Epílogo
Dois anos depois…
O Verão, dera lugar ao Outono, e este cobrira o planeta de belas
e quentes cores alaranjadas. As folhas das árvores formavam belos e fofos tapetes
coloridos ao redor das mesmas, nos parques e passeios. O tempo arrefecera, o sol
embora se mostrasse luminoso, já não aquecia como meses atrás. O inverno estava
cada vez mais próximo. Naquele dia, o primeiro de Dezembro, Laura encontrava-se
em casa de Gonçalo, com os filhos e sobrinha, esperando o irmão que tinha ido à
Maternidade, buscar a mulher e os gémeos que ela dera à luz três dias antes.
Na sala, Matilde e Sara conversavam baixinho, provavelmente
segredos de adolescentes, enquanto Miguel fazia desenhos completamente alheio
ao que elas pudessem dizer. O menino, agora com cinco anos, não mostrava grande
interesse por outras atividades ou brincadeiras, desde que tivesse à sua frente
um lápis e um qualquer papel branco. Fernando costumava dizer a brincar que ele
devia ter encarnado o espírito de um qualquer pintor famoso.
Laura encontrava-se sentada na cozinha. Na mão esquerda,
segurava uma chávena de chá de cidreira, que de vez em quando levava à boca,
enquanto a direita acariciava o ventre.
Nos seus belos olhos azuis, um olhar sonhador e misterioso, como se
guardasse um segredo, que mais ninguém conhecia.
Pensava nos dois anos passados, desde que saltara por cima do
medo que a atormentava e aceitara casar com Fernando. Dois anos em que a sua
vida dera uma volta de cento e oitenta graus.
Depois do casamento, ela e os filhos haviam-se mudado para a
casa nova que Fernando comprara. Ele não queria viver na casa dela, dizia que a
casa estava cheia de tristes recordações e isso não ajudava a mulher e os
filhos a largarem a bagagem emocional que carregavam. E como o seu
apartamento de solteiro não era o ideal para uma família, comprara uma bonita casa
a poucos quilómetros da cidade. Era uma vivenda grande, cercada por uma boa extensão
de terreno com um jardim na frente e algumas árvores de fruto nas traseiras.
Depois aconselhara-a a vender a sua antiga casa, na cidade e a depositar o dinheiro no
banco em nome dos filhos criando assim um fundo para os seus estudos universitários
Diana, a assistente do marido, terminada que fora a sua
baixa depois do nascimento do filho, regressara ao seu lugar na clinica e durante uns
meses, Laura dedicara-se apenas à vida doméstica. Pouco tempo, pois, no ano
letivo seguinte ela retomara a sua carreira de professora, na mesma escola que Sara frequentava a
poucos minutos de casa.
Olhando para trás, Laura sabia que tinham sido dois anos
muito felizes. Claro que ela não esquecera Quim, afinal fora o seu primeiro
amor, o pai dos seus filhos. Mas a sua lembrança já não lhe acarretava
sofrimento, nem medo, era apenas a doce recordação de um tempo da sua vida que
ficara no passado.
Ao longo daqueles dois anos, Fernando sempre fora um marido apaixonado
e um verdadeiro pai para os seus filhos, que o adoravam. Agora ela estava grávida, embora fosse um
segredo só dela por enquanto.
Laura esperava contar-lhe no Natal que se aproximava. Eles nunca tinham falado em filhos, o marido sabia
que ela tomava a pílula, talvez pensasse que não queria voltar a ser mãe e
contentara-se em ser pai dos filhos dela, mas em Agosto ela deixara a pilula,
não porque sentisse uma grande necessidade de voltar a ser mãe, mas era uma
mulher muito feliz e queria retribuir essa felicidade, dando ao marido como presente, a
alegria de um filho dele.
Naquele momento ouviu-se um carro estacionar à porta e ela
apressou-se a sair de casa seguida pelas crianças.
Gonçalo saiu do carro, deu-lhe a volta e ajudou a esposa a
sair, enquanto Laura abria a porta traseira e tirava os dois ovos, onde dormiam
os gémeos Rafael e Mariana, nascidos por cesariana três dias antes.
Matilde,
agora uma bela adolescente de quinze anos apressou-se a pegar no ovo onde dormia
Mariana, encantada com a bebé loira tão parecida consigo.
Já em casa,
Gonçalo ajudou a esposa a deitar-se na grande cama de casal, enquanto a irmã retirava os bebés dos ovos e os deitava num enorme berço, onde ficariam os dois no primeiro mês.
Depois passariam para o quarto ao lado, onde seriam separados e cada um
teria o seu próprio berço.
- Todos lá para fora
agora, - ordenou Laura. Os bebés devem dormir descansados e a mãe precisa repousar.
Matilde aproximou-se da
cama e disse:
-A madrinha telefonou a
dizer que vinham cá esta noite, para ver os bebés e falar contigo.
Depois baixou-se, deu
um beijo na mãe, de seguida beijou o pai e disse:
-Estou muito feliz com
os meus irmãozinhos. Obrigado aos dois por esta felicidade.
Depois de perguntar à cunhada se precisava de alguma coisa, Laura saiu do quarto com as crianças, no momento em que um novo carro parava junto da porta. Era Fernando que ficara em casa, numa videoconferência com outros psiquiatras estrangeiros.
Ela apressou-se a abrir-lhe a porta e abraçou-o com todo o amor que o seu coração era capaz de sentir.
FIM
10 comentários:
BOAS FÉRIAS
Um final em beleza!
Agora, se os olhos ajudarem, que venha outro conto para nos entreter!
Cuidado com o calor que vai bater forte! Lembro-me que não gostava nada deste calor, quando tinha que correr à volta da seca do bacalhau, pela Mata da Machada, etc., de arma na mão e as botas cheias de lodo!
Um excelente capitulo.
Um abraço e continuação de uma boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Mais um lindo conto que acaba e deixa vontade para o próximo.
Bom dia, Elvira
Lindo e doce caprichado epílogo para esse belo conto! Adorei acompanhar!
Boas férias e tudo de bom,chica
o AMOR é a arma mais poderosa que existe, grata por a fazer lembrar e acreditar que o universo é maravilhoso.
Boas férias
Boa tarde
Mais um lindo conto que acabou como quase sempre da melhor maneira que é uma das grandes prioridades da nossa grande escritora de contos .
JR
Boa tarde Elvira,
Um final lindo e feliz para este belo conto!
Desejo-lhe umas ótimas férias na bela cidade de Lagos.
Beijinhos e muita saúde.
Ailime
Muito bem. Um final feliz. Adorei :)
-
É assim, que esta vida tem jeito.
Beijos, boa tarde!
E chegou ao fim.
Mais um belo conto com um final feliz que é o que precisamos, porque para tristezas já basta a vida real.
Só hoje vim acabar de ler o conto mas valeu a pena a espera.
Bjs.
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