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1.7.22

MEDO DE AMAR - PARTE XXIV







Depois de uma risada geral, Gonçalo disse:

- Maninha, gostei muito do jantar, mas tu estás no teu lar e nós não. Está na hora de recuperar a minha mulher e regressar a casa. E outra coisa, a Matilde pergunta se a prima pode ir dormir lá em casa. Parece que elas não se cansam de estar juntas.

- Claro que pode, mas por favor vê se a trazes a seguir ao almoço. Precisa de estudar e também de brincar com o irmão. Ele sente a falta dela.

Despediram-se e pouco depois os quatro partiam.

- Enfim sós, - disse Fernando abraçando-a e beijando-o. Meu Deus não me canso de te beijar. Vamos para a sala? Pareceu-me perceber que a conversa que as duas tinham era importante. Não quero saber os vossos segredos, mas parecias perturbada e quero saber se alguma coisa te preocupa. Amo-te, o sonho de toda a minha vida é casar contigo, mas apesar de retribuíres os meus carinhos, sinto que não te entregas como uma mulher apaixonada.

Levara-a para a sala, onde se sentaram os dois no sofá.

-Que se passa? Não consegues esquecer o Quim? Ou sou eu que não consigo despertar o teu amor. Porque eu sei que me desejas como eu te desejo. Seria parvo se não o sentisse. A química entre nós é muito forte. Mas desejo não é amor, nem é apenas o teu corpo que desejo. Eu só ficarei feliz se me entregares o teu coração a tua alma, porque a minha sempre foi tua. Queres falar?

- Tens razão. Vivi muito tempo presa às recordações do Quim e sempre pensei que nunca mais me interessaria por outro homem. Pensava que se o fizesse estrava a atraiçoar a sua memória. Todavia o teu amor, a tua persistência, o carinho com que tratas os meus filhos, conquistou o meu coração, e os teus beijos, as tuas carícias despertaram os meus sentidos, o meu corpo deseja mais, mas o meu medo é maior que o meu desejo, e os meus sentimentos.

- Medo? – perguntou Fernando incrédulo. Se ela lhe tivesse dito que via o falecido cada vez que se beijavam, não teria ficado tão surpreendido.  Sabia que para a conquistar, teria que lutar contra a recordação do seu primeiro marido, e receava-o. Temia que a recordação de Quim se instalasse entre ambos, como um fantasma, mas medo?

- E do que tens medo, querida? De que defraude as tuas espectativas e não te faça feliz? De que te seja infiel? Acaso não sabes que te amo desde que te vi a primeira vez, quando a tua mãe regressou da maternidade e te apresentou a mim e ao Gonçalo. Tu dormias serenamente, as faces rosadas competindo como a cor da mantinha que te envolvia.

 Eras o bebé mais bonito que eu vira na minha curta vida. Perguntámos se te podíamos acariciar e quando a tua mãe disse que sim, eu beijei-te, tu abriste os olhitos e eu acreditei que o meu beijo te tinha acordado, tal como o beijo do príncipe acordou a bela adormecida. E que um dia casarias comigo tal como na história.

 Depois tal como nós fomos crescendo assim o meu amor por ti se foi intensificando. Quando terminaste o secundário, o Gonçalo perguntou-me porque não te dava conta dos meus sentimentos, mas eu pensava que tu eras minha jovem, e que talvez não estivesses preparada para a intensidade do meu amor. Decidi esperar até que terminasses a Universidade e toda a vida me tenho arrependido disso. Porque então apareceu o Quim…

-Meu Deus, Fernando. Eu desconhecia por completo esse sentimento e tens razão eu não teria entendido, se me tivesses contado. Para mim eras um irmão, como o Gonçalo, apesar de não termos o mesmo sangue. Foram precisos doze anos de afastamento e uma vida pelo meio, para que hoje te ame como uma mulher deve amar um homem que deseja para companheiro de uma vida. O meu medo, é de te perder. De te acontecer alguma coisa e eu sei que não conseguiria passar pelo mesmo sofrimento que passei há três anos. Desta vez, eu sei que endoideceria.

 

7 comentários:

Pedro Coimbra disse...

Caíram as defesas todas dos dois lados.
Bfds

Tintinaine disse...

Bonito!
Só faltou a palavra "FIM".
Ou será que vai haver alguma reviravolta?
Que seja um grande mês de Julho o que agora começa! Pelo menos em horas de sol é o maior do ano!

Francisco Manuel Carrajola Oliveira disse...

Gostei deste excelente capitulo.
Um abraço e bom fim-de-semana.

Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros

Maria João Brito de Sousa disse...

A palavra FIM não faz aqui falta nenhuma. Sobretudo porque não me parece que a história fique por aqui, mesmo sem reviravolta. Claro que posso estar enganada, mas...

Saúde e um forte abraço, Elvira!

chica disse...

Que bom enfim esclarecido o MEDO! Vamos seguindo! beijos, ótimo fds! chica

noname disse...

A coisa está a ajeitar-se :)

Bom fim de semana, Elvira

Ailime disse...

Boa noite Elvira,
Até que enfim que Laura deixou falar o coração.
Não tarda e teremos casamento.
Beijinhos e saúde.
Ailime