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4.7.22

MEDO DE AMAR - PARTE XXV

 






De todas as coisas que eu imaginei que me dissesses, ou pedisses, essa é a única que não posso dar-te. Ninguém tem a vida nas mãos e embora eu pense que vamos viver e envelhecer juntos, não tenho como qualquer outra pessoa qualquer garantia de que isso vá acontecer.

Todavia tal como eu tu também não podes prometer-me isso. O que pensas que me pode acontecer, pode acontecer-te a ti. Então pensa o seguinte. Tu sabes que amo os teus filhos como se fossem meus, não sabes? Então na pior das hipóteses, se de repente acontecesse alguma coisa contigo, o que seria dos teus filhos? Bem sei que o Gonçalo assumiria o cuidar deles. Mas o Gonçalo tem os seus próprios filhos e por muito que ame os sobrinhos nunca será o mesmo do que ficarem com um pai.  E tu sabes, porque me conheces desde que abriste os olhos para a vida que é isso que eu serei para eles. E sabes também que eles me adoram.

Então não tenhas medo do que pode ou não acontecer. Ambos estamos na mesma posição como aliás toda a gente. Ninguém sabe quando se deita e põe o relógio a despertar para o dia seguinte, se vai acordar e toda a gente o faz.  

Então pensa nisso e não proteles mais a data do nosso casamento. 

Calou-se, e durante alguns minutos o silêncio caiu sobre eles envolvendo-os como se fora um véu.

Fernando sentia o coração galopando no peito. Esperava ter sido suficientemente convincente para apagar o medo que Laura sentia.  Por fim a jovem rompeu o silêncio:

- De forma racional, eu sei que tens razão, todavia nem sempre sou uma mulher racional. Por mim, por ti, e pelas crianças, vamos adiante que precisam de um pai, vamos adiante. Casamos quando quiseres.

- Meu Deus Laura, - disse ele abraçando-a e beijando-lhe o rosto, os olhos, o pescoço, antes de se perder na sua boca num beijo intenso que a deixou trémula e sem fôlego. Depois disse:

-Por mim casávamos amanhã mesmo, mas sei que isso não é possível. Pensas que num mês, será possível tratar de tudo.

-Provavelmente sim, - respondeu ela. Desde que consigamos convencer um padre.

-Deixa comigo, - disse perdendo-se de novo em carícias cada vez mais escaldantes. A Sara não está, o Miguel costuma acordar de noite? – perguntou.

-Não. Vem - respondeu ela levantando-se e estendendo-lhe a mão arrastou-o para o quarto de hóspedes.

Um mês depois casavam-se na igreja de Arroios, com a presença da família e amigos. Enquanto esperava a noiva no altar, Fernando dava livre curso ao seu nervosismo. Ainda lhe parecia um sonho que finalmente conseguisse o realizar o sonho de toda a vida.

Finalmente após uma curta espera, que lhe parecera uma eternidade, Helena, a cunhada entrou na igreja, com a amiga Rita. Ambas tomaram lugar junto dos respetivos maridos no altar, pois iriam apadrinhar os noivos. Atrás a mãe da noiva, trazia nos braços o pequeno Martim, que Rita dera à luz vinte dias antes. Seguiam-na os netos e logo atrás a noiva pelo braço do pai. Só quando ela chegou junto dele, Fernando respirou fundo e sentiu que o coração acalmava.

A cerimónia foi rápida, mas muito emotiva. Depois dos cumprimentos e fotos habituais todos seguiram para o restaurante onde iria decorrer a festa.

Laura irradiava felicidade e ninguém diria que um mês antes vivia atormentada pelo medo de sofrer a perda de Fernando como tinha perdido Quim.

Mais tarde, os noivos despediram-se de Gonçalo e Lena que iam ficar com os sobrinhos durante a lua de mel e escapuliram-se sem se despedirem de mais ninguém por medo da birra que Miguel poderia fazer se os visse sair.

Laura não quisera ir de viagem. Ela estava muito apegada aos filhos e não queria afastar-se muito. Uma coisa era uma semana passada em Santarém, onde ela estava a poucos quilómetros da casa, e podia estar descansada sabendo que se algum problema acontecesse em pouco tempo estaria junto deles, outra diferente era ir para o México, ou Cuba como Fernando tinha sugerido.

 

9 comentários:

Pedro Coimbra disse...

A moça é demasiado cerebral, muito pouco emotiva.
Boa semana

Tintinaine disse...

Bom dia!
Junho foi frio e Julho veio com chuva! Que mais nos poderá acontecer?
Pelo menos na novela tudo corre bem, o Quim vai poder descansar, finalmente!

chica disse...

Que bom que finalmente o casamento aconteceu.Era inevitável. Esperamos tudo continue bem! beijos, linda semana! chica

Joaquim Rosario disse...

Boa tarde
Pensei que já houvesse final, mas afinal , há que esperar.

JR

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Gostei deste capitulo.
Um abraço e tenha um boa semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados

Cidália Ferreira disse...

Muito bom!! Obrigada pelo episodio!!
-
Obstáculos do caminho...

Beijos e uma excelente semana.

noname disse...

Tába-se mesmo a ber que a rapariguinha haveria de quebrar o medo e correr para a vida eheheheh

Beijinhos, Elvira

Teresa Isabel Silva disse...

Vou esperar pelos novos desenvolvimentos!

Bjxxx
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Ailime disse...

Boa noite Elvira,
Aconteceu finalmente o casamento e agora só esperamos que Laura vá perdendo os seus medos.
Beijinhos e boa semana,com saúde.
Ailime