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6.2.23

CICATRIZES DA ALMA - PARTE XV


Anabela saiu da esquadra e encaminhou-se para a clínica de fisioterapia, onde trabalhara quase dois anos antes de ter vendido a casa que a “avó” Arminda lhe deixara por herança e ter decidido entregar-se apenas aos estudos.  Paula, a comadre, continuava trabalhando lá, bem como alguns dos fisioterapeutas que tinham sido seus companheiros de trabalho. Desde que se casara nunca mais lá passara, e tinha saudades, além de desejar falar com a amiga sobre a conversa com o inspetor, e o desejo de se candidatar a um hospital em Londres que a afastasse de Lisboa, dos possíveis encontros com os ex-sogros e de todo o sofrimento dos últimos tempos.

Sentiu um arrepio e levantou a gola do casaco. Embora o céu se apresentasse limpo, estava bastante frio, o que não era de admirar, pois o inverno aproximava-se a passos largos. Olhou à sua volta. Apesar de não serem horas de entrada, nem saída de empregos, toda a gente caminhava apressada, como se estivessem atrasadas para qualquer coisa. Pareciam formigas gigantes, pensou, lembrando-se dos carreiros de formigas, que tantas vezes observara na aldeia.

As grandes montras à sua frente, brilhavam de enfeites natalinos, recordando-lhe que faltava menos de um mês para o Natal. Parou em frente de uma montra de roupa infantil, adornada por um Pai Natal, sentado num pequeno coche, puxado por duas renas. Aquilo lembrou-a de quando em criança se espantava com os brinquedos que nunca teria, mas com que brincava, apenas em imaginação, parada em frente de uma montra natalícia.

Abanou a cabeça, tentando afastar tristes pensamentos e olhou o relógio. Faltavam poucos minutos para o meio-dia. Tinha de se apressar se queria apanhar a amiga antes da hora de almoço para poder dar-lhe conta dos últimos acontecimentos. Durante o expediente era impossível, a clínica estava sempre cheia.

Chegou ao edifício quando todos saíam. Paula era a empregada mais antiga, a primeira a entrar e a última a sair por ser aquela a quem o doutor Moreira dera a chave da clínica.

-Anabela! Meu Deus mulher, há quanto tempo não te via, - disse Luís envolvendo-a num forte abraço que quase lhe esmagava os ossos. Luís era um homem grandão, com uma enorme força e um abraço de urso, como diziam os colegas, enquanto ela esteve ali empregada. Parecia impossível, que toda a sua força fosse canalizada para um enorme talento no trabalho, fazendo com que a maioria dos doentes sempre pedissem para serem tratados por ele. Era o único fisioterapeuta do seu tempo, que ainda estava na clínica. Todos os outros tinham saído, uns emigraram, outros simplesmente mudaram de clínica, ou porque fossem ganhar mais, ou porque lhes ficava mais perto de casa.

- Bom, menina adorei ver-te, mas uma hora não é muito tempo para almoçar, como sabes – disse despedindo-se precisamente quando Paula saía fechando a porta à chave.

-Anabela, que surpresa! Não esperava encontrar-te aqui. Nem telefonaste. Anda vamos almoçar- disse pegando-lhe no braço depois de a abraçar. Mas conta-me, tens novidades? Já descobriram alguma coisa?

Tinham entrado no café-restaurante, onde de Inverno o pessoal da clínica e de outros empregos naquela rua, faziam as suas refeições. De verão, muitos levavam sandes ou saladas, que comiam no pequeno jardim que havia ali perto.


9 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Será que começa a alterar os planos??
Boa semana

Isa Sá disse...

A passar por cá para acompanhar a história e desejar uma ótima semana!
Isabel Sá
Brilhos da Moda

Tintinaine disse...

E a nossa artista apreciou aquele abraço apertado ou não?
Uma boa semana, com muita saúde!

chica disse...

Tão bom rever amigos e abraços de urso como esse do Luis...Quem sabe um "gancho"? rs beijos, ótima semana!chica

Maria João Brito de Sousa disse...

Ai, o que eu já perdi deste Cicatrizes da Alma!

Hoje não terei tempo para isso, mas penso poder arranjar um dia em que consiga recuar umas quatro semanas para recomeçar a leitura onde a deixei.

Um abraço, Elvira!

Cidália Ferreira disse...

Muito bem. Adorei o episódio!!
.
O Fascínio...
.
Beijos e uma excelente semana.

Janita disse...

Mais um capítulo lido e vamos ter paciência para saber que rumo Anabela vai dar à sua vida.

Um abraço e uma boa semana, lvira!

Ailime disse...

Boa tarde Elvira
Será que aquele abraço vai dar a reviravolta nesta interessante história?
Beijinhos e saúde.
Boa semana.
Ailime

teresadias disse...

O amor está no ar... A Anabela merece.
Beijo, espero que a Mariana esteja melhor.