, embora uns mais que outros, dado o número de filhos e a casa que habitavam, pois o pessoal mais antigo, habitava casa com luz e água, e só isso já facilitava muito a vida.
Completamente dedicado à família, mal termina o trabalho no armazém da lenha, que como sabemos era duríssimo, Manuel vai fazer (quando os há) o serão na seca.
Em Março com o final do trabalho na Seca do Bacalhau, deixa de fazer
os serões e se por um lado tem mais tempo livre, por outro o dinheiro minga
ainda mais no seu bolso.
O Manuel tem assegurado o seu trabalho de lenhador, mas a
mulher, como todos os anos, fica sem ganhar, até que voltem os navios, e este ano há mais uma pessoa
a sustentar, Piedade, a mãe que viera para cuidar dos netos.
Felizmente o ti’Luís Estaca, dono da mercearia da Telha onde Manuel
vai buscar o”avio” para a casa, sempre lhe facilita os bens essenciais tenha ou
não dinheiro para pagar. Ele tem pena da vida daquele homem, e ao mesmo tempo
confia em que ele lhe pagará logo que tenha dinheiro. Afinal, já lhe fiou noutras alturas quando ainda solteiro era um estroina, e nunca deixara de lhe pagar, não era agora, que o ia fazer.
E tem razão, porque o
Manuel assim que recebe vai pagar o que deve, mesmo que fique outra vez de bolsos vazios para a
próxima semana.
Entretanto a mulher do Manel, parece ter perdido a alegria e a saúde. O filho faz o seu primeiro ano de vida, e as miúdas estão com dois e três anos.
Manuel fez ao lado do barracão, um pequeno chiqueiro, e sonha com o dia em que possa comprar um bacorito, que ele pudesse criar e lhe desse carne para a família. Manuel só sabe fazer duas coisas na vida. Trabalhar que nem besta de carga, e sonhar com tudo o que possa impedir a sua família de passar fome.
Durante o Verão a mulher do Manuel parece ter melhorado
bastante, e assim quando os navios chegam com o bacalhau, ela está pronta para trabalhar e ajudar as despesas. Ele também pode agora ganhar
um pouco mais aproveitando os serões.
Porém pouco tempo depois de começar a trabalhar a mulher do Manuel voltou a piorar. Não largou o trabalho mas era visível o seu esforço e a sua debilidade.
17 comentários:
Hoje fez serão para acrescentar mais um capítulo à história.
Felizmente não é pelos mesmos motivos que o Manel os fazia. Outros tempos!
Apesar de ter sido um "estróina", Manuel paga sempre o que deve o que é de enaltecer. Pena que a mulher embora tenha melhorado com O Verão, voltasse a piorar.
xx
A coragem desta gente envergonha os que deixam de sonhar e de lutar contra tantas adversidades.
Gente que luta contra todas as adversidades.
Não é ficção, existe mesmo gente assim.
Vidas e tempos difíceis.
Um abraço e continuação de uma boa semana.
Rico em detalhes daqueles tempos duros, trabalhos pesados e então suportados! Vamos te seguindo! bjs, chica
ótima semana!!!!!!!!! Beijos
Querida
Um abençoado março pra vc.
Antigamente as pessoas se esforçavam mais para ter as coisas e até nas conquistas amorosas.
Hoje estamos buscando facilidades.
bjokas =)
Estou seguindo atentamente mais esta sua história.
Já sabe que gosto da sua forma de escrever e da
capacidade de narrar acontecimentos.
Desejo que se encontre bem.
Bjs.
Irene Alves
Pior de tudo amiga, é que muitas pessoas se acovardam diante da primeira dificuldade. A maioria das pessoas, não sabem o que é lutar pra familia sobreviver!Pra conquistar um lugar ao sol!!
Amo tuas hiostórias!
Beijão amiga!
Mariangela
A vida dos pobres é sempre difícil mas alguns são mesmo avessos à sorte, ou vice versa...
Abraço do Zé
Enternece-me essa honra de gente humilde. Tendo dinheiro faz questão de pagar as dívidas. São poucos os que mantêm esse tipo de integridade. E se calhar, esses poucos continuam a ser os pobres?
Apesar de todas as agruras, a gente humilde se enaltece.
Elvira, vc escreve rápido demais, porém é um gosto ler a sua escrita.
Beijo*
Apesar das adversidades que a vida se lhe impõe, o Manel honra o nome e a calça que veste. Continuo gostando e aguardando.
Abraços,
Furtado.
Beijinho querida Elvira
elisaumarapariganormal.blogspot.pt
CONTINUO AQUI.
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
Desculpa a demora, estava longe no médico longe, vou operar os pés
Ninguém sabia o que a mulher tinha?
Beijos
Lua Singular
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