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25.2.16

MANEL DA LENHA - PARTE XV




O Manel e a mulher, na foto do casamento.

O povo diz que gente apaixonada, anda na horta e não vê as couves, e com o nosso herói assim era. Ele estava preocupado, esperava os documentos para o casamento, e tinha medo que em vez deles, viesse a policia para o prender. Ele não tinha  em seu poder, a caderneta militar que todos os mancebos recebiam quando passavam à reserva, uma vez que tinha desertado.
E por causa disso, os amigos diziam-lhe que ele não podia casar, era desertor. A policia era agora mais repressiva que nunca. Especialmente porque naquela altura se deu, a revolta da Mealhada. A revolta organizada por um grupo de oficiais milicianos a partir do Porto, que marcharam até à  Mealhada, onde foi detida, e os seus chefes presos.  Felizmente poucos dias depois os documentos chegaram, ninguém procurou por ele e Manuel aquietou os seus receios. 
 Novembro chegou e com ele o tão ansiado dia do casamento. A 9 de Novembro na igreja de Santa Cruz no Barreiro, o Padre Abílio Mendes casava o Manuel com a sua amada Gravelina.
Foi seu padrinho o seu irmão João, e a mulher com quem casara dois anos antes.
A partir desse dia, a mulher do Manuel, saiu do Seixal e passou a trabalhar na Seca da Azinheira, e o bote e os remos foram dispensados. Sem casa, ele vivia na malta dos homens e a mulher na das mulheres.
Apaixonado pelo futebol, não passou despercebido ao Manuel, a estreia em Famalicão a 24 desse mês dos “Cinco Violinos” um quinteto de jogadores do Sporting, que haveria de despertar a admiração de todos os aficionados do futebol.
Pouco depois do começo do novo ano, chegam as novidades à vida do Manuel. O seu amigo e agora cunhado, Varandas, casa-se e vai viver para o pátio da Quinta das Canas, mesmo à entrada da Seca da Azinheira. E a mulher do Manuel descobre que está prenhe.
No início de Março, a mulher do Manuel passou mal, ele pensou que ela ia abortar e foi grande o susto. 
Tudo começou numa noite em que a mulher jantou com ele na "malta" dos homens. O jantar era batatas com bacalhau, mas um outro casal comeu caldeirada de chocos. Gravelina sentiu desejos de comer a caldeirada, mas por vergonha não aceitou, apesar de lhe ter sido oferecida, pelo outro casal, por saberem que estava grávida. Porém já tarde da noite, na sua "malta" começou a passar mal, sentia uma vontade enorme de comer a caldeirada. O vigia foi chamar o marido que ficou em pânico. Porém o casal que comera a caldeirada, tinha guardado o caldo que sobrara para fazer no dia seguinte uma sopa, e deu ao Manuel uma chávena de caldo que a mulher bebeu sôfrega. E acalmou. 
Este facto porém, fez Manuel pensar que não queria a mulher longe dele até o bebé nascer, e que por isso a mulher não iria para a aldeia, para junto de Piedade como inicialmente tinham pensado.
 Ele quer que ela fique junto de si, mas de Março a Setembro, a Seca não tem trabalho a não ser para os que trabalham na manutenção. Logo a mulher não poderá ficar na "malta" das mulheres, que será fechada no fim da safra, e o que ele ganha, não dá para alugar uma casa.
O nosso Manuel foi falar com o Capitão, gerente da Seca, para tentar resolver o seu problema. Como ele trabalhava o ano inteiro e a mulher estava grávida, ele queria uma casa para viver com ela. O pior é que as casas estavam todas habitadas. Só estava vaga a barraca do Pinheiro Manso.

19 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Uma nova etapa na vida.
Vamos acompanhar

chica disse...

A situação estava difícil para esse novo casal.Sem casa, sem malta... Vamos ver! bjs, chica

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Estou a gostar do texto e vou continuara a acompanhar.
Um abraço e continuação de uma boa semana.

Isa Sá disse...

Acompanhado a história...

Isabel Sá
http://brilhos-da-moda.blogspot.pt

Blog da Gigi disse...

Abençoado dia!!!!!!!!!!!! Beijos

António Querido disse...

Para um Manel da lenha, (que era desertor),encontrou refúgio e uma rica lenha para se aquecer!
Com o meu abraço.

Portuguesinha disse...

Riqueza de pobre continua a ser pobre, ah?
Então ele ganhava um pouco mais e gastava tudo nos copos e nas mulheres. Mas não ganhava o suficiente para alugar uma casa?

Ganhava-se muito mal então. Porque ele trabalhava o ano inteiro e se mesmo assim não tinha dinheiro...

E as «meninas»? Se sobreviviam de expedientes a tipos pobretões... ainda mais miseráveis eram.

Era uma miséria, não?
Hoje é miséria por outro sentido. Rodeados de luxo mas sem emprego. Antigamente eram rodeados de miséria mas emprego tinham sempre.

Portuguesinha disse...

Correcção: tinham emprego quase sempre. Mas nunca podiam aspirar a evoluir da miséria em que nasceram.

Oh vida!

Portuguesinha disse...

Quem são as pessoas na foto?
Sinto que conta histórias que conheceu mas está a especificar ou ilustrar com pessoas específicas?

Edum@nes disse...

O Manel e a Gravelina,
juntaram os trapinhos
cada um na sua tarimba
não dormiam juntinhos!

Não tinha jeito,isso,
dois corações apaixonados
dormirem depois de casados
separados, isso era castigo?

Boa tarde amiga Elvira, um abraço,
Eduardo.

Rafeiro Perfumado disse...

Raios partam os desejos da gravidez, que até colocam o bebé em risco.

Catarina disse...

Muito obrigada pelas suas palavras :) adorei esta bela história, beijinhos :)

Mariangela l. Vieira - "Vida", o meu maior presente. disse...

Oi Elvira!
Que triste situação de tantas dificuldades para eles...
Mas vão vencer!
Um grande abraço!
Mariangela

Laura Santos disse...

Achei gira a referência aos "Cinco Violinos", e aos apetites de gravidez de Gravelina.
xx

Zilani Célia disse...

UM TEMPO DIFÍCIL NÉ AMIGA?

http://. zilanicelia.blogspotcom.br/

Unknown disse...

Um novo começo. Muito bom, como sempre, amiga.
Beijo*

Elisa disse...

Acompanhando! Um beijinho
elisaumarapariganormal.blogspot.pt

Rosemildo Sales Furtado disse...

Como toda roupa veste um nu, a barraca do Pinheiro Manso será um palacete.

Abraços,

Furtado.

Lua Singular disse...

Oi Elvira,
Qualquer barraco acolhe um grande amor
Beijos
Lua Singular